O custo de vida na região metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 0,39% em agosto, ante de 0,41% registrado em julho. Apesar do indicador subir a uma média de 0,21% nos oito meses de 2017, esse porcentual ainda está muito abaixo de 0,63% apurado no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, o indicador subiu 1,71%, sendo que em agosto de 2016, a alta era de 5,19%. Essa desaceleração na alta de preços fica mais evidente ao observar a variação acumulada dos últimos 12 meses, que atingiu 3,08% em agosto, enquanto que no mesmo período de 2016, os preços subiram 9,34%. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Entre os nove segmentos analisados, somente dois apresentaram variação negativa no período: Alimentação e bebidas (-0,82%) e Comunicação (-0,42%). É importante ressaltar que somente o setor que comercializa bens e serviços de alimentação chega a comprometer, em média, um quarto de todo o orçamento doméstico, ou seja, possui grande relevância no dia a dia das famílias.
O segmento de Transportes foi o que apresentou a principal contribuição de alta para o medidor do custo de vida em agosto na RMSP e o maior crescimento desde dezembro de 2016, encerrando o mês com alta de 1,18%. Com representatividade de pouco mais de 16%, os preços do grupo Habitação também seguiram em alta, passando de um aumento de 2,03% em julho para uma elevação de 0,91% em agosto.
As classes A e B foram as que mais sentiram os aumentos nos preços em agosto, com altas de 0,42% e 0,46% em seus custos de vida, respectivamente. Já as classes E e D foram menos impactadas pela alta dos preços e encerraram o mês com variação positiva de 0,18% e 0,15%, respectivamente.
IPV
O Índice de Preços no Varejo (IPV) registrou alta de 0,59% em agosto ante o recuo de 0,07% observado no mês anterior. No acumulado dos oito meses deste ano, o indicador registrou variação média de 0,02%. No acumulado dos últimos 12 meses, verificou-se alta de 0,53%, muito abaixo dos 11,01% registrados em agosto de 2016. O IPV é composto por oito grupos e, em agosto, três apresentaram recuo em seus preços médios: Alimentação e bebidas (-1,58%); Despesas pessoais (-0,36%); e Educação (-0,23%).
O grupo Transportes (2,82%) foi o responsável a principal contribuição de alta para o medidor dos preços dos produtos no varejo. Em 2017, acumulou decréscimo de 0,02%, porém, nos últimos 12 meses, atingiu alta de 2,22%. Os produtos que integram o subgrupo veículo próprio apontaram alta de 0,25%, com destaque para acessórios e peças (1,37%); pneu (0,20%); e motocicleta (0,23%). Contudo, a variação positiva de 5,11% do subgrupo combustíveis foi a que mais impactou no aumento do grupo, em decorrência da alta generalizada em todos os itens que o compõe, com destaque para gasolina (5,6%), etanol (6,22%), óleo diesel (3,02%) e gás veicular (1,26%). De acordo com a pesquisa da FecomercioSP, esses itens ainda sentem os impactos dos aumentos dos tributos (PIS e Cofins).
Ainda de acordo com a pesquisa da Entidade, o grupo saúde e cuidados pessoais mostrou aumento de 0,71% em agosto. Essa atividade apresentou alta real de preços tanto no acumulado de 2017 (3,94%) como nos últimos 12 meses (4,26%). Os produtos farmacêuticos encerraram o mês com avanço de 1,34%, sendo que os que mais se destacaram foram: anti-infeccioso e antibiótico (2,08%); anti-inflamatório e antirreumático (2,75%); dermatológico (1,14%); antialérgico e broncodilatador (2,5%); hormônio (2,07%); psicotrópico e anorexígeno (0,87%); e oftalmológico (3,28%).
IPS
Pelo quarto mês consecutivo, o Índice de Preços de Serviços (IPS) assinalou acréscimo de 0,18% em agosto ante o aumento de 0,93% registrado em julho. O indicador acumulou alta de 5,83% nos últimos 12 meses e 3,36% de janeiro até agosto de 2017.
A alta foi causada pelo aumento nos preços dos segmentos de Habitação (0,99%) e Saúde (0,90%). No sentido oposto, Transportes (-1,73%) e Comunicação (-0,42%) apresentaram diminuição nos preços.
Segundo a FecomercioSP, ainda que a elevação do custo de vida tenha sido muito pequena em agosto, é importante reforçar que os preços atuais ainda garantem uma situação muito mais confortável para o orçamento familiar do que nos anos anteriores. Apesar do baixo dinamismo na economia, não se pode afirmar que as quedas observadas são fruto de uma demanda fraca, especialmente em razão das baixas mais relevantes de preços serem em produtos que possuem alta relevância na cesta de compras das famílias: alimentação e transporte.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV 181 produtos de consumo.
As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.
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