Entre templos e uma paisagem natural de tirar o fôlego, o som de espátulas metálicas batendo em uma chapa de aço foi o que chamou a atenção do empresário Roger Alex Rodrigues, 37 anos, em uma viagem à Tailândia. O sorvete de rolinho, produzido artesanalmente em uma placa gelada, foi uma surpresa das terras asiáticas que Rodrigues transformou em uma marca de sucesso no Brasil.
Na chamada Terra dos Sorrisos, país conhecido pelo lema budista Sanuk Sabai e Saduak (Seja feliz, fique tranquilo e contente-se com aquilo que a vida te oferece), o sorvete de rolinho é uma iguaria que encanta crianças e adultos. A simplicidade das pessoas e a alegria nos pequenos gestos foi o que motivou Roger a reinventar o doce tailandês para o paladar brasileiro através da Ice Cream Roll.
Com a missão de proporcionar uma experiência única de sorvete, vindo do outro lado do mundo, a marca inova como pioneira da receita asiática em nosso país. O empresário, que sempre almejou construir um legado, viajou para longe para realizar um sonho no Brasil.
O olhar atento sobre outra cultura instigou Roger a transformar a culinária tailandesa em um negócio brasileiro próspero que faturou R$ 57 milhões em 2024, um crescimento de mais de 41% comparado com 2023. Hoje, a marca fatura R$ 61 milhões e almeja encerrar este ano com faturamento de R$ 86 milhões.
A empresa criada em 2017 em Indaiatuba, no interior de São Paulo, possui 90 unidades presentes em 18 estados. A projeção é que em 2025 alcance mais 50 unidades. Atualmente, a Ice Cream Roll é considerada a maior rede de franquias de sorvetes na chapa do planeta.
Empreendedorismo: Um sonho que nasceu das adversidades da vida
Antes do sorvete de rolinho se tornar um sucesso de vendas e um modelo de franquias presente no Brasil inteiro, a vontade de ser um grande empresário era um desejo distante para Roger. Transformar o sonho de menino em uma realização de vida profissional não foi tarefa fácil. “O mérito de progredir como empresário é resultado de anos de dedicação, erros, acertos e um tanto de fé”, diz o empresário.
Natural de Campinas, interior de São Paulo, o CEO da Ice Cream Roll cresceu entre as aspirações empreendedoras do pai, proprietário de uma loja de roupa unissex na cidade, na década de 1990.
Ainda que o trabalho árduo do pai tenha servido de estímulo para que Roger almejasse se tornar um empresário de sucesso, foi o trabalho em lojas de shopping e em recepção de eventos que despertaram o desejo por se sobressair no mercado de negócios. “Ali, entre as gôndolas das lojas entendi que a chave para o sucesso é a perseverança e a vontade de criar algo com o suor do próprio esforço”, acrescenta.
Viagem de turismo transformou a vida do engenheiro
Do trabalho em lojas, Roger investiu nos estudos e se tornou tecnólogo de automação industrial com pós-graduação em gestão de projetos. O foco na carreira na área de engenharia o fez construir uma trajetória profissional em uma multinacional de tecnologia por seis anos.
Lá, o empresário começou o trabalho como técnico de processos, depois se tornou analista e por último se tornou supervisor de engenharia. “Meu principal trabalho era treinar e adaptar os processos de produção do celular iPad na filial da China para o Brasil”, relembra.
A experiência em uma empresa multinacional fez Roger, um rapaz que outrora ajudava o pai em sua loja no interior paulista, despertar para o mundo. Viagens a trabalho para China o fizeram tomar gosto por decolar do Brasil para lugares distantes e exóticos do mundo. “Costumo brincar que a curiosidade é o que torna a alma de uma pessoa comum em um viajante nato”, diz.
Descobrir as diferenças entre a própria cultura e os valores de lugares como China e Tailândia se tornou uma das atividades preferidas de Roger, fosse em viagens a passeio ou em missões de trabalho.
Em uma dessas aventuras, Roger se atentou a uma novidade tailandesa, o sorvete de rolinho, algo desconhecido até então. A sobremesa gelada elaborada em uma chapa entre -20º C e -25º C com uma base de leite misturada aos sabores preferidos do freguês, se tornou um estalo para o então engenheiro. O coração de empreendedor bateu mais forte e o sonho de construir uma marca ressurgiu: ele sabia que ali estava a receita para o sucesso.
Com carreira promissora, largou tudo para investir no próprio negócio
O retorno da viagem da Tailândia para o Brasil teve um sabor especial. Determinado “a fazer acontecer”, em suas próprias palavras, o engenheiro decidiu abandonar uma carreira sólida em multinacional de tecnologia para empreender em 2017.
“Eu enxerguei uma oportunidade de negócio do outro lado do mundo e acreditei no potencial que a receita teria em nosso país”, ressalta.
O primeiro passo foi pedir a rescisão do contrato de trabalho e investir o capital de uma vida em um sonho, até então, distante. Cerca de R$ 80 mil foram desembolsados para que a Ice Cream Roll se tornasse uma marca com capacidade de expansão. “No início tive muito receio, pois tinha uma carreira consolidada, porém eu sabia que já estava na hora de dar esse passo”, fala Roger.
Em certas ocasiões, ele relembra, houveram dificuldades, afinal, era um caminho incerto. Mas o jovem não se abateu e perseverou na meta de transformar o doce tailandês em um queridinho dos brasileiros. A insistência deu certo: em oito anos de operação a marca acumula 90 unidades (sendo 5 próprias e 85 franqueadas) em todo o país.
De lá para cá, foram muitas as tentativas de adaptar os ingredientes para o paladar nacional. No início, a técnica tailandesa era uma novidade e o processo até se obter a receita original em rolinhos foi repleto de testes. Foi o próprio empresário quem arregaçou as mangas e se transformou em chef de cozinha ao incluir chocolates, doce de leite, creme de avelã e frutas frescas como receitas originais de sorvete em rolinho feito na hora.
A mistura da tradição oriental aos sabores brasileiros, ao final, resultou em uma receita única, “abrasileirada”, criada por Roger.
“O modo de preparo da sobremesa é o que chama a atenção: consiste de uma base pronta misturada aos sabores escolhidos pelos clientes. O segredo é saber equilibrar o gelo à massa para fazer um sorvete cremoso. O resultado final depende da criatividade de cada um”, ensina. Seja com frutas, chocolates ou biscoitos, uma infinidade de combinações personalizáveis, compõem o doce gelado que a cada ano conquista mais fãs brasileiros.
Hoje, o produto se tornou um petisco instagramável que estimula não apenas o apetite, mas, também, o desejo por compartilhar fotos de uma receita vinda, especialmente, de uma cultura tão surpreendente quanto a tailandesa.
Metas para o futuro da Ice Cream Roll
Se outrora, em 2017, o jovem engenheiro se viu sem trabalho, sem renda, com uma receita incerta nas mãos e apenas um objetivo na mente, hoje o sonho se tornou realidade.
Em 2025, a meta é alcançar 140 unidades no Brasil, expandir principalmente a marca para os estados da Bahia e Rio de Janeiro, e bater a meta de R$ 86 milhões no faturamento.
Atualmente, a Ice Cream Roll é uma franquia que oferece seis modelos de negócios para ampla gama de empreendedores. Para quem possui pouco capital, a rede lançou este ano o modelo franquia autônoma (freezer em comodato), com valor total de R$ 44 mil, já incluso taxa de franquia, capital de giro e instalação. A rede também oferece o modelo franquia de eventos, muito usado para quem busca uma renda extra, pois não exige gastos com ponto físico, e o investimento total é de R$ 59 mil. Para investimentos robustos há possibilidade de abertura de lojas com até R$ 227 mil iniciais. Além destes, a marca traz opções de formatos como quiosques compactos, premium e externos para ambientes como shoppings centers e outlets. O faturamento médio mensal dos modelos gira em torno de R$ 3.200 mil a R$ 87 mil mensal, com lucro líquido entre 37% a 45%, e retorno do investimento previsto entre 6 meses a 13 meses.
Com os resultados comprovados do sucesso, o CEO Roger olha para trás e agradece a ousadia de acreditar nos próprios sonhos. “Minha conquista é resultado de esforços. Por isso, a missão da Ice Roll e a minha missão de vida é conseguir transmitir o conhecimento sobre empreender para outras pessoas”, explica.
Para o CEO, o empreendedorismo foi um divisor de águas em sua vida, que transformou um jovem engenheiro em um empresário de renome. O caminho, explica, é honrar seus méritos, trabalhar com empenho e não ter medo de inovar. Atualmente o empresário concilia a gestão do negócio com ministrar palestras e apresentar podcasts sobre a trajetória de empreendedores.
“A missão que hoje temos na empresa é ajudar as pessoas a evoluírem, conquistarem seus bens, conhecimentos e aprendizados para terem uma boa bagagem no mercado”, finaliza o CEO, que constantemente busca transmitir uma mensagem de esperança para aqueles que sonham, assim como um dia ele fez, em empreender.