Diante do aprofundamento da crise e do clima de incerteza que se instalou no País em razão dos últimos desdobramentos no cenário político, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mediu seus impactos sobre o humor dos consumidores paulistanos.
Excepcionalmente neste mês de maio, a Federação calculou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em dois períodos distintos. De acordo com as entrevistas feitas com 1,1 mil pessoas da capital paulista em 10 de maio (antes da delação envolvendo lideranças políticas nacionais), o ICC atingiu 101,3 pontos. Já em 25 de maio (após o evento), em uma nova coleta com mais 1,1 mil consumidores, o ICC marcou 99,0 pontos, uma queda de 2,3% em um intervalo de 15 dias.
De acordo com a tabela, observa-se que entre as duas coletas há uma evidente queda do ICC motivada pela piora da percepção dos consumidores em relação ao momento atual, o que é bastante compreensível. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) caiu 12,1%, passando dos 75,6 pontos em 10 de maio para 66,5 pontos em 25 de maio. Já o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), outro componente do ICC, registrou alta de 1,8%, alcançando 120,6 pontos em 25 de maio, ante os 118,5 pontos em 10 de maio.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o receio dos efeitos dessa crise afetou, de forma imediata, os consumidores e alterou a visão de curto prazo, dado que o impacto midiático das notícias foi bastante grande. O cenário futuro, porém, ainda é incerto e não sofreu alteração negativa. Passado o evento político, se nada mais grave acontecer, a Federação acredita que ao longo dos próximos dias ocorra uma inversão dessa posição, com as perspectivas presentes melhorando um pouco, bem como surja a percepção de que esses eventos podem comprometer o futuro da economia do Brasil.
Ainda segundo a Entidade, também são naturais movimentos mais exagerados no curto prazo e ajustes de percepção gradativos após o “susto” inicial. De qualquer forma, a FecomercioSP aponta que o momento é de espera e muita atenção, até porque é impossível prever com alguma precisão o que irá ocorrer nos próximos dias e semanas.
A divulgação do processamento completo dos dados coletados em maio e os efeitos da atual crise política sobre o humor do consumidor ocorrerá com o nome do mês de referência da divulgação no começo de junho (ICC Junho).
Metodologia
O ICC é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.
Os resultados são segmentados por nível de renda, gênero e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central dos Estados Unidos.