A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), aponta que 53,6% das famílias paulistanas possuíam algum tipo de dívida em fevereiro. O porcentual é tecnicamente igual ao de janeiro (53,3%), mas 5,1 pontos porcentuais acima do registrado no segundo mês do ano passado, o que significa um aumento de 214 mil para um total atual de 2,09 milhões de famílias endividadas.
A taxa de inadimplência obteve um leve aumento, passando de 17,8% em janeiro para 18,3% em fevereiro. Na comparação anual, o crescimento foi de 1,8 ponto porcentual. No total, 713 mil famílias na capital paulista não conseguiram quitar a dívida na data do vencimento. A parcela de famílias que afirmou que não terá condições de pagar as dívidas em atraso no próximo mês é de 7,7%. Apesar do pequeno aumento de 0,7 ponto porcentual (p.p) em relação a janeiro, houve queda na mesma proporção (0,7 p.p.) na comparação anual.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o resultado geral sofreu pouca alteração em relação a janeiro, mas sinaliza para um consumidor mais endividado em relação ao ano passado, cenário também apontado pelos dados do Banco Central, que mostram queda na taxa de juros e aumento na oferta de crédito. A conjuntura de inflação baixa e melhora no mercado de trabalho proporciona mais segurança ao consumidor em comprometer a sua renda futura com dívida e também ao sistema financeiro em emprestar.
A Entidade destaca, porém, que mesmo com o avanço da inadimplência não há motivos para ligar algum tipo de alerta. O atual patamar, por exemplo, está um pouco abaixo do porcentual médio de famílias com contas em atraso do ano passado, de 18,8%. No período pré-crise, por exemplo, em 2013, a média do endividamento e inadimplência foi de 53,5% e 16,2%, respectivamente. O que difere neste momento é um porcentual um pouco maior de inadimplência, mas nada fora dos parâmetros aceitáveis, sobretudo após passar pelo pior período econômico que o País já teve, destaca a FecomercioSP.
Faixa de renda
Na segmentação por faixa de renda, o quadro menos confortável é o do grupo de famílias com renda mais baixa, de até dez salários mínimos, cuja proporção de endividamento atingiu 57,9%, leve aumento de 0,5 p.p. em relação a janeiro e alta de 5,1 p.p. na comparação anual. A inadimplência seguiu a mesma tendência, passando de 23,1% em janeiro para 23,5% em fevereiro. Neste mesmo período de 2017, o porcentual de famílias com contas em atraso para este grupo foi de 21,2%.
No grupo das famílias com renda mais elevada, acima de dez salários mínimos, a taxa de endividados ficou tecnicamente estável, de 41,5% para 41,3%. No entanto, no contraponto anual, houve aumento de 5,4 pontos porcentuais. E a inadimplência atingiu 6,4%, alta mensal de um ponto porcentual.
Tipo de dívida
O cartão de crédito seguiu na primeira posição em relação ao tipo de dívida das famílias paulistanas, com 74,4% – tecnicamente igual ao porcentual de janeiro (74,7%) –, mas 4,4 pontos porcentuais superior ao registrado em fevereiro de 2017. Na sequência, bem abaixo, vieram os carnês, com 14,5%, seguido de financiamento de carro, com 12,5%, e financiamento de casa, com 10%.
Metodologia
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista.
O objetivo da PEIC é diagnosticar o nível de endividamento e de inadimplência do consumidor. A partir das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: nível de endividamento, porcentual de inadimplentes, intenção de pagamento de dívidas em atraso e nível de comprometimento da renda. Tais indicadores são observados considerando duas faixas de renda.
A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do comprador com as dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos.
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