Professores se reinventam para encantar alunos e se readequar à nova realidade de ensino

No segmento educacional, diversas transformações tecnológicas foram incorporadas para melhorar a forma de transmitir conhecimento. Devido a pandemia, o ensino à distância e as aulas on-line são os métodos mais difundidos atualmente e, por este motivo, os professores precisaram se adaptar. Não é só de longas explicações, lousa e apresentações que vivem estes profissionais, sejam de escolas regulares, técnicas ou de idiomas. Assim, para manter e incentivar o aprendizado, os educadores contam com o carisma e traçam estratégias capazes de atrair a atenção de alunos de diferentes faixas etárias, visando minimizar a dificuldade de concentração nas atividades. Para celebrar o Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, separamos cases de profissionais que pensam fora da caixa e fazem a diferença.

IDEIAS CRIATIVAS DE PROFESSORES

O desafio de Paloma Araújo, instrutora na Rede YES! Idiomas, foi ensinar as lições de inglês e manter a atenção de crianças que têm entre quatro e seis anos de idade. Graduada em Artes Cênicas, Paloma aproveitou essa bagagem e não hesitou. Gravou as vídeo aulas com uma pitada a mais de irreverência, usando maquiagem colorida, penteados diferentes e muitos brinquedos na sala de aula. Deu tão certo, que os pequenos passaram a participar ainda mais ativamente das lições, encantados que ficaram com a “teacher”. O modelo de aulas online montado pela YES! Idiomas tem aulas ao vivo, onde os estudantes interagem por videoconferência com professores e colegas de turma. Na plataforma da YES!, o aluno também tem acesso às aulas gravadas nos estúdios montados pela empresa, com todo o conteúdo programático. Uma chance de assistir às lições inúmeras vezes, para revisar e reforçar o aprendizado.

Nathalie Lopes, teacher da Minds Idiomas, em São Paulo, está há 11 anos na empresa. Ou seja, desde a criação da rede. Ela tem tanto orgulho da marca que tatuou no braço o Bloog, robô da Minds. Sempre deu aulas para crianças e adultos, mas com certeza na pandemia de 2020 foi o momento mais desafiador. Foi neste momento que ela teve a ideia de promover concursos entre as crianças e os adolescentes, para que pudessem experienciar o inglês dentro da própria casa. O primeiro concurso foi o de moda, em que os pequenos tinham que se vestir de uma maneira inovadora e descrever, em inglês, as roupas e acessórios. O segundo foi musical, em que os estudantes deveriam fazer os seus próprios instrumentos musicais com materiais recicláveis. Teve de tudo: reco reco, pandeiro, bandolim e no final todos tocaram os instrumentos e cantaram em inglês. Esses concursos promoveram uma competição saudável entre eles e todos aprenderam brincando.

Para manter o engajamento dos alunos mais jovens, a unidade de São Bernardo do Campo da Maple Bear, rede de ensino bilíngue com metodologia canadense, inovou e criou uma atividade que envolve captura de movimentos e inteligência artificial. A iniciativa ocorre dentro da Digital Learning Community, comunidade online de ensino. O objetivo da nova atividade interativa foi prender a atenção de crianças de 18 meses a 5 anos e estimular a atividade física em casa. Foi então que professora, Amanda Batistucci sugeriu ter um personagem conhecido fazendo movimentos para que as crianças ficassem estimuladas a segui-lo e assim praticar um pouco de atividade física de maneira lúdica. A ideia foi colocada em prática com o uso de inteligência artificial. A professora faz os movimentos e um monstrinho de uma animação a segue na tela do computador. Com este elemento lúdico, foi possível aumentar o nível de atenção das crianças, especialmente dos primeiros anos do ensino Infantil, que apresentam relativamente menor tempo de concentração. Para tornar a atividade possível, foi utilizada uma rede neural (PoseNet) com uma camada de abstração web. Essa tecnologia permite a captura de vídeo do professor pela webcam do notebook, e projeta sobre seu corpo a animação do personagem. Além da prática física, também foram abordados conteúdos linguísticos e uso de vocabulário no contexto de movimento.

Weber Furtado Fontana, de 37 anos, é professor de Desenvolvimento pessoal do CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos). Ele tem 11 anos na docência e desde 2014 atua no CEBRAC de Vila Velha. No Espírito Santo, há muita oportunidade para quem faz os cursos de administração e logística. Mas, além das vagas nas empresas, o professor incentiva os alunos a empreender. Nessa pandemia, uma das aulas mais inovadoras foi com dicas sobre como usar os conhecimentos do curso para pagar a mensalidade e ter renda. Dessa aula, duas alunas se destacaram. Rosenir, estudante de 30 anos, fez sozinha o plano de negócio e hoje comercializa comidas fitness. Já a aluna Miriam, está começando o seu próprio negócio no ramo da beleza. Ambas mulheres, empreendedoras e que atuaram como protagonistas da vida profissional por meio do conhecimento adquirido nas aulas de administração. Neste caso, o mais inovador é aproximar a teoria da prática. Quando esses estudantes se enxergam capazes de colocar a mão na massa e verem os próprios resultados, se motivam e tornam as aulas ainda melhores.

“Não há limites para que os alunos percebam que o idioma é parte do cotidiano”. Esse é o entendimento de Paulo Belon, que ensina inglês a jovens de 15 a 35 anos na IP School, uma rede de franquias que tem na programação neurolinguística e nas aulas particulares o diferencial metodológico. Seguindo seu lema, Belon costuma levar às aulas videogame, que os alunos adoram, e também acompanhá-los aos treinos na academia; atividades ao ar livre, em parques, e até às compras. Como ele tem liberdade para criar a programação das aulas e entender as necessidades dos alunos, desenha um plano personalizado. Parlo acredita que ser fluente é falar o que quer, na hora que deseja – e é essa liberdade que ensina aos alunos, por meio do humor, da memória e do ‘burn the book”, no bom sentido, claro. A IP School tem cinco unidades em São Paulo, sendo quatro delas na capital e uma em Guarulhos.

Fábio Affonso sempre foi tímido, mesmo quando começou a lecionar, aos 18 anos de idade, na cidade de Limeira, em São Paulo. Atualmente, aos 40 anos, estranha ter virado uma celebridade entre alunos de sua rede de franquias de ensino profissionalizante. Acha engraçado quando o reconhecem e pedem para tirar selfies. O motivo da “fama” é a exposição de Affonso como mentor do programa Coaching Max, que ele criou e apresenta para todas as 38 escolas da rede MicroPro Desenvolvimento Profissional e Comportamental. Há dois anos, ele viu uma pesquisa que dizia que os jovens que conseguem emprego não o mantêm por problemas comportamentais. Então, criou um programa de capacitação para que eles se desenvolvam. E está dando certo: as aulas têm 100% de adesão e geram lives com a presença de Affonso nas escolas, com engajamento recorde.

Com apenas 20 anos, o professor Felipe Ferreira Luccas, se destaca no Instituto Gourmet, rede de ensino profissionalizante em gastronomia. Há um ano e seis meses lecionando na unidade de Nilópolis, no Rio de Janeiro, ele descobriu uma forma diferente de manter os alunos empenhados em aprender. Um certo dia, apagou as luzes da sala e desafiou os alunos para que concluíssem a aula com esse imprevisto. Felipe percebeu que houve muito mais empenho dos alunos durante a tarefa e desde então passou a realizar formas de tirá-los da zona do conforto de diversas maneiras. Ele comenta que às vezes há uma encomenda e a luz acaba, então é preciso saber como lidar com isso de maneira racional. Para o professor, para ensinar é preciso ter criatividade. Durante as aulas, além de atividades diferenciadas, o professor gosta de oscilar o tom de voz para manter a mente de todos atende ao que ele está ensinando.

Na Enjoy Inglês Profissionalizante, um dos alunos não conseguia acompanhar e se desenvolver bem no inglês. Após algumas aulas, os professores ficaram muito curiosos em entender o motivo do aluno ter tanta dificuldade. O motivo logo foi descoberto, ele não sabia ler e nem escrever, realidade que o garoto soube esconder muito bem e que aparentava ser um costume antigo. A escola fez uma reunião pedagógica com os familiares confirmando o caso. Após, tomaram a decisão de que os próprios professores ensinariam o inglês para o aluno e, utilizando-se do idioma, fariam com que ele aprendesse a ler e escrever na Língua Portuguesa também. A ação foi dividida entre três professores, dois de inglês e um de português, que aproveitou os conteúdos para fazer o intensivo de Língua Portuguesa. Após um ano e meio de curso, o jovem infelizmente teve que mudar de estado e não conseguiu concluir as aulas, mas já havia desenvolvido a escrita e leitura na Língua Portuguesa. O garoto ficou tão satisfeito com o resultado que prometeu continuar estudando e se formar em pedagogia.

É cantando músicas que a professora Ana Gagliardo ensina literatura para os alunos da Luminova. Ela teve a ideia de criar um vídeo com a música “dez por cento”, da dupla sertaneja Maiara e Maraísa, explicando como a literatura está presente em músicas populares e mostrou que a canção pode ser considerada um exemplo de cantiga de amigo, do Trovadorismo, movimento literário da Idade Média, em que a mulher lamenta a ausência de seu amado. O vídeo surgiu da necessidade de criar aulas mais inovadoras, para conectar o aluno ao conteúdo e deixar claro como a literatura está é algo simples de se entender e que faz sentido, quando observamos com um pouco mais de atenção. Ana tem 39 anos, formou-se em Letras aos 23 e dá aulas de literatura na escola Luminova, um braço do Grupo SEB, que tem por objetivo democratizar o acesso à educação de qualidade e promover o crescimento humano e ascensão social. A rede investe em ferramentas como aplicativos, músicas, vídeos e jogos, que tiram o aluno do lugar passivo e o colocam no centro da aprendizagem. A professora se sente muito confortável em criar e produzir aulas que sejam instigadoras e divertidas, porque acredita que quando aprendizado é feito dessa forma é muito mais prazeroso.