Um dos grandes desafios enfrentados hoje pelas micro e pequenas empresas é a profissionalização da gestão empresarial. Com o mercado cada vez mais competitivo a corrida para manter a marca em evidência e alcançar resultados faz alguns empresários se apoiarem no improviso que mais cedo ou mais tarde poderá trazer resultados negativos.
Boa parte das empresas brasileiras é formada por familiares, o que gera certa vantagem, já que é natural ter confiança nessa relação entre parentes. Mas e quando essa relação começa comprometer os negócios, o que fazer?
Carlos Alexandre Gomes, diretor executivo do Banneg – Banco de Negócios (rede de franquias especializada em consórcios e financiamentos) conta que atualmente o maior desafio de conciliar o trabalho com pessoas da mesma família consiste em saber separar as desavenças que ocorrem com a tomada de decisões durante a solução de problemas profissionais, não levando pra casa o resquício das opiniões desencontradas.
O empresário divide as decisões administrativas com seu sócio e também com sua esposa Caroline Prosdoskimys Gouvêa e sabe muito bem deixar os problemas pessoais do lado de fora da empresa. Assim como também “virar a chavinha” e ser marido e mulher ao invés de colegas de trabalho. O escritório fica fora, quando a porta de casa se abre.
Profissionalismo
Caroline durante muitos anos desenhou diversos processos internos e hoje conduz o departamento administrativo da empresa com maestria.
Outra funcionária muito elogiada por Carlos dentro da empresa é a filha de seu sócio, que apesar da pouca idade, já desponta no departamento comercial da empresa, na unidade piloto, sempre pronta para dar atenção aos clientes, se revelando com grande potencial para o mundo dos negócios.
“Todos temos salários e não somente isso. Nosso pessoal familiar tem registro em carteira, benefícios e os mesmos direitos e deveres (horários) que qualquer outro funcionário. É importante que eles compreendam que, mesmo se tratando de uma empresa familiar, o trabalho deles é necessário para o crescimento e sucesso da empresa”, afirma Gomes.
Colocando em prática
O diretor executivo lista algumas dicas que o tem ajudado a dividir o espaço empresarial com pessoas da mesma família. A principal delas é definir horários. “Refeições são refeições em família. A “hora da pipoca” deve sempre acontecer. Compromissos religiosos, sociais ou de família não podem dar lugar a ligações, consulta de e-mails, entre outros assuntos empresariais. Contudo, o inverso acontece no escritório. E quando isso ocorre é necessário a mesma atenção, como por exemplo, dizer: ‘Não, não posso levar o cachorro para tomar banho, pois estou no trabalho’. É assim que tem que ser durante o horário comercial”, frisa.
Para profissionalizar a gestão empresarial, o empresário revela que o que ajudou muito dentro do Banneg foi a criação de um corpo de conselheiros que são gestores de equipes. Sempre as decisões são tomadas com base na opinião deste conselho afim de não personalizar demais o que é definido. “Não existe cobrança individual se, no final, foi tudo debatido. Do contrário, decisões com resultado ruim podem ser “jogadas na cara” em momentos fora do trabalho “azedando”, por exemplo, um belo domingo em família”, diz.
Já quando o assunto é o desafio para profissionalizar ainda mais, a dica apostada pelo empresário é encontrar tempo e ter disciplina para ler a respeito do tema; fazer cursos e participar de treinamentos específicos. Hoje já há disponível no mercado inúmeras ferramentas e instrumentos para aqueles que procuram melhorar seus procedimentos.
Sem privilégios
Numa empresa familiar, o trabalho de gestão de pessoas adquire uma dimensão muito maior, pois é necessário administrar as relações dos colaboradores entre si e o relacionamento entre os familiares.
Neste caso, para conquistar o engajamento de todos para obter os melhores resultados possíveis, Carlos afirma que é necessário mostrar a visão de que não é pelo fato de ser sobrinho, esposa, filho ou amigo do patrão que será concedido um cargo elevado dentro empresa. “Pelo contrário, mostramos que dentro da rede há plano de cargos e carreiras, baseado na meritocracia (empresarial) e efetivamente botando-o para funcionar”, acrescenta.
O Banneg oferece ainda a seus colaboradores participações em resultados (comissões, bônus e prêmios) como forma de reconhecimento por seu trabalho desenvolvido de maneira eficaz gerando resultados positivos para a empresa. Carlos acredita que campanhas internas com prêmios, viagens, entre outros, podem motivar o pessoal. Mas nada é tão empolgante como a possibilidade de promoção.
Quando questionado sobre a importância de separar trabalho e vida pessoal dentro da empresa o empresário é enfático: “É necessário não prejudicar os negócios e evitar passar a visão aos funcionários que o importante é ser da família e ao mesmo tempo não deixar que se trabalhe menos por ser ‘de casa’”, conclui.