A crise econômica causada pelo novo coronavírus atingiu especialmente as micro e pequenas empresas. Segundo o Sebrae, com o movimento reduzido devido às medidas de restrição, 89% dos negócios já estão enfrentando os efeitos econômicos. De acordo com a pesquisa “Gestão de Crise no Franchising”, realizada pela consultoria Praxis Business, cerca de 66% das redes esperam uma queda no faturamento.
Para que esse impacto seja o menor possível, as redes de franquias passaram a adotar medidas para amenizar a situação. Ações como parcelamento ou isenção na taxa de franquia, financiamento na folha de pagamento, adoção de home office, entre outras, se tornaram vitais para o funcionamento da maioria dos negócios.
Bruno Aurélio Gonçalves, inaugurou sua unidade da Arena Baby – rede de franquias de brechó infantil – em fevereiro deste ano e em poucos dias já teve que baixar as portas devido ao decreto governamental de isolamento. Para que nenhuma funcionária fosse prejudicada, ele criou estratégias para que o impacto não fosse tão grande. “Adiantamos as férias de todas as funcionárias e solicitamos junto ao banco o financiamento da folha de pagamento e também passamos a comercializar nossos produtos via WhatsApp”, comenta.
Com a retomada de algumas atividades econômicas em São Paulo, os cuidados estão redobrados. “Passamos a monitorar a saúde de nossas colaboradoras, solicitamos painel de acrílico e totem de álcool em gel, além de sempre medir a temperatura dos clientes”, afirma.
“Não é nenhum segredo que, durante os momentos de crise, nascem as maiores oportunidades. Pode até ser clichê, mas é a pura verdade. Claro, que, não é tão simples e fácil passar por uma crise desconhecida e entender as possíveis ondas pelas quais o mercado passará, é necessário que o gestor do negócio saiba exatamente onde está, entenda o momento pelo qual está passando”, pontua Lucas Atanazio Vetorasso, estrategista do franchising e fundador do Grupo ATNZO.
O especialista explica que é necessário, sobretudo, nesses momentos uma boa gestão. “O primeiro passo, portanto, é aceitar a crise. Quando tudo está mudando ao nosso redor, nosso primeiro instinto é lutar pelo controle e, com isso, queremos preservar algum senso de normalidade e conforto. Ou seja, preferimos negar ou diminuir a crise e isso atrasa o processo de mudança de rota, por isso a necessidade de uma gestão inteligente. Após o processo de aceitação, a próxima etapa é agir”.
Atanazio aconselha como estratégias para o franqueador adotar principalmente em tempos de crise, se cercar das pessoas certas, aumentar a demanda em tempos em que a contenção é quase que geral e, ao mesmo tempo, enxugar custos desnecessários, usar a criatividade. “Um verdadeiro líder, nesse momento, tem que fazer sua equipe deixar de lado a parte executora e aflorar a parte criadora de cada um deles. Sim, ninguém melhor para se ter ao lado do que aqueles que conhecem como o mercado reage. Ser transparente é essencial, mas ter equilíbrio também. O desespero não é um bom guia. Respirar fundo e ouvir as opiniões dos colaboradores sobre como eles podem aumentar a demanda do negócio, é essencial. A palavra de ordem para esses momentos é ter estratégia e procurar fugir de reuniões que só atrasarão as estratégias, o foco deve ser na solução e não no problema”
Franqueada da Mary Help, rede de franquias pioneira no Brasil para seleção e intermediação de diaristas e mensalistas, em Recreio dos Bandeirantes (RJ), Sabrina Capila conta que desde o início da pandemia do novo coronavírus, para manter a saúde mental e controle de todo stress que estava por vir, decidiu trabalhar em home office. Ela reuniu a equipe e estabeleceu algumas regras, pois sabia o quão difícil seria conciliar a rotina pessoal com a profissional. “Adotamos algumas medidas, entre elas reuniões online por vídeo traçando objetivos, ideias, metas e estratégias de vendas, assim como definimos horário de trabalho oficial para estarmos conectados e respondendo aos nossos clientes. Iniciei um projeto de Lives para poder ter mais interação com meus clientes. Procurei ter ainda mais proximidade nesse momento, que exige empatia, e demonstrar amor e confiabilidade ao próximo”.
Segundo a franqueada, a prestação de serviços de limpeza e cuidados mesmo sendo essencial, teve uma queda grande, mas com cuidado, organização, discernimento e sabedoria ela conseguiu retomar as atividades de onde pararam. “Posso dizer que existe um certo costume em ir ao escritório, pois quando somos empresários também precisamos do nosso espaço, mas, vejo que de casa, onde preparei meu escritório e sigo na minha concentração e dedicação, posso fazer o mesmo, render mais e reduzir todos os custos (aluguel, deslocamento e etc.).De casa ou da empresa estamos fazendo nosso melhor para esse “novo normal” voltar logo à normalidade de sempre”, conclui.