O setor de serviços do município de São Paulo ainda sofre com a recessão. Em dezembro, as receitas do segmento atingiram R$ 22,6 bilhões, queda real de 1% na comparação com o mesmo mês de 2015. Com isso, o setor soma 17 meses de quedas consecutivas na comparação interanual. O resultado de dezembro de 2016 foi o menor já visto para o mês desde 2012, apontando que o setor já teve períodos mais prósperos e tem apresentado recuperação lenta.
No acumulado do ano o faturamento real do setor alcançou R$ 263,4 bilhões, queda de 3,4% em relação a 2015 e que representa uma perda de R$ 9,3 bilhões. Vale ressaltar que em 2015 o setor de serviços paulistanos já havia sofrido um recuo de 2,8% em suas receitas na comparação com 2014. Isso significa que nos últimos dois anos, o faturamento real do segmento caiu R$ 17,2 bilhões.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Setor de Serviços (PCSS), que traz o primeiro indicador mensal de serviços em âmbito municipal, elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados de arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) do município de São Paulo, fornecidos pela Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico. O município de São Paulo tem grande relevância nos resultados estaduais e nacionais do setor de serviços, representando aproximadamente 20% da receita total gerada no País.
Das 13 atividades avaliadas, sete registraram recuo no faturamento real em dezembro no comparativo com o mesmo mês de 2015, sendo as variações mais expressivas observadas nos serviços técnico-científico (-28,6%); turismo, hospedagem, eventos e assemelhados (-23,3%); representação (-19,1%); conservação, limpeza e reparação de bens móveis (-11,4%); e mercadologia e comunicação (-11,3%). Essas cinco atividades, juntas, contribuíram com -2,9 pontos porcentuais (p.p.) para a queda do setor de serviços total no mês.
Por outro lado, o resultado positivo mais significativo ficou por conta dos serviços relacionados à saúde, assim como ocorreu ao longo de todo o ano, com alta de 25,1% em dezembro no comparativo interanual, o que aliviou a queda no resultado final do setor de serviços em 2 pontos porcentuais.
De acordo com a FecomercioSP, o impacto da crise econômica e política atingiu negativamente o setor produtivo brasileiro. A indústria foi a primeira a ser impactada, em 2014. Na sequência, o varejo passou a registrar resultados negativos e pouco tempo depois, a partir de 2015, o setor de serviços. No mesmo sentido, será a recuperação dos respectivos setores.
Dentre as atividades pesquisadas pela PCSS, os serviços relacionados à Saúde foram os que registraram variações positivas mais significativas no ano, e isso se justifica, segundo a Entidade, pelo próprio aumento do desemprego. As pessoas tentam antecipar consultas e exames que necessitam enquanto ainda possuem convênio médico. No que diz respeito às demais atividades, o resultado negativo se dá como reflexo da crise econômica e política que se assolou pelo País.
Para a Federação, as perdas registradas pelo setor de serviços serão recompostas à medida que os demais setores da economia se recuperarem, dependendo, assim, da retomada dos indicadores de emprego, renda, crédito, redução dos juros e queda da inflação – variáveis determinantes para o consumo. A Entidade pondera ainda que a retomada de tais indicadores colaborará para que a confiança dos empresários seja restabelecida de forma a realizar eventuais investimentos e/ou contratação de determinados serviços.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Setor de Serviços (PCSS) é o primeiro indicador mensal de serviços em âmbito municipal e utiliza informações baseadas nos dados de arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) do município de São Paulo, por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Prefeitura de São Paulo e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O indicador conta com uma série histórica desde 2010, permitindo o acompanhamento do setor em uma trajetória de longo prazo.
As atividades foram reunidas em 13 grupos, levando em conta as suas similaridades e a representação no total do que é arrecadado do ISS no município. Por meio dos relatórios gerados, é possível identificar o total do faturamento (real e nominal) por atividade, as variações porcentuais em relação ao mesmo mês do ano anterior (T-T/12) e mês imediatamente anterior (T-T/1) e o acumulado no ano.
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