Você já ouviu falar em economia prateada? O termo foi usado pela primeira vez em um estudo da Oxford Economics e se refere à soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas que têm mais de 50 anos. O tema foi pauta de palestra na 19ª Convenção ABF do Franchising na Bahia em outubro. “As empresas pesquisam freneticamente o comportamento das crianças, dos jovens, dos milênios e sequer reparam nos consumidores acima de 60 anos”, afirmou Layla Vallias, fundadora da consultoria de marketing Hype60+. “É um erro! Os maduros serão os grandes protagonistas do futuro.”
Segundo a pesquisa Tsunami60mais, realizada pela Hype60+, em pouco tempo o Brasil será o 6º país mais velho do mundo. Hoje, já envelhece no mesmo ritmo do Canadá e, na próxima década, terá mais idosos acima de 60 anos do que adolescentes até 14.
Além de fôlego para consumir, as pessoas com mais de 50 também têm mostrado energia de sobra para empreender.
De acordo com um estudo feito pelo Sebrae a partir da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), os donos de negócio com 65 anos ou mais já representam 7% do total de empreendedores no Brasil, o que dá cerca de 2,2 milhões de pessoas nessa faixa etária administrando a própria empresa.
Somente no estado de São Paulo, quase 120 mil microempreendedores individuais (MEIs) têm mais de 61 anos, somando 6,1% do total de MEIs do estado. Em 2018 essa participação era menor (5,7%), assim como há três anos (4,3%).
Iara Dietrich, hoje com 57 anos e franqueada de uma Rockfeller Language Center em Cascavel, no Paraná, decidiu empreender um novo negócio quando tinha 51. Mais do que empreender, ela se propôs a realizar um sonho antigo: ter a sua própria escola de idiomas. “Meus filhos estavam formados, bateram asas, e eu fui em busca do meu sonho”, conta.
Viúva e com três filhos adolescentes para criar
Professora, com pós-graduação na área de Letras e vivência no México (ela morou no país), Iara deu aulas de espanhol por bastante tempo. Dividia seu tempo entre os cuidados com os filhos e os alunos. “Meu marido era quem ganhava mais e sustentava a maior parte dos gastos da família. Eu dava aulas no tempo que tinha livre”, lembra a franqueada.
Em 2002, um acidente de carro tirou a vida do marido de Iara. “Foi uma reviravolta na minha vida. Meus filhos tinham 12, 13 e 14 anos e eu não conseguiria sustentá-los sozinha somente com o que eu ganhava. Naquela época eu já tinha a ideia de abrir uma escola, mas deixei o sonho de lado e assumi o trabalho que meu marido fazia”, conta Iara, explicando que ele trabalhava com representação comercial. “Mesmo com medo, sem saber fazer o trabalho, assumi a responsabilidade, porque sempre tive esse espírito de encarar os desafios.”
E foi assim por 10 anos, até que os três filhos estivesses formados na faculdade: Maria Clara em administração, Mônika em nutrição e Jorge Augusto, engenheiro químico. “Sustentei meus filhos até fazerem a faculdade. Quando o caçula se formou, em 2012, decidi que não queria mais aquilo. Percebi que era a hora de resgatar o meu sonho.”
Com toda energia e disciplina que lhe são características, Iara começou a pesquisar opções de franquia e conheceu a Rockfeller Language Center. “Fui a Santa Catarina, conheci os fundadores, visitei unidades, conversei com franqueados e decidi abrir a escola em 2013 com cara, coragem e trabalho.”
Em 2014, Maria Clara, hoje com 32 anos, foi trabalhar com Iara e ficou responsável pelo comercial. Em nove meses a unidade atingiu o ponto de equilíbrio. “Procuramos fazer bem feito o que a franqueadora indica fazer, pois sabemos que essa receita de bolo já foi testada e funciona.” Hoje, a escola de Iara atende cerca de 600 alunos.
Sobre empreender com mais de 50 anos, Iara é contundente. “Roberto Marinho começou com 61 e veja só o império que ele criou. Quando eu nasci meu pai tinha 53 anos e ainda trabalhou por muito tempo, teve uma vida longeva e produtiva. São figuras que me inspiram”, diz a franqueada. “Tenho todo o gás do mundo. Não termino o dia esgotada e mesmo quando estou cansada, à noite troco a pilha e vivo a Rockfeller intensamente. Foi como um presente que a vida me deu.”
Iara ainda complementa. “Iniciar um negócio na maturidade faz com que um senso de urgência tome conta do empreendedor e acabamos não dando tanta chance ao erro, porque não temos tanto tempo a perder. Essa ‘pressa’ traz junto uma espécie de adrenalina positiva, em busca dos resultados. Além do que, toda a experiência de vida promove uma percepção mais apurada das coisas. Soma-se a isso o apoio que recebemos da franqueadora, os bons resultados acabam ficando mais prováveis.”