Microfranquias geram oportunidade de autonomia para mulheres brasileiras

Nos últimos 50 anos as mulheres vêm ocupando posições de referência nas diversas esferas da vida social, econômica, cultural e política no Brasil. No empreendedorismo, o cenário é o mesmo. De acordo com um estudo divulgado pelo Sebrae em 2015, o país possui mais de 7,3 milhões de mulheres empreendedoras. Isso representa 31,1% do total de 23,5 milhões de empreendedores que empregam no país. E a cada dia, esse número aumenta mais.

O que contribui para essa realidade é o posicionamento da sociedade diante da cultura atualmente “modernizada” pela evolução da tecnologia. Apesar de certa resistência e alguns preconceitos ainda existentes, hoje, muitos já não visualizam a mulher como responsável apenas pelos serviços domésticos e dos filhos. Muitas mães incentivam suas filhas desde cedo a buscarem independência e uma boa posição no mercado de trabalho. E os maridos, criados por essas mulheres, também estimulam suas esposas para que juntos possam se desenvolver profissionalmente.

E, seja por necessidade, para complementar a renda familiar, ou até mesmo por vocação, a mulher tem mostrado sua capacidade e provado ao mercado sua habilidade em liderar desde pequenas e médias a grandes corporações. Além de mostrar sua eficácia em gerar bons resultados.

No que diz respeito ao universo empreendedor, a classe social já não é um desafio tão grande como antigamente devido às possibilidades encontradas. As microfranquias – modalidade de negócio que exige investimento de até R$90 mil – por exemplo, tem sido um passe para as mulheres entrarem no universo empresarial, conquistarem seu espaço, sua independência e mostrarem seu valor. Muitas enfrentando paralelamente uma dupla jornada. Veja história de mulheres que recentemente encontraram nas “micros”, essa oportunidade para mudar de vida.

Empreendedora após os 50

Ana Rita Pereira, 56 anos, trabalhou muitos anos em emissoras de TV na cidade em que mora, Capanema (PA). Em 2016 resolveu apostar no sonho que sempre adiava, o de conquistar o negócio próprio. Em julho, investiu R$6 mil, se tornou franqueada da PremiaPão (rede de franquia especializada em propaganda em saco de pão), e começou conduzir a operação em agosto. “Esperava ficar no meu antigo emprego pela manhã e à tarde na PremiaPão, mas o meu patrão não aceitou e eu pedi desligamento da empresa para empreender, para ser feliz”, relatou.

A empresária que é graduada em história e cursa pós em marketing, revela que a atitude foi movida principalmente para que ela alcançasse a satisfação pessoal. “Alguns amigos me perguntaram se eu estava doida, largando um emprego seguro para aventurar em um negocio próprio a essa altura da vida. Então resolvi empreender sim, para ser FELIZ! Para ter SUCESSO! Para muitos essa questão está ligada diretamente ao dinheiro, mas pra mim, está ligado a minha satisfação pessoal, que é buscar e transformar meu sonho em realidade! Isso é fácil? Não. Isso é rápido? Também não. É preciso ter foco, persistência e determinação! Eu penso: se alguém conseguiu, eu também consigo! Se ninguém conseguiu, eu posso ser a primeira”, explicou Pereira, dizendo que hoje possui uma renda mensal de R$2.400,00 – o mesmo que ganhava como empregada. Mas afirma que se depender dela e de seus esforços, o valor é temporário.

Em relação à vida profissional, Ana Rita conta que já enfrentou certos machismos, mas que passou por esses obstáculos sem muitas delongas. “Me deparei com muito preconceito. As minhas opiniões não tinham a mesma importância que a do colega, simplesmente porque ele era homem. O ingresso da mulher no mercado de trabalho tem crescido, mas ainda é muito grande a situação de desigualdade de oportunidades. Houve avanços em diversas questões, mas ainda estarmos muito distante da situação ideal. Acredito que o mais importante é que ‘cada uma’ faça sua parte, dessa forma, continuaremos transformando o mundo para as próximas gerações”, finaliza.

Habilidade reprimida

A empreendedora Eliana Marques, 33 anos, diz que sempre sonhou com o empreendedorismo e passou a vida buscando oportunidades de negócios. Ela diz que vez ou outra encontrava algo, mas nada muito sólido e por isso se continha. A jovem que mora em Campinas (SP) já trabalhou com vendas, foi professora e até mesmo cozinheira, mas nada a completava de verdade. Há um ano, tomou coragem e entrou de cabeça nos negócios por meio da Acqio Franchising – rede de franquias especializada em pagamentos eletrônicos.

O investimento? R$ 6.990. “Hoje vejo o mercado totalmente receptivo para nós mulheres, afinal conseguimos fazer malabarismo em tudo, executar várias tarefas ao mesmo tempo e carregar mais de uma jornada se preciso for”, revela – grande parte dos franqueados Acqio são mulheres. Marques conta que o fato de ser mulher ajuda muito nas vendas. Mas ela não vê isso como um benefício e, sim, como uma habilidade a mais, já que considera o sexo feminino mais dinâmico e comunicativo.

Além de empresária, Eliana conduz uma atividade paralela e acumula uma renda que gira em torno de nove salários mínimos. Mas fala que só ficará tranquila quando acumular 100 salários, e já estipulou um prazo para que isso aconteça: 10 anos. Se intitulando como independe, ela diz depende apenas dela mesma: “Sou totalmente dependente dos meus resultados que dependem dos meus esforços, que dependem do meu foco (risos). Financeiramente me considero independente, mas muito sonhadora”, conta.

Hoje, ela consegue administrar com tranquilidade o negócio, mas confessa que no início não foi fácil, mas ao longo do tempo conseguiu se adaptar. “Conciliar trabalho, casa e filhos é coisa de artista! Quero ter história para contar aos meus filhos, e terei!”, diz. 

Mudança de vida

Moradora de Americana (SP), Mariela Rozinelli Paro, 34 anos, dedicou 16 anos a uma instituição financeira que a remunerava bem e oferecia bons benefícios, porém, restringiam horários específicos de entrada, mas nunca de saída e impunham metas abusivas. Essa junção de fatores levou Mariela a não ter tempo para a vida pessoal, apenas para a empresa – o que afetou consideravelmente sua qualidade de vida e a levou a depressão. “Eu era apenas ‘mais uma’ a gerar lucro – minha existência era resumida em trabalho. Entrei em quadro depressivo, fui afastada por médicos e após a licença terminar, fui dispensada”, relevou a jovem.

Após ser afastada do emprego, Mariela buscou alternativas para se recolocar no mercado de trabalho. Após um período de descanso alinhado a muito estudo de mercado, ela resolveu empreender por meio da Acqio Franchising. “Foi ai que a minha vida mudou para muito melhor. Hoje cumpro meus horários de acordo com a necessidade de cada cliente. E posso garantir que realizar um atendimento aos domingos, caso seja necessário, é um prazer e não uma obrigação. Tenho tempo suficiente para dedicar ao trabalho, sem deixar de lado minha saúde, família e filho”, desabafa a empresária dizendo não encontrar muitas dificuldades por ser mulher, mas que atribui os desafios à competência de cada ser, independente do gênero.

Tamanho desempenho garantiu a Mariela a necessidade de avançar no empreendedorismo e, por isso, apesar de ser franqueada há apenas 10 meses, ela já comprou mais três unidades da Acqio. A renda mensal? Bem superior ao que possuía anteriormente – mesmo com o cumprimento dos horários extensos e horas extras. Atualmente ela consegue levantar de R$6 mil a R$ 12 mil. “Quanto maior o empenho e dedicação, maior a renda”, disse.

Complementar a renda

Servidora pública há seis anos, a advogada Fernanda Lima Filgueiras, 29 anos, buscava por algo diferente para complementar seu tempo de trabalho e também a renda mensal. Apaixonada por viagens encontrou nesse nicho a possibilidade de abrir um negócio, e então, resolveu se arriscar na Encontre Sua Viagem (Franquia especializada em serviços turísticos). “Optei pela microfranquia porque o investimento é pequeno (a partir de $5 mil), assim como o risco do empreendimento. Continuo atuando como servidora pública e faço o trabalho da agência de turismo no meu tempo que sobra, assim consigo juntar o que gosto de fazer com uma renda extra”, revelou a jovem que está a 11 meses conduzindo a operação e já possui um faturamento de R$5 mil.

Mulher moderna, dona de seu dinheiro e de suas vontades, ela se diz satisfeita conduzindo os dois trabalhos. Simultaneamente, encontra tempo também para cuidar da casa, ir ao supermercado, a academia, cuidar da família e de demais afazeres. Segundo Fernanda, esse é o dom natural das mulheres. “Costumamos ser mais detalhistas, muitas vezes mais rápidas no que fazemos e conseguimos dar conta de mais coisas ao mesmo tempo – o que torna alguns cargos mais propícios de serem exercidos por nós. Entretanto, muita coisa ainda tem que evoluir para que possamos alcançar as mesmas oportunidades que os homens. Infelizmente o preconceito ainda é uma barreira”, finaliza. 

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