A chegada da pandemia e seu inevitável impacto nas vendas trouxe ao varejo a necessidade de rever gastos para se manter firme ao longo da crise sanitária. Com a retomada das atividades, aquelas ações que visavam a sobrevivência podem agora se transformar em importantes diferenciais competitivos. No caso da Tintas MC, líder no varejo de tintas no Brasil, a implantação de uma nova tecnologia de coleta de dados em janeiro de 2020 chamou a atenção da rede para unidades que poderiam melhorar a relação entre custo fixo e faturamento. Com o lockdown, a questão ganhou um sentido de urgência, e a rede usou as informações reunidas para adotar medidas como mudanças de ponto e renegociação com os proprietários. Hoje, essas ações representam uma economia de R$1,93 milhão ao ano em relação ao gasto total com aluguéis antes da pandemia.
“Investimos na melhoria da coleta de informações para ter tudo de forma mais clara e rápida. Estávamos há muito tempo sem mudar de ponto. Porém, com as demandas que a pandemia trouxe, tivemos agilidade para identificar as lojas em situação mais crítica e propor ações de correção”, afirma Lucas Lucianelli, diretor Administrativo e Financeiro da Tintas MC.
Segundo Lucianelli, as unidades que mais chamaram atenção para a necessidade de mudanças foram aquelas cujo valor do aluguel representava mais do que 10% do faturamento. Nesses casos, a rede procurou realizar mudanças internas, como renegociação com o proprietário, ajustes na equipe de vendas ou tentativas de melhorar a rentabilidade. Apenas nos casos em que não era mais possível ampliar os ganhos nem reduzir os custos, a troca de local surgiu como opção.
“Eram lojas que estavam há muito tempo no mesmo lugar, algumas por mais de 30 anos. Por esse motivo, procuramos mudar para um imóvel próximo, e conseguimos na maioria dos casos ficar na mesma quadra ou rua. O impacto da pandemia acabou se mostrando favorável, pois havia uma grande oferta de imóveis. Encontramos novos pontos nas mesmas condições de estrutura, mas por valores reduzidos”, revela o diretor.
Assim, em um intervalo de apenas seis meses, a Tintas MC migrou 10 lojas, sendo a maioria na capital paulista e cidades vizinhas. Em alguns casos, a redução do aluguel foi superior a 60%. No início de 2022, vieram mais duas trocas. Essas ações, somadas à renegociação dos valores nos locais em que a rede permaneceu, permitiram reduzir os gastos mensais com aluguel de R$890 mil antes da crise sanitária para R$719 mil, uma economia superior a 19% sem considerar a inflação do período.
“Com os dados coletados, entendemos melhor o perfil do consumidor e alteramos o perfil das lojas para atender suas necessidades. Notamos, por exemplo, que existia uma área muito grande para exposição dos produtos, e isso não conversa tanto com o cliente. Como temos um Centro de Distribuição que faz entregas com agilidade, conseguimos reduzir o espaço de venda sem perder eficiência, e investimos em um retrofit para dar uma cara mais moderna para as lojas”, afirma.
Eficiência apoiada na tecnologia
Mais do que apenas identificar os pontos em que o aluguel representava um custo muito elevado frente ao faturamento da loja, o novo software de coleta de dados permitiu que a rede adotasse uma série de outras ações visando eficiência. Um exemplo está no processo de aquisição e distribuição dos materiais de limpeza, copa e escritório. Antes, a Tintas MC comprava, armazenava em seu próprio Centro de Distribuição e fazia a entrega em cada uma das lojas, o que ocupava espaço e gerava gastos extras com pessoal e transporte.
“Encontramos um fornecedor que faz todo esse trabalho de enviar para nossas unidades conforme a demanda, o que nos deu uma importante vantagem logística e reduziu os custos em quase 20%. O sistema tem sido de grande ajuda para enxergarmos esses gargalos e fundamentar nossas decisões. Conseguimos ajustar a equipe, ver a média de faturamento por funcionário e até identificar quais gerentes se adequam melhor a determinados perfis de loja”, encerra Lucianelli.