Pais e filhos que trabalham juntos nos próprios negócios

Não se mistura família e negócios – é no que muitas pessoas acreditam. No entanto, às vezes, a convivência em casa é tão harmoniosa e produtiva, que não são raros os casos de pais e filhos que estendem a relação pessoal e optam por dividir também conquistas e lutas na área profissional.

Existem aqueles que resolveram montar o próprio negócio com o pai ou os que preferem ingressar na empresa da família. Levando em consideração que no último domingo, 12, foi celebrado o Dia dos Pais, conheça algumas histórias de pais e filhos que decidiram compartilhar muito mais do que o sobrenome.

Rubens Augusto Júnior, Rafael Augusto e Patrícia Augusto (Patroni)

Em 1984, Rubens Augusto Júnior decidiu ajudar o pai que estava com depressão. Aos 50 anos, o patrono não conseguia se recolocar no mercado de trabalho, o que lhe causou uma profunda tristeza. Para ajudá-lo a superar esse período, em pleno período de crise econômica e inflação nas alturas, o filho do empreendedor alugou um sobrado e abriu uma pizzaria no bairro do Paraíso, em São Paulo.

Com o falecimento do pai em 1997, Júnior assumiu os negócios. Atualmente a pizzaria é uma rede de franquias com mais de 210 unidades em todo o país. Ao reconhecer o interesse de seus filhos em trabalhar na empresa, não pensou duas vezes em ajudá-los, mas optou por inseri-los de uma maneira “sábia”: lavando pratos. “Vocês, como filhos do dono, devem dar o exemplo e trabalhar até mais do que os outros funcionários”, afirma. A filha mais velha trabalha na área jurídica e o do meio, no marketing da empresa.

João José de Azevedo e João Leno (ArtCoco)

O fundador da ArtCoco, rede que comercializa joias e semijoias, João José de Azevedo, conhecido como Coco, também se junta a esse grupo de pais e filhos que dividem muito mais que o sobrenome. Ele e João Leno, seu único filho, compartilham o dia a dia dos negócios e as decisões mais complexas são tomadas em harmonia pelos dois.

João Leno, que cresceu correndo pelas instalações da empresa, hoje é um dos diretores de expansão da rede. Criada em 1978, em Ilhéus, na Bahia, a ArtCoco possui 12 unidades no estado e tem o objetivo de expandir nas demais regiões do Brasil e abrir 25 franquias até 2019. “Umas das minhas grandes motivações para trabalhar é pensar no bem-estar da minha família. Para chegar até aqui, trilhei um caminho de muita resiliência, mas ter a certeza que o meu legado terá continuidade e contar com a ajuda e o esforço do meu filho para essa nova fase da empresa é muito gratificante”, explica Coco.

Edson, Illana, Sylvia e Larissa Ramuth (Emagrecentro)

O médico e fundador da Emagrecentro, Edson Ramuth, também gosta de ter os filhos por perto. Pai de quatro meninas, ele sempre incentivou as herdeiras a trabalharem junto com ele na empresa, fundada em 1986 e com 110 unidades em todo o país.

A filha mais velha, Illana Ramuth, formada em Direito e Administração de Empresas, ocupa o cargo de diretora dos departamentos jurídico, administrativo e está há dez anos na empresa. Sylvia Ramuth, que fez medicina inspirada no pai, atua há um ano como gerente de treinamento dos biomédicos e dos novos tratamentos estéticos da rede. Além delas, Larissa Ramuth, que estuda Administração e Marketing nos Estados Unidos, cuida das redes sociais da marca. “Acredito muito do sucesso dos negócios em família, mas para isso é preciso saber separar as relações profissionais e pessoais”, afirma o empresário e fundador da Emagrecentro, Edson Ramuth.

Expedito, Bruno e Mariana Arena (Casa do Construtor)

A rede de franquias especializada em locação de equipamentos, Casa do Construtor, possui 25 anos e se fortaleceu no mercado de franchising através de muitos braços familiares. Expedito Arena, sócio fundador da rede, tem o prazer de falar que participou ativamente da formação profissional de seus dois filhos: Bruno e Mariana Arena. “O Bruno começou bem cedo e logo atrás veio Mariana, que começou executando trabalhos como de office-boy, pagamentos bancários, entre outras atividades administrativas”, explica Arena.

Segundo Bruno Arena, após anos de amadurecimento, ele e o pai conseguiram equilibrar a relação fora do ambiente de trabalho. “Eu não me reporto diretamente ao meu pai desde os 21 anos, hoje tenho 36. Possuo um superior a quem devo me reportar e, quando estamos em casa, evitamos falar de trabalho. Dedicamos esse tempo a nossa relação familiar”, diz.

Django e Douglas Travassos (CEBRAC)

Após uma carreira de mais de 20 anos no mercado financeiro, Django Travassos decidiu deixar essa área e se dedicar à educação, algo que sempre quis fazer. Para realizar esse sonho, investiu no CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos), rede de ensino profissionalizante. Hoje com três unidades, em Ceilândia, Samambaia e Planaltina (Distrito Federal), ele tem como sócio seu filho. Douglas Travassos começou a trabalhar com o seu pai aos 21 anos, como professor na primeira unidade que conquistaram, e hoje é gestor da segunda unidade. Quando perguntado como é a rotina do trabalho com seu filho, Django afirma: “A relação pai e filho é diferente do momento de trabalho. Sempre haverá cobranças, metas, expectativas por resultados. Nós conversamos o dia todo, tenho um orgulho gigantesco do meu filho, que aos 25 anos já está gerindo uma franquia. Ele tem liberdade para planejar, idealiza os projetos e eu aprovo. Sempre pensamos em conjunto”.

José Carlos Semenzato e Bruno e Beatriz Semenzato (SMZTO)

Bruno e Beatriz Semenzato, trabalham com o pai, José Carlos Semenzato, na SMZTO Holding de Franquias, empresa que ele fundou. Bruno cuida da área que faz a prospecção de novos negócios para a holding e Beatriz é gerente de marketing. A holding é responsável pela expansão de 11 marcas, entre as quais se encontram franquias renomadas, como OdontoCompany, Instituto Embelleze, Espaçolaser, entre outras.

A entrada da segunda geração na holding contribuiu também para uma mudança na forma de trabalho – a SMZTO tem adotado ações de gestão que se aproximam do modelo das startups, com uma maior colaboração e descentralização, além de um contato mais assertivo e direto com os franqueados. Em algumas das marcas, foram criados grupos de transformação com alguns franqueados para discutir as estratégias e ações dos franqueados e da franqueadora baseadas nas atividades-chave de cada marca.