A Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgou, no último dia 12 em sua coletiva de imprensa, uma prévia dos resultados do setor em 2016. Provando sua resiliência mesmo em um ano de crise, as franquias faturaram mais de 150 bilhões de reais em 2016 e registraram crescimento nominal de 8% em relação à 2015.
Mesmo com os excelentes resultados apresentados pela associação, as empresas do setor consideraram 2016 um ano desafiador. “A crise econômica realmente impactou o mercado, que sofreu com uma retração no consumo. Além disso, percebemos um desanimo por parte dos investidores que preferiram esperar a crise passar para comprar novas unidades”, aponta Marcio Rangel, máster franqueado da Empada Brasil no estado de São Paulo. Já a GOAKIRA, consultoria empresarial especializada na formatação de franquias, a percepção é de que o mercado retraiu. “Na crise as empresas estão com pouco capital para investir em projetos de expansão e formatação do negócio, o que é o nosso principal foco em franquias. Isso fez com que a Goakira buscasse diversificar o portfólio para atender outras necessidades das empresas, como, por exemplo, a estruturação dos processos, redução de custos e gestão de rede de negócios”, explica José Carlos Fugice.
Muito além de buscar novos franqueados as redes encontraram dificuldade de chegar até o cliente final. Ao menos é o que aponta Antônio Ricardo Mesquita, sócio fundador da Sucão. “Sentimos uma retração nas vendas na média de 20% em lojas já maturadas e consolidadas. Em lojas mais recentes quase não ouve queda, acreditamos que a maturação da loja compensou a retração do setor”.
Apesar de ter sido um ano de grandes obstáculos a franquia da Sucão registrou um crescimento de 40% no faturamento global da rede. “Mesmo com os desafios de 2016 superamos a expectativa de crescimento. Acredito que nossa pro-atividade foi o grande diferencial para esse resultado. Sabíamos de nossa responsabilidade como empresa franqueadora e fomos entender os problemas dos franqueados e tentar ajudar da maneira que poderíamos. Fizemos ajustes de controle de estoque, redução do quadro de funcionários e renegociações de aluguel. Além disso, conversamos com nossos fornecedores e alteramos a forma de cobrança dos royalties, tudo para ajudar o empreendedor e mostrar que o problema dos nossos franqueados também é o nosso”, acrescenta Mesquita.
Para 2017, a ABF projeta um crescimento na ordem de 9% a 10%, e, mesmo com os ânimos em baixa pelo ano que passou, o setor parece acompanhar a expectativa de melhoria. Diego Simioni, fundador da FranquiAZ, empresa especializada na expansão de redes, está otimista. “Acredito que ainda teremos um primeiro semestre difícil, pois a taxa de desemprego levará um tempo para ceder e as famílias continuarão endividadas. Mas, dentro do mercado de franquia já temos dois motores para o crescimento. O primeiro ainda está baseado nas microfranquias, que por terem investimento inicial baixo continuarão a crescer. Contudo, o principal motor será o aumento na confiança e nos ânimos do investidor. Quem tem capital para investir estará mais confiante em desembolsá-lo assim que a economia apresentar sinais concretos de melhoria”, argumenta Simioni
Não só as consultorias estão apostando na retomada da economia. As redes também estão olhando para 2017 com bons olhos. “Enxergamos alguma melhora a partir do segundo semestre. Caso as reformas sejam realmente implantadas e as sucessivas crises políticas superadas, as expectativas dos agentes econômicos melhoram e os investimentos começam a voltar lentamente. Mas, reflexos positivos a curtíssimo prazo são muito improváveis. Ainda temos alguns meses para continuar gerindo nossos negócios de forma a enfrentar a crise”, finaliza Rangel.
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