O comércio varejista paulista demonstrou recuperação em suas vendas em novembro de 2016, após a queda observada em outubro. No penúltimo mês do ano, as vendas do setor aumentaram 3,5% na comparação com novembro de 2015 e alcançaram R$ 51,9 bilhões, cerca de R$ 1,7 bilhão superior ao apurado no mesmo período do ano anterior. Este foi o quinto maior montante para o mês de toda a série histórica iniciada em 2008. No acumulado do ano, porém, houve retração de 0,3% e em 12 meses, a queda foi ainda mais acentuada, de 0,7%.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, apenas Osasco (-6,8%) e Guarulhos (-2%) registraram queda no faturamento em novembro, na comparação com mesmo mês de 2015. Os melhores desempenhos foram observados nas regiões de Araraquara (10,3%), Marília (8,9%) e ABCD (8,1%). Já a região de Bauru apresentou estabilidade (0%).
Das nove atividades pesquisadas, sete mostraram aumento em seu faturamento real em relação a novembro de 2015: farmácias e perfumarias (17,7%), autopeças e acessórios (17,4%), concessionárias de veículos (8,1%), materiais de construção (6,5%), outras atividades (5,1%), supermercados (3,0%) e lojas de móveis e decoração (1,7%). Essas altas contribuíram para o resultado geral com 4,9 pontos porcentuais (p.p.).
Já as retrações foram registradas pelos grupos de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-12,7%) e lojas de vestuário, tecidos e calçados (-2,0%), impactando em -1,4 p.p. para o resultado geral.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o resultado positivo de novembro é essencial para se confirmar a estimativa de crescimento nulo das vendas do comércio no Estado de São Paulo para o ano de 2016. A sensível melhora na média de 12 meses, terminada em novembro ante a série finalizada em outubro, indica que a trajetória cíclica se encaminha para esse nível, o que evitaria o terceiro índice consecutivo de retração anual do varejo, abrindo caminho e expectativas de melhoria para o ano de 2017.
Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, no âmbito geral, o comércio ainda apresenta desempenho inexpressivo, com a perspectiva de fechar o ano com crescimento zero. A conjuntura, entretanto, começa a mostrar sinais de melhoria refletidos na queda da inflação e dos juros e indícios de recuperação na produção industrial, ao lado de bons resultados no comércio exterior.
É possível esperar, segundo a Entidade, que o barateamento do crédito para as pessoas físicas e, principalmente, a menor pressão inflacionária contribuam para uma recuperação, ainda que suave, no nível de consumo das famílias.
Ainda assim, a Federação pondera que não se deve esperar resultados expressivos sobre as vendas do varejo paulista para os próximos meses, apenas uma relativa melhora nos índices mensais de desempenho que deverão contar, ainda, com a vantagem de fraca base comparativa desse longo período de recessão no comércio. De qualquer maneira, o cenário atual é menos negativo do que o observado há um ano, o que abre espaço para otimismo cauteloso. Uma recuperação cíclica sustentada, de acordo com a FecomercioSP, somente será viabilizada quando os indicadores de emprego e renda começarem a mostrar, de fato, uma melhora sólida o que, dada a profundidade da crise presente, não deverá ocorrer no curto prazo.
Varejo paulistano
As vendas do comércio varejista da capital paulista atingiram R$ 16,5 bilhões em novembro, crescimento de 5,3% na comparação com o mesmo mês de 2015. Este resultado representa o sexto maior faturamento do varejo paulista para o mês desde 2008. No acumulado dos 11 meses de 2016, o varejo paulistano registrou alta de 0,1% e na somatória dos últimos 12 meses, houve retração de 0,2%.
Entre as nove atividades analisadas, sete apresentaram crescimento nas vendas em novembro: autopeças e acessórios (27,7%), farmácias e perfumarias (21,5%), Materiais de construção (14,6%), Outras atividades (10,0%), concessionárias de veículos (6,0%), lojas de móveis e decoração (5,3%) e supermercados (4,2%). No conjunto, esses índices contribuíram positivamente com 6,9 p.p. para o resultado geral.
No sentido inverso, as quedas foram observadas nas atividades de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-12,3%) e lojas de vestuário, tecidos e calçados (-4,9%), resultando em uma pressão negativa de 1,6 p.p..
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, com exceção ao índice pontual e circunstancial de fevereiro de 2016, a última taxa acumulada no ano positiva apurada na capital havia sido em abril de 2014. Essa taxa de novembro, embora ainda pouco expressiva, rompe uma sequência de 29 meses de quedas nesse confronto e pode ser avaliada como um alento para o início do ciclo de recuperação lenta, mas sistemática, no nível de vendas do varejo na cidade de São Paulo.
Da mesma forma como foi apontado para o Estado, a Federação pondera que um processo consolidado de recuperação do comércio paulistano estará vinculado à melhora nos indicadores de emprego e renda, sem a qual será impossível dar sustentação à mudança do atual patamar de consumo das famílias paulistanas.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.
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