Em um recente estudo divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que mais de um quinto da população brasileira está obesa. O relatório aponta que este número chegou a 22,1% da população em 2016, aproximando o Brasil da taxa dos países ricos que formam o G20, grupo das nações que integram a maior economia do mundo. Só entre as crianças brasileiras, o número de obesos é de 11% e, de pré-obesas, 17,2%. Já, entre as mulheres adultas o número salta para 25,4%, enquanto os homens, 18,5%. Tal levantamento usa como critério o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), uma equação que leva em conta o peso e a altura de cada indivíduo. Um IMC que varia entre 25 e 29,9 indica um sobrepeso; 30 aponta obesidade e; acima de 35 é classificado como obesidade mórbida.
Os dados do estudo trazem também uma informação importante: pessoas de baixa renda e com menor nível educacional são as que apresentam maior tendência à obesidade, visto que o acesso a alimentação saudável torna-se cada vez mais difícil. As consequências vem em cadeia, de nível econômico a social. O sobrepeso é uma grave ameaça à economia dos países, causando impactos significativos nos cofres públicos, que precisam arcar com os custos do tratamento de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares, decorrentes do excesso de peso. Para quem sofre destes males, o acompanhamento médico é imprescindível e, portanto, o sobrepeso será, também, causador de afastamentos no mercado de trabalho.
Se ir ao médico é vital, deixar o posto de trabalho com frequência será, para o negócio, bastante prejudicial. A instabilidade do colaborador reduz a possibilidade em continuar empregada, aumentando, em contrapartida, a taxa de desemprego. Se o desemprego assusta, é preciso colocar mais um fator nessa balança: as doenças decorrentes do excesso de peso precisam de medicamento para o controle efetivo, o que tende a provocar um desequilíbrio ainda maior nas finanças – seja ela da própria pessoa enferma, ou do governo, que arca subsidiando as drogas. Para a OCDE, este resultado pode ter um impacto negativo de 5,5% no PIB, entre 2020 e 2050, sendo que, neste mesmo período, a expectativa de vida dos brasileiros sofrerá uma redução em até três anos.
Diante desse quadro, é imperioso que o processo de universalização e o acesso a boa alimentação seja facilitado por empresas, governos e órgãos ligados à saúde pública. São intervenções necessárias e urgentes, que deve ter por objetivo quebrar paradigmas de mudança dos hábitos alimentares. Isso significa deixar de associar a comida saudável com algo ruim ou sem sabor – como a xoxa e insossa salada de folhas. É preciso que o brasileiro conheça outros sabores, texturas e combinações, descubra temperos e vivencie experiências gastronômicas que unam o saboroso e saudável. Mas, mais do que isso, que tenha acesso a “comida de verdade” por um valor acessível, compatível com a renda média do brasileiro.
A proposta de universalizar o acesso a alimentação saudável pode soar ampla e genérica, mas se refere à proporcionar ao brasileiro uma dieta equilibrada, composta por macros e micronutrientes essenciais ao bom funcionamento do organismo, como proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Fazer o bem por meio da alimentação não é apenas deixá-lo magro, mas sim torná-lo capaz de exercer com facilidade suas funções sociais e, principalmente, econômicas. É, para governos e organizações, alterar a ordem de investimento: ao invés de aportar no tratamento da doença, é direcionar à prevenção, priorizando a saúde. A mudança de hábito não é benéfica apenas para pessoa, mas também para saúde dos cofres públicos.