Uma recuperação gradual começa a se desenhar de forma mais nítida no horizonte do mercado de franquias brasileiro. De acordo com um estudo da ABF – Associação Brasileira de Franchising e da empresa de pesquisas AGP, o setor registrou, pelo segundo mês consecutivo, uma redução nas perdas de faturamento. Em junho, a queda média no faturamento das franquias foi de 30,1%, significativamente menor do que os 41% em maio e 48,2% em abril. A reabertura gradual da economia em alguns estados, a elevação das unidades em operação e o maior desenvolvimento de outras canais de venda a partir do digital são as principais causas desta recuperação.
Em junho, assim como na pesquisa anterior, os segmentos de Entretenimento e Lazer, e Hotelaria e Turismo continuam a ser os mais afetados, enquanto Saúde, Beleza e Bem-Estar, Serviços e Outros Negócios, e Serviços Educacionais apresentaram quedas menores de, respectivamente, 1%, 7% e 23%. Assim como em outros mercados e na economia de forma geral, os estudos da ABF/AGP indicam que essa trajetória tende a se manter nos próximos meses.
“Embora ainda muito desafiador, o cenário do setor começou a apresentar alguns fatores positivos. Várias cidades começaram programas de reativação econômica gradual e relaxamento do distanciamento social, com destaque para a reabertura, ainda que parcial, dos shoppings e do comércio de rua. Além disso, as redes tiveram mais tempo para desenhar e implementar seus planos de contingência, principalmente diferentes formas de venda a distância e promoções. Por fim, ainda que de forma insuficiente, algumas linhas de crédito começaram a chegar às pequenas e médias empresas e o impacto das políticas de renda emergencial foi sentido. Acreditamos que as bases para um segundo semestre melhor estão lançadas, mas será necessário ainda muito trabalho e coordenação do setor e das autoridades para consolidar um ambiente de maior confiança para o consumidor retomar seus hábitos e, consequentemente, dar mais fôlego aos negócios na ponta”, explica André Friedheim, presidente da ABF.
O estudo ABF/AGP apontou também que 12% das unidades de franquia estiveram fechadas temporariamente em junho, queda de seis pontos percentuais em relação a maio. A taxa de encerramentos definitivos chegou a 0,8% e a de repasse a 0,2%.
“A diminuição da taxa de unidades fechadas temporariamente mostra o esforço do setor em se adaptar à nova situação. Isso é muito importante para perpetuar pequenos negócios e empregos em todo o País. De outro lado, o aumento dos encerramentos definitivos reflete a profundidade e duração desta crise. Infelizmente, muitos negócios não conseguiram resistir, principalmente pela dificuldade de caixa, mas é bom notar que entre as franquias esse movimento é muito inferior aos negócios isolados, dado o apoio e o compartilhamento de recursos e experiências inerentes ao franchising. Nesse sentido, continua fundamental a necessidade de que o crédito em condições especiais chegue com agilidade aos pequenos e médios empresários”, disse o presidente da ABF.
A pesquisa ABF/AGP de junho trouxe ainda um dado novo: a expectativa das redes para a retomada dos níveis de faturamento pré-COVID-19. Um volume considerável, 42,7%, espera que isso ocorra ainda em 2020, enquanto a expectativa de 31,4% das redes é que isso aconteça no 1º trimestre de 2021 e 14,8%, no 2º trimestre do mesmo ano.
“Nosso estudo identificou também que essa expectativa varia muito dentro dos segmentos. Por exemplo, Alimentação, Moda e Serviços Educacionais têm uma expectativa de retorno aos níveis pré-COVID-19 mais dilatada. Enquanto Serviços e Outros Negócios já espera uma recuperação mais forte no começo do segundo semestre. Até áreas muito afetadas como Turismo e Lazer começaram a ter perspectivas futuras melhores uma vez que os consumidores têm buscado mais viagens de carro e/ou de pequena duração e se começou a discutir o retorno dos cinemas e outras atividades em pequenos grupos e com restrições”, afirma André Friedheim.