Receitas recorrentes dão fôlego a empresários em meio à pandemia

Diante da pandemia, negócios com fluxo constante de receita são alento para empreendedores e trabalhadores

Apesar dos desafios econômicos no Brasil em meio à pandemia, tem empreendedores que podem permanecer relativamente tranquilas, uma vez que seus negócios mantêm um fluxo de receitas recorrentes que lhes garanta fôlego. Isso porque os contratos preveem que os clientes façam pagamentos periódicos – normalmente mensais – em troca da prestação de serviços. Ou seja, a entrada de receita para o pagamento das despesas fixas independe da realização de novas vendas. Desta forma, a empresa consegue manter um fluxo de caixa saudável, além de reduzir os custos relacionados a vendas e ganhar previsibilidade.

Outra vantagem é que a inadimplência tende a ser menor do que em outros formatos de pagamento, uma vez que o cliente já reserva determinada quantia para o pagamento recorrente. Caso a quitação seja efetuada via cartão de crédito, a inadimplência torna-se ainda menor, já que o pagamento é realizado de forma automática.

OrthoDontic: sorriso justificável

Em um dos setores menos atingidos pela pandemia em 2020, o de saúde, marcas como a OrthoDontic – maior rede de franquias especializada em ortodontia do País – garante aos franqueados uma receita recorrente significativa mesmo no caso de as portas precisarem ser fechadas temporariamente. A justificativa é simples: os tratamentos se estendem por até três anos, em média, e não se recomenda que sejam interrompidos.

“De forma geral, os negócios de odontologia pouco foram afetados pela pandemia. E a explicação é que os tratamentos dentários estão relacionados diretamente à saúde e ao bem-estar”, comenta José Fugice, CEO da Goakira Consultoria e Gestão de Rede de Negócios. “Em muitos casos, os pacientes já estavam em um longo processo de tratamento e não podiam paralisar”.

Exatamente por isso, os franqueados de OrthoDontic tiveram motivos para sorrir, mesmo em meio à pandemia. Apesar da crise generalizada, a rede chegou a registrar – por meses consecutivos no segundo semestre de 2020, os maiores faturamentos de sua história de 18 anos desde a fundação, em 2002. Em julho de 2020, o montante foi de R$ 26,155 milhões, em agosto foi R$ 26,540 milhões e setembro (R$ 26.870 milhões). A empresa fechou o ano de 2020 com um faturamento de R$ 294,6 milhões (aumento de 7% em relação a 2019). Segundo dados divulgado pela Associação Brasileira de Franchisng no início de março desse ano, o setor de Saúde, Beleza e Bem-Estar registrou desempenho positivo, de 5,4% no 4º tri e de 3,1% no ano. Comparado com o mesmo setor de 2019O segmento foi beneficiado pelo fato de haver uma demanda ainda reprimida, pela decisão de parte dos pacientes em aproveitar a quarentena para realizar procedimentos mais invasivos, a acentuação do desejo de bem-estar mesmo em um contexto tão delicado e o redirecionamento de recursos que seriam utilizados para outros fins, como viagens e outras atividades sociais restritas nesse período. A oportunidade para investir é para dentistas e empreendedores de outras áreas.

Mais Top Estética: bem na foto

A ideia de garantir um fluxo de receitas independente de novas vendas, como se dá em serviços e produtos como assinaturas de revistas, planos de telefone, TV a cabo ou plataformas de streaming (como Netflix), é extremamente sedutora para qualquer empresário. E uma das razões que levaram a rede de beleza, saúde e bem-estar Mais Top Estética a não sentir a crise que atingiu a economia em 2020 foi a criação de um pacote de sessões de tratamento estético baseado nesta premissa.

Assim como os assinantes de TV por streaming pagam um preço fixo para acessar os conteúdos durante todo o mês, com um valor de R$ 290 mensais os clientes da Mais Top têm direito a realizar até três tratamentos ao mesmo tempo nas unidades da rede. “Cerca 95% do faturamento veio dessa ideia de Netflix da beleza”, explica o CEO da marca, Caio Rodrigues. “Os tratamentos duram no mínimo três meses. Uma depilação masculina completa precisa de pelo menos 10 sessões.”

Com a estratégia, alinhada a uma forte presença digital, 91,4% das unidades encerraram dezembro de 2020 com lucro e apenas 8,6% precisaram utilizar cerca de 20% do capital de giro solicitado para os respectivos modelos de negócio. Nenhuma franquia foi fechada por performance inferior ao projetado no ano.

A marca fechou o ano passado com faturamento de R$ 12 milhões e um total de 195 franquias – 46 delas em operação e outras 149 em processo de implantação. Para 2021, a rede projeta um faturamento de R$ 100 milhões, com um total de 674 unidades comercializadas e pelo menos 432 em funcionamento até dezembro.