As micro e pequenas empresas paulistas (MPEs) faturaram, já descontada a inflação, R$ 48,8 bilhões em julho, R$ 7,1 bilhões a menos do que em igual mês de 2015, segundo a pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP. De acordo com o levantamento, a queda de 12,7% da receita real foi a 19ª na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Mais uma vez, a demanda fraca na economia foi decisiva para o mau resultado. Apesar do faturamento continuar caindo, a expectativa dos donos de MPEs segue em recuperação e cresce a parcela dos que acreditam em melhora na receita e na atividade econômica nos próximos seis meses.
Em agosto, aumentou o grupo dos que aguardam melhora no faturamento de seus negócios para os próximos seis meses, de 18% em 2015 para 33% este ano. A parcela dos que falam em piora caiu de 10% para 7% no mesmo período. Com relação à economia, houve uma sensível elevação no porcentual dos que acreditam em melhora para os próximos seis meses. Em agosto de 2015, essa era a expectativa de 14%; agora 34% creem nessa possibilidade. O grupo dos que esperam piora caiu expressivamente, de 35% para 8% em igual período.
“Os pequenos negócios ainda sentem o impacto do aumento do desemprego e da queda de renda do consumidor, mas a boa notícia é que, mês a mês, desde maio deste ano, cresce número de donos de micro e pequenas empresas que acreditam na recuperação dos seus negócios e da economia nos próximos meses. É o ciclo virtuoso do crescimento começando a se formar, graças ao aumento da confiança”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf.
No trimestre encerrado em julho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou outro aumento do desemprego e recuo no rendimento real dos trabalhadores em relação a igual trimestre do ano anterior. Mesmo com a melhora na confiança, o consumidor ainda está pouco otimista, o que inibe sua ida às compras. Com o consumo em baixa, a receita dos pequenos negócios encolhe, já que estes são muito dependentes do consumidor, no mercado interno.
Por setores, a situação é de redução generalizada no faturamento das MPEs, na comparação de julho de 2016 com julho de 2015. Os serviços apresentaram recuo de 15,9%; na indústria, a diminuição ficou em 11,3% e no comércio a queda foi de 10,5%.
As MPEs do Grande ABC foram as que mais sentiram o impacto da atividade econômica em baixa, registrando uma queda de 14,1% no seu faturamento em julho de 2016 sobre o mesmo mês do ano passado. No interior, o faturamento das MPEs caiu 13%. Já as MPEs da Grande São Paulo e do município de São Paulo registraram ambas queda de 12,5% na receita.
No acumulado de janeiro a julho, a redução do faturamento das MPEs do Estado foi de 13,1% ante os sete primeiros meses de 2015.
Houve redução de 2,9% no pessoal ocupado nas MPEs de janeiro a julho sobre o registrado no mesmo período do ano anterior. A folha de salários nas MPEs encolheu 5,9% no período, assim como o rendimento dos empregados ficou 0,4% menor.
“Ainda não é possível saber quando será a hora da virada, em que o faturamento dos pequenos negócios voltará a aumentar. Porém, a melhora no ânimo dos donos de micro e pequenas empresas é um sinal de que talvez já tenhamos passado pelo pior. Mas é preciso paciência, muito trabalho e direcionamento correto na condução dos negócios para superar a atual recessão”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
MEI
Os Microempreendedores Individuais (MEIs) registraram queda de 8,9% no faturamento real em julho na comparação com o mesmo mês de 2015. Com o resultado, são 12 meses seguidos de redução no indicador no confronto de um mês com igual mês do ano anterior. A receita total dos MEIs em julho foi de R$ 3,6 bilhões, o que representa R$ 352 milhões a menos do que um ano antes.
Os MEIs do setor de serviços foram os que mais sentiram a demanda fraca da economia, com recuo de 9,7% no faturamento no período citado. Depois vem o comércio, cuja queda foi de 9,2% e, por fim, os MEIs da indústria que viram seus ganhos diminuírem 6,7%.
A redução mais acentuada do faturamento ocorreu com os MEIs do interior de São Paulo, de -10,2%. Já os MEIs da região metropolitana viram a receita encolher 7,8% em julho deste ano ante julho de 2015.
Houve um pequeno aumento na parcela dos que preveem melhora para o faturamento nos próximos seis meses: eram 49% em agosto de 2015 e agora são 51%. Também ficou menor o grupo daqueles que aguardam piora, de 11% para 7% no período.
Já a expectativa em relação à economia melhorou de 26% um ano atrás para 39% em agosto de 2016. A pesquisa revelou ainda uma expressiva queda do porcentual dos que falam em piora, passando de 44% em 2015 para 15%.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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