O comércio varejista no Estado de São Paulo encerrou 2015 com 60.441 postos de trabalho a menos, resultado de 1.012.329 admissões contra 1.072.770 desligamentos. Foi o primeiro saldo anual negativo desde o início da série histórica, em 2007, o que significa, na comparação com 2014, recuo de 2,8% no estoque de trabalhadores do setor, que atingiu 2,13 milhões, voltando assim a níveis de agosto de 2013.
Apenas em dezembro, foram eliminadas 12.181 vagas formais, em razão das 71.907 admissões contra 84.088 desligamentos. No mês, a ocupação formal registrou queda de 0,6% na comparação com o novembro de 2015. Ao se observar o saldo positivo de 13.682 novas vagas de novembro, pode-se concluir que praticamente não houve efetivação dos temporários contratados para o período natalino.
Os dados são da Pesquisa de Emprego no Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PESP), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e o impacto do seu resultado no estoque estabelecido de trabalhadores no Estado de São Paulo, calculado com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Entre as nove atividades pesquisadas em dezembro, sete apresentaram diminuição no estoque de empregos na comparação com o mesmo mês de 2014. Os setores de concessionárias de veículos (-8,2%) e de lojas de vestuário, tecido e calçados (-7,1%) foram os que apontaram queda mais acentuada. No sentido contrário, os únicos setores que não registraram redução de vagas foram os de farmácias e perfumarias (2,3%) e de supermercados (0,9%).
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, o saldo negativo do emprego no comércio varejista paulista em 2015 foi resultado direto da queda do faturamento no setor. A inflação alta, a restrição de crédito, o avanço do desemprego e as incertezas em relação aos rumos da economia resultaram em uma queda brusca do consumo das famílias.
Observando os dados por ocupações, as funções que mais perderam vagas foram as de vendedores e demonstradores, com -12.765 postos de trabalho. O segundo posto com maior redução de vagas foi a área administrativa das empresas. São -6.979 vagas para escriturários, assistentes e auxiliares administrativos.
Adicionalmente, chama atenção o fato de que 30% das vagas fechadas pelo comércio varejista paulista eram preenchidas por diretores, gerentes e supervisores de empresas e áreas internas. Tal realidade demonstra que a redução do quadro funcional atingiu todos os níveis da empresa, inclusive aos funcionários com atuação institucional de liderança e com rendimento médio mais elevado.
A Entidade reforça que, diante das sucessivas quedas no faturamento, os estabelecimentos comerciais tiveram de reduzir seus custos e, consequentemente, realizar cortes no quadro de funcionários. A Federação prevê que 2016 será mais um ano difícil para o mercado de trabalho do setor, e a expectativa é que o aumento do desemprego permaneça ao longo do ano.
Varejo paulistano
Foram eliminadas 4.147 vagas no varejo da cidade de São Paulo em dezembro. A ocupação formal atingiu 662.117 empregados, queda de 0,6% na comparação com o mês anterior. De janeiro a dezembro de 2015, o saldo acumulado foi negativo em 18.151 empregos – o que levou à diminuição de 2,7% do estoque total.
Das nove atividades pesquisadas, os destaques negativos de 2015 foram os setores de lojas de vestuário, tecidos e calçados (-6.396 vagas) e de concessionárias de veículos (-2.066). Por outro lado, desempenhos positivos foram registrados nos segmentos de supermercados (1.784) e de farmácias e perfumarias (1.563).
Nota metodológica
A Pesquisa de Emprego no Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PESP) analisa o nível de emprego do comércio varejista. O campo de atuação está estratificado em 16 regiões do Estado de São Paulo e nove atividades do varejo: autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamento; matérias de construção; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecido e calçados; supermercado e outras atividades. As informações são extraídas dos registros do Ministério do Trabalho e Emprego, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e o impacto do seu resultado no estoque estabelecido de trabalhadores no Estado de São Paulo, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
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