O custo de vida na região metropolitana de São Paulo aumentou 0,27% em fevereiro. Apesar da alta, essa é a menor taxa para um mês de fevereiro desde o início da série histórica, em dezembro de 2010. O resultado ficou abaixo do 0,32% registrado no mesmo período de 2017. Assim, no primeiro bimestre de 2018, o custo de vida sinalizou alta de 0,33%, e no acumulado dos últimos 12 meses, 3,58%.
Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
A atividade de educação puxou a alta do CVCS em fevereiro, com acréscimo de 4,17% em seus preços médios. Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, essa era uma variação sazonal já esperada por causa do reajuste de matrículas, frequentemente realizado no início do ano letivo.
Em seguida está o grupo dos transportes, com alta de 0,19%, ante o aumento de 0,77% em janeiro. A atividade possui a segunda maior ponderação no orçamento familiar, ultrapassando 21%.
Também apresentaram elevação de preços em fevereiro os segmentos de habitação (0,21%), vestuário (0,51%) e saúde (0,20%). Dos nove grupos que compõem o CVCS, apenas três assinalaram queda em fevereiro: alimentação e bebidas (-0,39%); artigo do lar (-0,36%); e despesas pessoais (-0,03%).
A pesquisa revela ainda que as classes que possuem maior poder aquisitivo foram as que mais sentiram a alta dos preços em fevereiro, uma vez as de menor rendimento tendem a destinar uma porcentagem muito baixa de seus recursos para a educação, buscando o serviço público. O custo de vida das classes A e B subiu 0,47% e 0,54%, respectivamente, enquanto as classes D e E exibiram variações negativas de 0,07% e 0,12%, consecutivamente.
IPV
O Índice de Preços no Varejo (IPV) apresentou recuo de 0,19% em fevereiro, a maior queda desde junho do ano passado, quando acusou decréscimo de 0,72%. Seis dos oito grupos que integram o IPV registraram variação negativa em relação a janeiro deste ano, com destaque para alimentação e bebidas (-0,87%). A atividade acumulou declínio de 0,22% no bimestre e -2,02% no dado anualizado. No mês, as principais quedas foram observadas nos preços de: coco ralado (-4,78%), milho-verde em conserva (-4,84%), cação (-5,60%), alho (-5,70%), açúcar refinado (-6,15%), banana-d’água (-6,27%), brócolis (-6,28%), mamão (-6,29%) e couve (-7,54%).
Por outro lado, os itens de vestuário (0,51%) e transportes (0,36%) tiveram variação positiva em fevereiro.
O IPV registrou variação negativa para todas as classes de renda, sendo que as classes A e B foram as que menos sentiram os recuos nos preços, com retrações de 0,05% e 0,10%, respectivamente. As classes D e E foram as que mais se favoreceram, assinalando decréscimos de 0,34% e 0,33%, respectivamente.
IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) registrou aceleração ao passar de -0,29% em janeiro para o incremento de 0,76% no segundo mês do ano. A alta no bimestre foi de 0,47%, e nos últimos 12 meses, de 5,27%.
Apenas um dos nove segmentos que integram o IPS apresentou recuo em seus preços médios em fevereiro: o de transporte (-0,12%). Em janeiro, eram quatro segmentos com preços inferiores aos notados no mês imediatamente anterior.
Entre as atividades que registraram variação positiva, os reajustes de educação se destacaram. A atividade exerceu a maior pressão no mês, com os preços subindo 4,51% e 7,06% em 12 meses.
Os preços do grupo saúde e cuidados pessoais cresceram 0,99% em fevereiro. No primeiro bimestre do ano, o aumento foi de 1,82%, e nos últimos 12 meses, de 10,74%. Os destaques ficaram por conta dos serviços de dentista (2,64%) e psicólogo (2,83%) e de plano de saúde (1,07%).
As classes A e B foram as mais impactadas pelo desempenho do resultado de fevereiro e encerraram o mês com variações positivas de 0,93% e 1,11%, respectivamente. Na contramão, as classes E e D, com variações positivas de 0,19% e 0,34%, consecutivamente, foram as que menos sentiram os efeitos do aumento nos preços médios dos serviços.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, o comportamento dos preços no varejo no primeiro bimestre deste ano sugere que a inflação segue sob controle, mantendo a tendência consolidada do ano passado. A estabilidade monetária faz com que haja uma manutenção no poder de compra das famílias, não provocando restrições orçamentárias e garantindo o padrão de consumo a que os consumidores estão habituados.
A Entidade reforça que os setores de transporte, alimentação e bebidas e saúde ainda podem sofrer alguma pressão de alta no próximo mês. As oscilações devem ser sentidas, mas não tendem a perturbar de forma significativa a trajetória dos preços. Na média e para o encerramento de 2018, devem seguir comedidos e ainda dentro da meta de inflação estimada pelo Banco Central.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.
As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,23 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.
Sobre a FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 143 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por cerca de 30% do PIB paulista – e quase 10% do PIB brasileiro -, gerando em torno de 10 milhões de empregos.
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