Marcas usam parcelamento para impulsionar venda de franquias

Não é de hoje que o brasileiro prefere parcelar suas compras. O recurso, quando bem utilizado, pode até mesmo viabilizar alguns sonhos, como, por exemplo, o de abrir um negócio próprio. Oportunidade, inclusive, que vem sendo bem explorada pelas marcas que atuam no segmento de nanofranquias – modelos de franquias com investimento total de até R$20 mil.

Henrique Mol é um empreendedor mineiro, detentor de uma holding com seis empresas no mercado, ele encontrou no parcelamento uma forma de expansão de negócios, e por isso, para duas delas, permitiu a realização dessa facilidade.

Franquias em até 12x no cartão

A Encontre Sua Viagem, como o nome sugere, é uma marca atuante no setor de turismo. Com serviços que vão desde a venda de pacotes de viagens ao aluguel de veículos, possui um valor de investimento bem acessível para seus dois modelos de negócios, em especial para o home office: R$7 mil. A loja física exige capital de R$45 mil.

Desde que iniciou a operação em 2011, o empresário proporciona ao investidor a possibilidade de parcelar a franquia home office em até 12x no cartão. “O franqueado pode dividir a taxa de franquia que é de R$5 mil, os outros R$2 mil são de capital de giro, e esse valor ele precisa ter em mãos para respaldar o negócio”, relata.

A estratégia para atrair o público sempre deu certo, no último ano, cerca de 20% dos contratos fechados vieram de pessoas interessadas exclusivamente nessa forma de pagamento.

Conservador, porém, induzido pela audácia necessária no empreendedorismo, Mol levou essa possibilidade também para a outra rede que dirige, a Bidon Corretora de Seguros. Assim que a marca entrou para o grupo, em 2016, a análise sobre os valores entraram em ação, e junto à isso, a possibilidades de pagamento.

Após um período de atuação no franchising, Henrique então deu início a esse plano de comercialização. “Essa é uma negociação que não tem erro, o interessado sempre fecha negócio. Por isso, agregamos essa possibilidade a princípio também à Bidon. Neste caso, o investimento total é de R$11.990, o franqueado pode pagar parcelado (em até 12x) a taxa de franquia que é de R$9.990”, explica ele, dizendo que os R$2 mil restantes também são de capital de giro.

O objetivo, a médio e longo prazo, é levar a todos os empreendimentos que administra essa forma mais flexível de pagamento. E, para isso, Henrique estuda todas as possibilidades, já que as suas franquias são de valores bem alternativos que vão até R$196 mil.

Uso consciente do crédito

Os gastos com uma operação franqueada, vão um pouco além da taxa de entrada, o franqueado precisa se atentar a outros custos, como, por exemplo, o royalties e a taxa de publicidade que geram uma despesa mensal a ele. “Por isso, é preciso ter cautela na hora de adquirir um negócio, existe um compromisso financeiro. Nós sempre fazemos uma análise completa da situação do investidor, desde as dívidas fixas até o cenário econômico da região e a expectativa de faturamento”. A fala é do Antônio Brizoti Junior, diretor de expansão à frente da Acqio – rede de franquia especializada em maquininhas para pagamentos eletrônicos.

Ele releva que a ação faz parte de um “business plan”, no qual, aborda uma visão geral sobre as projeções financeiras do investidor, apontando também o tempo necessário para o pagamento da taxa de franquia e o capital de giro inicial, até ser suficiente para equilíbrio do fluxo de caixa.

Esse planejamento nasceu (em 2017) já em conjunto com ideia de implantar o parcelamento do negócio. E o motivo, segundo Rollo, vem aliado ao rápido retorno que o modelo propicia ao investidor: 4 a 12 meses! “Porém com possibilidade de até menos tempo como temos registrado, o que varia é também o desempenho do franqueado”, explica ele.

Hoje uma franquia da Acqio é comercializada por R$7.500. E além do parcelamento em até 12 vezes no cartão, a rede ainda tem uma oferta própria em que permite parcelar o valor da taxa de franquia (R$5.500) em cinco vezes, mais entrada. Para ajudar nesse início, a rede isenta por seis meses o pagamento dos royalties – equivalente a 1/2 salário mínimo – e fornece um kit inicial com folders, cartões de visita, camisetas e blocos de proposta.

Após começar a oferecer essas condições de parcelamento, o diretor conta que houve uma procura maior por conta dos investidores. “Principalmente por estarmos no segmento de microfranquias, modelo home based, que não requer investimento em ativos fixos. Queremos trazer empreendedores que tenham experiência no porta-a-porta, vontade de ter o próprio horário de atuação, e que, em várias vezes percebemos que não tinham grandes limites no cartão de crédito. Mais de 90% dos nossos novos franqueados de uma rede composta por 750 operações, entram neste modelo de pagamento”, explica.

Parcerias com bancos

Nesse mercado cada vez mais competitivo, algumas redes de franquias buscam parcerias com bancos públicos e privados para financiamento de créditos especiais para seus franqueados. Foi o que fez a Gigatron Franchising, franquia especializada em software para gestão.

Padrão, a Gigatron oferece o parcelamento da taxa de franquia (R$10 mil) de suas modalidades que são de R$10.500 (home office) e R$13.900 (loja física) de duas formas: boleto em cinco vezes sem juros ou em até 12 vezes no cartão. Porém, há algum tempo vem atuando com essa parceria com os bancos. E promove mais uma alternativa para quem precisa investir.

“Temos a parceria com o Banco do Brasil na linha BB Franquia. Eles possibilitam até 12 meses de carência, taxa de juros 5% + TLP ao ano, equivalente a 0,93% ao mês. O financiamento cobre a taxa de franquia, Capital de Giro, projeto de reformar e adaptação, comunicação visual, moveis e utensílios, maquinas, equipamentos e veículos”, explica Victor Ruiz, gerente nacional da franquia.

O profissional revela que a empresa optou por essa união com o banco por ser um financiamento especifico para franquias e atender exatamente a necessidade dos franqueados. A dica, inclusive, partiu de um deles. E a partir de então, a marca adotou mais essa condição.

E a questões custos variados e despesas do negócio, também são uma preocupação da rede que busca orientar seus investidores a ter pelo menos dois faturamentos em caixa para auxiliar no capital de giro. Além do mais, a Gigatron sempre indica ao investidor a não comprometer mais que 20% do caixa gerado na operação para saldar o empréstimo. “Ainda que nossa operação não gere muitos custos, apenas a taxa de administração de 40% do salario mínimo e o preço de custo pelas licenças que forem vendidas. Mas essa regra é válida para todo e qualquer tipo de negócio não entrar e dívidas e acabar por falir”, explicou.

Para auxiliar nas questões financeiras, a rede promove até mesmo um planejamento juntamente com o candidato do plano de negócio, em seguida o time da franquia e franqueadora faz um trabalho a 4 mãos para executar e ter sucesso na franquia. Com 62 unidades, e 70% delas conquistadas pela forma facilitada pelo pagamento, o gerente garante que a estratégia vale a pena. “Muitos optaram pela facilidade do pagamento, esse tipo de ação ajudou no crescimento e consolidação da marca”, conclui.