Em dezembro, o comércio varejista do Estado de São Paulo registrou faturamento real de R$ 56 bilhões – queda de 4,3% em relação ao mesmo mês de 2014, quando o setor faturou R$ 58,5 bilhões. Com isso, o varejo paulista encerrou o ano com faturamento real de R$ 550,2 bilhões – 6,3% inferior ao registrado em 2014 e o pior resultado anual desde o início da série histórica (em 2009), sendo o segundo ano consecutivo com taxa negativa em seu movimento acumulado.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
De acordo com a Federação, entre as 16 regiões analisadas, apenas os comércios varejistas das regiões do Litoral (7,1%) e de Marília (2,7%) demonstraram crescimento em dezembro na comparação com o mesmo mês de 2014, enquanto as demais apresentaram recuo em suas vendas.
Sete das nove atividades analisadas apresentaram queda em dezembro, com destaques para concessionárias de veículos (-21,1%); materiais de construção (-14,5%); lojas de vestuário, tecidos e calçados (-10%); e eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamento (-8,9%). Juntos, os quatro segmentos contribuíram negativamente com 5,5 pontos porcentuais para o resultado do varejo total no Estado.
Já os setores de farmácias e perfumarias (9,8%) e supermercados (7,4%) foram os únicos que apresentaram resultados positivos e colaboraram com 2,9 p.p. para amenizar a queda do varejo.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, em 2015, o varejo paulista deu continuidade ao padrão de comportamento iniciado no ano anterior, com quedas sistemáticas nas vendas mensais, que atingiram intensamente todos os setores que comercializam bens duráveis e semiduráveis. Com isso, apenas os segmentos voltados para bens essenciais – farmácias e perfumarias e supermercados – foram preservados.
Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, o resgate da confiança do consumidor e do empresário do comércio somente acontecerá quando as autoridades econômicas sinalizarem claramente a adoção de uma política de ajustes embasados em forte controle dos gastos públicos, visando o equilíbrio fiscal, ao lado de reformas no sistema tributário e previdenciário que possam garantir estruturalmente ganhos de produtividade para tornar a economia brasileira novamente competitiva. Enquanto isso não ocorrer, a Entidade afirma ser improvável que neste ano o comércio do Estado consiga evitar nova queda de vendas e, com isso, consolidar um processo que já pode ser qualificado como o mais grave de sua história.
Varejo paulistano
O varejo da capital paulista registrou queda de 2,9% em dezembro na comparação com o mesmo mês de 2014, atingindo o faturamento real de R$ 17,7 bilhões. Apesar da retração da capital ter sido menos acentuada do que o valor registrado no Estado, a redução foi de mais de R$ 525 milhões em relação às vendas de dezembro de 2014. No acumulado do ano, a cidade de São Paulo atingiu faturamento real de R$ 172 bilhões – R$ 7,6 bilhões abaixo do faturamento obtido ao longo de 2014, o que representa queda acumulada de 4,2%, no período.
Das nove atividades analisadas, cinco registraram queda na comparação com dezembro de 2014, sendo que três retraíram acima dos dois dígitos: outras atividades (em que há predominância do comércio de combustíveis) (-17,5%); lojas de materiais de construção (-17,3%); e concessionárias de veículos (-17,1%). O conjunto dessas três atividades registrou uma queda de R$ 1,1 bilhão em comparação ao faturamento observado em dezembro do ano passado. O conjunto dos segmentos com resultados negativos pressionaram o resultado geral com 7,1 pontos porcentuais.
Por outro lado, as atividades que cresceram foram lideradas pelos setores de farmácias e perfumarias (11,8%); lojas de vestuário, tecidos e calçados (9,9%); supermercados (6,5%); e eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos (1,9%). Os quatro segmentos contribuíram com 4,2 p.p. para o resultado geral.
Já os resultados anuais mostram um cenário mais grave. Seis setores apresentaram quedas em 2015, sendo que três deles com índices superiores a 10%: lojas de móveis e decoração (-13,3%); eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos (-10,3%); materiais de construção (-10,2%).
No sentido oposto, três segmentos conseguiram, em 2015, registrar crescimento: autopeças e acessórios (6,8%); supermercados (3,1%); e farmácias e perfumarias (3,1%).
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, além das circunstâncias desfavoráveis do quadro conjuntural nacional, a cidade é uma das regiões que mais absorve os reflexos do crescente desemprego e da redução do crédito – elementos que agravam a queda do nível de confiança dos consumidores e das empresas. Esses fatores, segundo a Entidade, tornam mais distantes as possibilidades de recuperação do comércio na cidade de São Paulo a médio prazo, e a tendência é que as vendas continuem caindo nos primeiros meses deste ano.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.
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