Inadimplência das empresas cresce 4,30% em abril

O número de empresas com contas em atraso e registradas nos cadastros de devedores cresceu 4,30% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado – trata-se da menor variação para os meses de abril desde 2011, ano de início da série histórica. Na passagem de março para abril de 2017, sem ajuste sazonal, a alta foi de 0,75%. Os dados foram calculados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a desaceleração do aumento da inadimplência entre as empresas tem acontecido mesmo em meio à crise econômica. “O recuo da atividade econômica tem refletido em queda do faturamento das empresas e também na capacidade desses empresários honrarem seus compromissos e manterem um bom fluxo de caixa. Mas por outro lado, os índices vêm crescendo em um ritmo menor em decorrência da maior restrição ao crédito e da menor propensão a investir. Com menos custos e menos tomada de crédito, consequentemente, há menos endividamento”, explica o presidente.

Crescimento do número de dívidas desacelera para 1,99% em abril e Nordeste lidera alta do número de empresas negativadas

Os dados regionais mostram que o Nordeste aparece liderando o crescimento da inadimplência entre as empresas. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o número de pessoas jurídicas negativadas na região cresceu 5,59%, a maior alta entre as regiões. Em seguida aparecem, na ordem, as regiões Sudeste, que registrou avanço de 4,43% na mesma base de comparação, Norte (4,39%), Centro-oeste (3,51%) e Sul (1,93%).

Outro indicador também mensurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o de dívidas em atraso. Neste caso, o crescimento também foi o menor já observado para os meses de abril desde o ano de 2011: alta de 1,99% na comparação anual. Na comparação mensal, na passagem de março para abril, a variação positiva foi de 0,41%.

Serviços lidera entre setor devedor e comércio, entre o credor

Entre os segmentos devedores, as altas mais expressivas ficaram com os ramos de serviços (7,31%) e indústrias (3,90%), seguidos pelas empresas que atuam no setor de comércio (3,12%). O segmento de agricultura foi o único a apresentar queda na quantidade de empresas com contas em atraso (- 1,57%).

Já o setor credor que apresentou o maior crescimento das dívidas de pessoas jurídicas – ou seja, para quem as empresas estão devendo – são as empresas do ramo do comércio (8,29%), seguidas das indústrias (7,10%). Completa o ranking de setor credor o segmento de serviços, que engloba bancos e financeiras (0,19%). O único segmento a apresentar queda foi o de agricultura (-16,80%).

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, “Espera-se para os próximos meses que a atividade econômica se mantenha fraca e os empresários permaneçam cautelosos devido ao cenário de grande incerteza política, o que deve manter o crescimento da inadimplência das empresas em patamares discretos frente à série histórica como um todo”, conclui.

Metodologia

O indicador de inadimplência das empresas sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.