Ex-atletas criam rede de alimentação saudável e faturam R$ 20 milhões

Greenjoy cresceu 70% durante a pandemia e estima abrir sete unidades em 2022

Disciplina, foco e resiliência foram as lições que os sócios Marcos Rodriguez, Fernando Lemos e Thomas Takemoto trouxeram de suas carreiras no esporte para a vida empreendedora. O ex-lutador de MMA, o ex-jogador de futebol e o ex-tenista se uniram para criar um restaurante que entregasse saúde, sabor e praticidade. Criada em 2009, a Greenjoy – rede fast-casual de alimentação saudável – encerrou 2021 com faturamento de R$ 20,5 milhões.

Com três unidades abertas em São Paulo, a Greenjoy aliou-se à SMZTO, fundo de private equity especializado em franquias, para impulsionar sua expansão em território nacional. Atualmente a marca mantém cinco unidades em implantação – três em São Paulo (Moema, Al Santos e Tatuapé), uma em Campinas e uma no Rio de Janeiro – e tem como meta abrir sete lojas em 2022.

Carreiras abreviadas por lesões

Aos 15 anos de idade, Marcos Rodriguez começou a treinar Taekwondo e não parou até se tornar faixa-preta, disputando e vencendo vários campeonatos juvenis. Aos 19, ingressou no MMA e tornou-se lutador profissional. Mas, além de vários títulos, acabou acumulando uma série de lesões, que o fizeram deixar os octógonos aos 27 anos.

Assim, Rodriguez retomou a faculdade, deixada de lado por conta das competições, e começou a trabalhar com a família em uma empresa de representações comerciais. Sempre interessado em alimentação saudável, trabalhou com açaí e outros produtos naturais.

Seu amigo de infância Fernando Lemos sempre foi apaixonado por futebol. Aos 18 anos, tornou-se jogador profissional, integrando a equipe do Guaratinguetá Esporte Clube, de São Paulo, onde jogou por dois anos e meio. Aos 21 anos, sofreu contusões no joelho que fizeram com que sua carreira precisasse ser interrompida, levando-o a buscar novas oportunidades. Em 2007, mudou-se para a Espanha, onde teve o primeiro contato com o segmento de alimentação, trabalhando em uma hamburgueria.

Em 2008, Lemos retornou ao Brasil durante as férias e encontrou o amigo Rodriguez, que já vinha pensando na possibilidade de empreender no segmento de alimentação saudável. “Como consumidor, eu sentia falta de opções de restaurantes que oferecessem comida saudável realmente gostosa, e ao mesmo tempo via uma demanda cada vez maior”, conta. “Comecei a esboçar um plano de negócios, e, quando apresentei a ideia para o Fernando, foi um match instantâneo. Ele se apaixonou tanto pela ideia que nem voltou para a Espanha. Começamos a trabalhar imediatamente.”

Inspiração norte-americana

Durante todo aquele ano, os dois focaram no planejamento e na estruturação do negócio, inspirando-se na rede americana Jamba Juice para desenvolver opções saudáveis e gostosas. Na sequência, usaram todas as economias, pegaram dinheiro emprestado com familiares e, acreditando no negócio, inauguraram em 2009 a primeira loja da Joy Juice (primeiro nome da Greenjoy, antes do rebranding) no Shopping Outlet Premium, em Itupeva, no interior paulista.

Da mesma forma que atletas treinam para posteriormente disputar competições, Rodriguez e Lemos dedicaram os dois primeiros anos a desenvolver suas competências, atuando em todas as áreas do negócio, do administrativo ao operacional – em uma analogia com o futebol, batiam desde tiro de meta, arremesso lateral, até escanteio.

Nesse embalo, fizeram vários cursos de gestão e, aos poucos, aprimoraram processos e produtos. “Desde que começamos tínhamos em mente que a ideia era, um dia, expandir”, lembra Lemos. “Por isso nos dedicamos a aprender e melhorar nossa operação, manualizando todos os processos. E tivemos a alegria de ver que o negócio já começou um sucesso.”

Durante os dois anos e meio em que operou no Outlet Premium, a Greenjoy atendeu milhares de clientes e despertou a atenção de investidores interessados em abrir franquias. Entretanto, Rodriguez e Lemos nem cogitavam essa possibilidade – antes, queriam desenvolver e aprimorar ainda mais o negócio. “Notamos que nossa proposta estava muito voltada às bebidas, por conta de nossa inspiração americana, mesmo possuindo comidas deliciosas no menu”, explica Rodriguez. “Os clientes acabavam frequentando mais no período da tarde, entre as refeições. Então, vimos um imenso potencial de aumentar nosso ticket médio reformulando o negócio.”

Foco em refeições saudáveis e rápidas

Mais confiantes e preparados, os sócios decidiram em 2012 trazer a loja, já com um franqueado, para a capital paulista, na Galeria Miami Plaza (Jardins) com a nova estratégia de foco nas refeições saudáveis. “Tínhamos os mesmos produtos, mas essa virada da marca permitiu que nossas vendas médias aumentassem muito. Foi mais uma experiência de sucesso que nos permitiu entender nosso público e encontrar soluções para melhorar ainda mais”, completa Marcos.

Sempre antenados nas tendências do mercado mundial, os dois notaram que o mercado de fast-food estava em queda nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, um novo segmento conhecido como fast-casual (a união da praticidade do fast-food com a qualidade do casual) estava crescendo em todo o mundo. Rodriguez e Lemos perceberam que o formato seria ideal para a proposta da marca e, mais uma vez, reformularam o negócio, chegando a um resultado que finalmente lhes deu a confiança de que era hora de iniciar a expansão.

Um cliente fiel da unidade do Bairro do Jardins, esperou por dois anos para se tornar o segundo franqueado da marca, inaugurando em 2016 uma unidade no Itaim Bibi, também na capital paulista. O sucesso, mais uma vez, foi instantâneo. “Não chegamos a fazer nenhuma divulgação quando abrimos essa unidade, porque estávamos treinando o time e deixamos para fazer uma vez que todo mundo estivesse habituado. Só que o sucesso foi tão grande que acabamos não precisando”, conta Marcos.

Virada de jogo durante a pandemia

Em junho de 2018, a Greenjoy une-se à SMZTO para iniciar a expansão via franchising, e, com o investimento, também chegou à empresa um novo sócio, Thomas Takemoto, empreendedor com uma história ligada ao esporte. Takemoto foi jogador de tênis desde os 14 anos de idade. Aos 18, ingressou no Instituto Larri Passos, em Santa Catarina, e competiu em vários torneios nacionais e internacionais, figurando inclusive no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). No ano seguinte, conquistou uma oportunidade de estudos para cursar Business and Finance na Universidade de São Francisco, na Califórnia, e com uma bolsa ligada ao esporte para dedicar-se ao Tênis e aos estudos, alcançando a oportunidade de jogar na 1ª divisão da liga norte americana de tênis universitário.

Formado e de volta ao Brasil, Takemoto se tornou sócio da então Greenjoy por indicação de Bruno Semenzato, CEO da SMZTO. “Passamos o ano todo de 2019 planejando nossa expansão e contando com toda a expertise da SMZTO. Foi então que fizemos o rebranding, tornando definitivo o conceito de refeições saudáveis, além de criar um forte sistema de delivery”, conta o ex-tenista. “Em 2020, quando a pandemia pegou todos de surpresa, estávamos preparados para atender a demanda, e foi assim que em menos de seis meses conseguimos virar o jogo e passamos a faturar até mais do que antes da pandemia.”

Mesmo durante a crise sanitária, a marca continuou em expansão e teve um aumento de 70% no faturamento, abrindo duas novas unidades no período: uma no Brooklin-Berrini, com salão e delivery, e outra em Pinheiros, no formato dark-kitchen. Além dessas, há ainda cinco unidades em implantação com previsão de abertura nos próximos meses: uma na Alameda Santos, que será inaugurada em janeiro e outras quatro em implantação: duas em São Paulo capital, sendo Moema e Tatuapé, uma em Campinas e outra no Rio de Janeiro. “Nossa perspectiva é abrirmos pelo menos sete lojas em 2022 e seguirmos com o mesmo ritmo, entre cinco e dez lojas por ano até 2025. O mercado de alimentação saudável está crescendo cada vez mais, e a Greenjoy é uma opção ideal para quem quer empreender aproveitando uma onda que veio para ficar”, finaliza Marcos.