A minha escola de empreendedorismo sempre foi na empresa dos meus pais. Desde os 14 anos, acompanhei meu pai, Aluizio José de Freitas, na condução da Sigbol. Atualmente, a escola atua na formação profissional voltada para o mercado de confecção e moda. Ele sempre me dizia que o sucesso de qualquer negócio está mais associado à visão e à gestão do empresário, do que ao segmento em si. Guardei suas sábias palavras, que hoje me guiam no cargo de diretor da marca. Foi tudo muito espontâneo. Eu nunca pensei em fazer outro tipo de negócio em minha vida.
Meu pai começou a empreender desde jovem quando na década de 50 fundou uma indústria gráfica. Já a Sigbol surgiu em um encontro oportuno na década de 70. Meus pais, Carmen de Freitas e Aluizio José de Freitas, eram presidentes da Associação de Pais e Mestres (APM) de um colégio de São Paulo. Eles queriam organizar aulas de corte e costura para as famílias do colégio. Atenta, minha mãe percebeu a dificuldade que os participantes tinham de fazer os moldes das roupas, então saiu em busca de formas de simplificar o processo.
Foi nesse momento que a dona Elvira Nunari entrou em cena. Uma modista italiana que preocupada em simplificar o processo da construção de moldes para confecção de roupas, desenvolveu um método simples de modelagem e um livro com passo a passo orientando o processo de corte e costura. Conhecida como “Siga as Bolinhas”, a técnica, deu nome à editora da empreendedora, era similar às tradicionais atividades de ligar os pontos. Assim, os alunos tinham as distâncias e coordenadas determinadas para cada ponto de uma roupa.
No final dos anos 70, dona Elvira estava cansada e já pretendia se aposentar. No entanto, não queria deixar sua marca morrer. Como meus pais se interessaram pelo procedimento, decidiram comprar a patente e se tornaram donos da editora.
Muitos negócios precisam se reinventar e meu pai percebeu isso. Quando assumiram a Sigbol, logo vieram as mudanças. Os clientes que compravam o método Sigbol pediam que fossem criadas turmas para aprenderem as técnicas dentro das salas de aulas. A então editora se tornou uma escola de moda, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo (SP). Eu comecei minha carreira na empresa, auxiliando meu pai e sua equipe nas mais diversas atividades inclusive desenhando moldes para as apostilas dos cursos, uma espécie de arte-finalista. A experiência prática valeu muito para mim e, como trabalhei diretamente com ele, aprendi muito sobre planejamento, estratégia e gestão.
No ano de 1996, ganhei uma responsabilidade maior, me tornei diretor da marca. Com as mudanças, vieram novos desafios, como é na vida de todo empreendedor. O negócio conquistou o mercado, expandimos com unidades próprias e por isso decidi, em 2011, investir no sistema de franquias. Em meus primeiros 10 anos no cargo, levei a empresa para além das fronteiras da cidade de São Paulo. Hoje, já temos 29 unidades espalhadas no estado. Atualmente, oferecemos mais de 57 cursos como Moda Pet, Corte e Costura Industrial, Personal Stylist, Operador de CAD e o mais recente curso de Moda, Cinema e TV que foi ministrado pela primeira vez em Nova York.
Ser um empreendedor não é uma tarefa fácil, passamos por vários altos e baixos. Nos anos 80, éramos muito procurados pelas donas de casa e empregadas domésticas que buscavam na especialização, uma forma de realizar o sonho de trabalhar em confecções. Na década seguinte, as roupas importadas da China invadiram as lojas do país e o setor sofreu uma forte queda. Só a partir de 2000 que a costura voltou a ser valorizada e procurada como uma fonte de renda.
De lá para cá, crescemos muito, no último ano faturamos R$ 10 milhões. Colecionamos histórias inspiradoras de pessoas que viram no empreendedorismo uma forma de mudar de vida. Espero que possamos formar ainda mais empreendedores. Muita coisa mudou nesses 50 anos, mas uma coisa permanece a mesma: promover o empreendedorismo e ajudar as pessoas a tornarem sonhos uma realidade!