Pelo terceiro mês consecutivo, o faturamento real do comércio varejista paulista apresentou crescimento na comparação interanual. Em agosto, as vendas no setor cresceram 2% em relação ao mesmo mês de 2015 e alcançaram R$ 47,8 bilhões. A sequência de três elevações não acontecia desde o período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014, há 30 meses. No acumulado do ano, porém, houve retração de 1% e em 12 meses, a queda foi de 4%.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, 12 apresentaram crescimento no faturamento em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Destaque para as regiões de Araraquara (8,1%), Marília (6,3%), Sorocaba (5,7%) e Litoral (5,6%) que registraram os melhores desempenhos. Já as regiões de Osasco (-7,3%), Guarulhos (-1,2%), São José do Rio Preto (-0,6%) e Bauru (-0,1%) tiveram desempenhos negativos na mesma base comparativa.
Das nove atividades pesquisadas, cinco mostraram aumento em seu faturamento real em agosto. Os destaques positivos ficaram por conta dos segmentos de autopeças e acessórios (10,7%), farmácias e perfumarias (9,9%), outras atividades (7,9%), supermercados (3,4%) e materiais de construção (2,4%). Juntas, essas atividades contribuíram com 3,8 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral do varejo do Estado no mês.
Em contrapartida, as quedas foram vistas nos setores de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-12,2%), lojas de móveis e decoração (-6,2%), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-6,1%) e concessionárias de veículos (-2,1%), que impactaram negativamente com 1,8 p.p. para rebaixar o faturamento do varejo paulista.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, com os novos dados positivos alcançados em agosto, o varejo paulista dá indícios cada vez mais claros de que uma reversão do ciclo recessivo é iminente. Mesmo que esse processo não esteja embasado na melhoria dos determinantes básicos do consumo – renda e emprego – há uma consistente recuperação nos níveis de confiança do consumidor nos últimos meses, pré-condição para permitir a saída de um cenário de baixa intenção de consumo. Além disso, a tendência de queda da inflação, constatada nos últimos meses, pode ser decisiva para a melhoria da conjuntura varejista até pelo menos o final de 2016.
Mesmo com o bom momento vivido pelo varejo, prevalecem fortes desajustes nos fundamentos econômicos, principalmente em relação ao desemprego e às contas do setor público. A Entidade pondera que enquanto não houver a redução desses desequilíbrios, será difícil a consolidação de um verdadeiro ciclo de recuperação das vendas varejistas em sentido amplo.
Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, as projeções indicam que poderá haver estabilidade nos próximos meses, e caso se concretizem, levarão a um crescimento de vendas tanto para dezembro quanto para o acumulado no ano. Também podem haver índices mensais positivos, em função das baixas bases comparativas do segundo semestre de 2015, quando as quedas do faturamento se tornaram mais intensas. Além disso, a Federação acredita que a forte dinâmica atual nos fatos políticos e econômicos, tais como a votação da PEC do teto de gastos públicos, melhoria no comportamento da inflação e queda nos juros podem impactar positivamente essa tendência de estabilidade de consumo até o final do ano.
Para 2017, a Entidade afirma que não se devem esperar níveis de vendas superiores aos de 2016, dada a profundidade da atual recessão e o tempo necessário para maturação de novos investimentos.
Varejo paulistano
As vendas do comércio varejista da capital paulista atingiram R$ 15,1 bilhões em agosto, crescimento de 3,3% na comparação com o mesmo mês de 2015. Apesar da recuperação, nos oito meses acumulados do ano, o varejo paulistano apresentou queda de 1,1%, em relação ao mesmo período do ano passado, e no acumulado dos últimos 12 meses, retração de 3,3%.
Entre as nove atividades analisadas, cinco apresentaram crescimento no faturamento real em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado: autopeças e acessórios (22,0%), materiais de construção (12,4%), farmácias e perfumarias (11,2%), outras atividades (9,6%) e supermercados (5,4%). Juntos, esses índices contribuíram positivamente com 5,2 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral.
No sentido inverso, as quedas foram observadas nas atividades de lojas de vestuário, tecidos e calçados (-7,8%), eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-5,3%), concessionárias de veículos (-4,1%) e lojas de móveis e decoração (-1,6%), resultando em um impacto negativo de 1,9 ponto porcentual nas vendas do varejo paulistano em agosto.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, assim como ocorreu no âmbito estadual, o crescimento em outros segmentos do comércio, além de supermercados e das farmácias, foi decisivo para os índices positivos gerais registrados na capital paulista em agosto. A recente reação detectada na indústria paulista, segundo a Entidade, parece ter participação para um sentimento mais positivo das famílias paulistanas em sua intenção de consumo.
Para a concretização das projeções otimistas esperadas para o varejo estadual nos próximos meses, a Federação pondera que é fundamental que a capital, que responde por quase um terço do varejo estadual, passe também a registrar taxas mensais positivas ao longo dos próximos meses. Assim como no âmbito estadual é possível que, a depender do encaminhamento dos indicadores antecedentes de confiança e demais índices de nível das atividades, e do comportamento dos preços, que até o final do ano se registrem níveis positivos de consumo acima, inclusive, da média das demais regiões, alavancando as projeções atuais.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.
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