Os preços dos produtos e serviços da Região Metropolitana de São Paulo subiram em abril, porém, em menor intensidade na comparação com o ano passado. No mês, o custo de vida subiu 0,24% após o aumento de 0,07% notado em março. No mesmo mês de 2016, o indicador exibiu elevação de 0,68%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice registrou alta de 4,24%. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Os setores que mais influenciaram na alta do custo de vida em abril foram os relacionados à saúde e cuidados pessoais (1,52%), vestuário (1,42%) e alimentação e bebidas (0,69%). Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o aumento nos preços do segmento de saúde e cuidados pessoais já era aguardado em virtude do reajuste anual da categoria dos medicamentos, que ocorre sempre 31 de março.
Adicionalmente, a alta de preços verificada no grupo Vestuário já era esperada dado que nessa época do ano é lançada a coleção outono-inverno nos estabelecimentos comerciais, cujos itens tem maior valor agregado e consequentemente preços superiores aos itens de verão.
A dispersão de quedas mostrou uma ligeira redução, tendo em vista que em março quatro dos nove segmentos que compõem a CVCS assinalaram variação negativa e, em abril, foram apenas três: Habitação (-1,28%), Artigos do lar (-0,08%) e Comunicação (-0,48%). É importante ressaltar, entretanto, que somente o grupo Habitação, contando com ponderação superior a 16% no CVCS, exerceu a principal contribuição no indicador, favorecendo significativamente a manutenção do mesmo em patamares comedidos.
Segundo a Federação, os indicadores de inflação estão em patamares muito mais confortáveis que os vistos no ano passado, sem dispersão de altas tantos nos subgrupos como nos itens que são pesquisados pela CVCS.
As classes B, D e E foram as que mais sentiram os aumentos dos preços em abril, com altas de 0,28%, 0,27% e 0,26%, respectivamente, seguidas pelas classes A (0,24%) e C (0,21%).
IPV
Os preços no varejo paulistano aceleraram em abril, passando de um declínio de 0,33%, em março, para o aumento de 0,53% em abril. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano houve elevação de 0,38% e, nos últimos 12 meses, o Índice de Preços do Varejo (IPV) apresentou alta de 2,61%. No mesmo mês do ano passado, o indicador apresentava altas de 1,04% no mês, 4,03% no acumulado no quadrimestre e 10,72% na somatória dos últimos 12 meses, o que demonstra que os preços estão menores neste ano.
O IPV é composto por oito grupos e, em abril, três deles registraram variações negativas de preços: artigos de residência (-0,13%), transportes (-0,76%) e despesas pessoais (-0,16%). As maiores elevações de preços foram observadas nos segmentos de saúde e cuidados pessoais (1,87%), vestuário (1,42%) e alimentação e bebidas (1,01%).
Ainda que tenha havia pressão relevante no grupo alimentação e bebidas por conta do clima adverso e das temperaturas mais baixas, há vários alimentos que registram decréscimo em seus preços: Laranja pera (-5,09%), Brócolis (-4,78%), Maçã (-4,59%), Abacaxi (-4,22%) e Melancia (-3,42%). Para os próximos meses, a FecomercioSP projeta uma elevação no preços dos alimentos, especialmente os derivados lácteos e proteínas animais, em razão do clima frio – que afeta as condições de oferta – e do aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas carnes.
IPS
Os preços dos serviços, conforme apurado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS), passou de uma alta de 0,50%, em março, para o recuo de 0,05% em abril. Ao menos nos últimos dois meses há uma desaceleração nos preços dos serviços, tendo em vista que em fevereiro houve uma elevação de 0,69%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é de 5,98%. No mesmo período de 2016, o indicador registrava alta de 8,91%. No ano, os preços dos serviços acumulam elevação de 1,42%.
Dentre os nove segmentos que compõem o IPS, dois assinalaram variações negativas em seus preços: comunicação (-0,48%) e habitação (-1,88%), favorecendo a desaceleração do indicador. Os demais grupos que apontaram variação positiva em seus preços médios no quarto mês do ano foram os seguintes: alimentação e bebidas (0,22%), artigos de residência (0,64%), transportes (1,79%), saúde e cuidados pessoais (1,05%) e despesas pessoais (0,53%). Educação manteve-se com estabilidade, assinalando variação nula no contraponto com março.
Segundo a FecomercioSP, mesmo levando em conta a instabilidade política do atual momento, é pouco provável que a inflação sofra uma alteração severa em sua trajetória, dependendo principalmente das variações cambiais que decorrerão nos próximos períodos.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV 181, produtos de consumo.
As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.