Incertezas sobre a economia brasileira, aumento do desemprego, perda do poder de compra da população e retração do consumo interno resultaram em nova queda dos ganhos das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas. Em fevereiro, as MPEs registraram recuo de 11,4% no faturamento real (já descontada a inflação) sobre fevereiro de 2015. Foi a 14ª queda consecutiva na receita dos pequenos negócios na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo mostra a pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
A receita total das MPEs do Estado de São Paulo foi de R$ 44,6 bilhões em fevereiro, ou R$ 5,8 bilhões a menos do que um ano antes, mas R$ 3,9 bilhões acima do registrado em janeiro de 2016.
Nenhum setor escapou dos resultados negativos em fevereiro ante igual mês de 2015: as quedas foram de 13,7% na indústria, de 12,7% nos serviços e de 10% no comércio.
Por regiões, o município de São Paulo registrou o pior desempenho, com baixa de 14,3% no faturamento em relação ao mesmo período de 2015. As MPEs do interior tiveram diminuição de 12,8%. Na Região Metropolitana de São Paulo e no Grande ABC, as quedas foram de 10,1% e 9,6%, respectivamente.
No confronto ente os dados do primeiro bimestre de 2016 e de 2015, houve retração de 2,1% no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) e a folha de salários paga pelas MPEs teve redução real de 1,2%. Apenas o rendimento real dos empregados ficou no terreno positivo, com aumento de 0,6% na mesma comparação.
Para o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf, tais resultados demonstram, em tons fortes, como as adversidades atuais na economia e política contaminam, a cada dia, o desempenho do setor produtivo. “A atual crise de confiança é a verdadeira vilã de toda essa situação. É preciso resolvê-la num tiro rápido e certeiro, tomando as medidas necessárias para retomar o ciclo virtuoso de crescimento do consumo, do investimento, de emprego e renda”.
Microempreendedor Individual
Para os Microempreendedores Individuais (MEIs) paulistas, fevereiro foi ainda pior do que para as MPEs: o faturamento deles caiu 27% em relação a fevereiro de 2015. Os MEIs do comércio viram a receita despencar 31,3%; os da indústria sofreram com um tombo de 28,2% no faturamento e os do setor de serviços registraram recuo de 22%.
Os MEIs do Estado chegaram ao fim de fevereiro com receita de R$ 2,3 bilhões, o que significa R$ 832,7 milhões menos do que de um ano antes e R$ 156,2 milhões abaixo do resultado de janeiro deste ano.
A redução no consumo das famílias também teve forte impacto nos resultados dos MEIs de todo o Estado: no interior, o faturamento caiu 27,1% e na Região Metropolitana de São Paulo a retração foi de 26,9%.
Expectativas
Para os próximos seis meses, 56% dos donos de MPEs disseram em março esperar estabilidade no faturamento ante 58% de um ano antes. Mas houve aumento da incerteza: 12% não sabem avaliar como ficará o faturamento da empresa; em março de 2015, essa era a perspectiva de 6% deles.
Com relação à evolução da economia nos próximos seis meses, para 38% haverá manutenção no nível de atividade, opinião de 32% um ano antes. A piora nesse aspecto é esperada por 31% dos proprietários de micro e pequenos negócios – eram 46% em março de 2015. Já a incerteza aumentou: em março de 2015, 7% não sabiam dizer como a economia se comportaria e agora essa é a visão de16% deles.
Os MEIs estão relativamente mais otimistas do que os donos de MPEs quanto ao faturamento. Entre eles, 47% acreditam em aumento de ganhos para os próximos seis meses. Em março de 2015, esse grupo reunia 51% dos MEIs. Já 33% falam em estabilidade ante 31% em 2015. Para 15% dos MEIs haverá piora na receita – em março de 2015, 13% pensavam assim.
Em relação à economia brasileira, há uma divisão entre os MEIs: 34% esperam piora nos próximos seis meses (eram 56% um ano antes), 32% falam em estabilidade (20% em março de 2015) e 29% creem em melhora (20% em 2015).
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1.700 proprietários de MPEs e 1.000 MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob esta figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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