O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do município de São Paulo registrou 100 pontos em agosto, marca que delimita a fronteira entre pessimismo e otimismo. O indicador passou dos 97,7 pontos em julho para os 100 pontos neste mês, crescimento de 2,4%. Desde abril de 2015 o índice permanecia abaixo dessa pontuação, refletindo o pessimismo do consumidor. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a elevação é ainda mais expressiva (18,2%).
O ICC é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Composto pelo Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e pelo Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), o indicador varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa pessimismo e acima de 100, otimismo.
O otimismo do consumidor foi retomado em agosto, graças ao aumento de 6,6% no índice que mede a percepção sobre as condições econômicas atuais (ICEA) que passou de 51,3 em julho para 54,7 pontos neste mês. No comparativo anual, porém, o subíndice ainda é 7,8% menor quando comparado aos 59,3 pontos apurados em agosto de 2015. O grupo que mais influenciou o resultado do indicador foi o de consumidores com renda inferior a dez salários mínimos, que registrou alta de 13,5% ao passar de 47,2 pontos em julho para 53,5 em agosto. Por outro lado, o ICEA das famílias com renda superior a dez salários exibiu queda de 4,9% em relação a julho, e de 13,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. O grupo passou de 60,1 em julho para 57,1 pontos em agosto.
O Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), outro componente do ICC, avançou pelo quarto mês consecutivo. O indicador subiu 1,3%, passando de 128,6 em julho para 130,3 pontos em agosto, o que representa alta de 28,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o subíndice marcava 101,6 pontos. Também houve discrepância de resultados entre as rendas familiares. Enquanto os consumidores que recebem até dez salários mínimos registraram elevação de 2,8%, ao passar de 124,8 em julho para 128,3 pontos em agosto, os consumidores com rendimentos acima de dez salários mínimos acusaram queda de 1,5%, passando de 136,6 em julho para 134,5 pontos em agosto. Na comparação anual, porém, os dois grupos apresentaram crescimento de 32,4% e 20,8%, respectivamente.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar da recuperação em relação ao mês anterior, as condições econômicas atuais do brasileiro permanecem ruins (inflação alta, desemprego em elevação e crédito escasso e caro) e a alta da confiança do consumidor nos últimos meses foi quase que inteiramente motivada pela melhora nas expectativas iniciada durante o começo do governo interino.
Ainda assim, tanto a confiança dos consumidores como a dos empresários vem surpreendendo positivamente, com seguidas altas. Para a Entidade, já existem sinais mais concretos, ainda que sutis, que sugerem um segundo semestre melhor que o primeiro. No entanto, a recuperação do nível de atividade de maneira mais sustentável depende das reformas fiscais propostas, que são fundamentais para a queda dos juros, a estabilização do Real e, consequentemente, para a normalização do ciclo de consumo.
Metodologia
O ICC é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.
Os resultados são segmentados por nível de renda, gênero e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central dos Estados Unidos.
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