ABF anuncia crescimento de 11,2% do franchising no 1º semestre

A ABF – Associação Brasileira de Franchising anuncia hoje os dados oficiais de crescimento do setor, apurados na Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising. O estudo indica que o faturamento do setor cresceu nominalmente 11,2% no primeiro semestre de 2015 comparado ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 63,885 bilhões ante R$ 57,464 bilhões registrados nos seis primeiros meses de 2014. Já no 2º trimestre deste ano, o crescimento foi de 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado, cuja receita subiu de R$ 28,774 bilhões para R$ 32,537 bilhões. Este desempenho contempla o baixo crescimento do setor nesse período do ano passado em razão do Mundial de Futebol, que acabou alterando a sazonalidade e, consequentemente, os hábitos do consumidor no período.

De acordo com a presidente da ABF, Cristina Franco, os cuidados já tomados pelos franqueadores antes mesmo do agravamento da retração econômica e a relação colaborativa entre franqueador e franqueado beneficiam a indústria do franchising. “O franqueador tem feito nos últimos doze meses sua lição de casa: reduziu custos, otimizou processos, motivou ainda mais a força de vendas, renegociou com fornecedores, alterou o mix de produtos, além de manter as práticas do bom franchising, como o treinamento e a capacitação dos colaboradores”, afirma.

Ainda de acordo com a executiva, “no franchising não há zona de conforto. Mesmo quando o mercado vai bem, um presta contas para o outro. Essa prática é contínua”, observa.
A pesquisa aponta, ainda, um crescimento de 3,1% na abertura de lojas e fechamento de 1,2% das unidades no segundo trimestre deste ano. A variação representou um incremento de 1,9% no total de unidades de franquias em operação no País nesse período, número que atingiu 131.269 pontos de venda. O ritmo de expansão foi ligeiramente menor se comparado ao 1º tri de 2015, quando chegou a 2,5%.

O dinamismo do sistema de franquias e sua capacidade de responder agilmente às sazonalidades do mercado também são fatores que contribuem para sua performance. Para Claudio Tieghi, diretor de Inteligência de Mercado, Relacionamento e Sustentabilidade da ABF, “o franchising apresenta esse desempenho porque as redes são orgânicas, como um ser vivo: na medida em que o mercado expande ou retrai o consumo, as redes têm rápida capacidade de reação. Há uma troca e um acompanhamento constantes, tanto de informações quanto de indicadores envolvendo franqueador e franqueado, de tal modo que um ‘sintoma’ qualquer no mercado é rapidamente percebido, o que faz com que o franchising se reinvente constantemente e se adapte a diferentes cenários, mantendo o crescimento”, explica.

Segmentos
De acordo com o estudo, todos 11 segmentos classificados pela ABF ampliaram seu faturamento em 2015, demonstrando a recuperação do menor desempenho registrado por alguns em 2014, especialmente no período da Copa do Mundo.

Dentre aqueles que mais cresceram no 1º semestre de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado, Esporte, Saúde, Beleza e Lazer alcançou faturamento 24% maior, saltando de R$ 9,311 bilhões para R$ 11,505 bilhões no período.

A seguir, Hotelaria e Turismo registrou crescimento de 15% no faturamento, que passou de R$ 4,265 bilhões para R$ 4,901 bilhões, impulsionado pelo turismo de negócios.
Individualmente o mais expressivo segmento do franchising, Alimentação expandiu sua receita no período em 12%, saltando de R$ 11,417 bilhões para R$ 12,760 bilhões.

Outro segmento que manteve bom desempenho foi Comunicação, Informática e Eletrônicos, registrando também 12% de crescimento nesse período, cujo faturamento subiu de R$ 1,787 bilhões para R$ 2 bilhões. “A demanda por comunicação e conectividade continua grande, mantendo boas perspectivas para este segmento nos próximos meses”, afirma Claudio Tieghi.
“O franchising está sofrendo menos do que as outras indústrias e quem é empreendedor em franquias sente menos os efeitos da retração econômica do que o empreendedor individual, que não atua em rede. O franqueado está sentindo a pressão dos custos, porém, menos que o empreendedor individual. O poder de negociação em rede beneficia a todos”, conclui a presidente da ABF.

“Vale observar que Veículos foi um segmento que cresceu com o aquecimento do mercado de seminovos e serviços como funilarias e reparos, por exemplo. Comunicação, Informática e eletrônicos manteve a tendência, com a demanda ainda registrada por smarthphones, conectividade e serviços de informática para as empresas. Já os serviços ligados a soluções para economia de água – Lavanderia, Limpeza e Conservação – tiveram um posicionamento relativamente favorável. Num país como o Brasil, as redes operam em regiões distintas, de forma que itens como escassez de água e falta de energia acontecem quase todos os dias em algum ponto. Essa experiência é um valor importante do franchising”, explica Tieghi.

Nova série histórica
A partir desta pesquisa, a ABF inicia uma nova série histórica: o levantamento da distribuição do faturamento do setor por estado e região.

A Região Sudeste respondeu por 59% da receita da indústria do franchising no primeiro semestre de 2015, seguida das regiões Sul (16%), Nordeste (14%), Centro-Oeste (8%) e Norte (4%).
Educação e Treinamento, com 70% de participação concentrados no Sudeste, tem sua receita distribuída nas demais regiões do seguinte modo: 11% no Sul, 9% no Centro-Oeste, 7% na Região Nordeste e 3% ao Norte.

Para a presidente da ABF, “o País tem uma grande oportunidade de expansão do franchising, para além das capitais e metrópoles, lembrando que o Brasil é um país de dimensões continentais, com diversos bolsões de desenvolvimento. Nesse sentido, iniciativas como o projeto Franquias Brasil – uma parceria da ABF com o Sebrae que está levando a capacitação em franchising especialmente para cidades do interior – e o Movimento Compre do Pequeno Negócio, lançado recentemente pelo Sebrae com o apoio da Associação, que objetiva estimular a economia do País a partir do consumo nos micro e pequenos negócios das comunidades locais, que incluem as franquias, contribuem para melhorar o ambiente econômico brasileiro”, afirma Cristina Franco.

A opinião é reforçada por Tieghi, para quem os números revelam o potencial do setor nas regiões mais afastadas dos grandes centros do Brasil. “Há uma excelente oportunidade de crescimento no interior. As franquias têm muito a contribuir no esforço de expandir, por exemplo, a educação para o resto do país”, observa.

Segundo o diretor de Inteligência de Mercado, o Movimento Compre do Pequeno Negócio pode ser comparado com a real oportunidade de crescimento dos negócios Brasil afora, em cidades menores, em que a figura do empresário franqueado é mais percebida, exercendo assim maior influencia na comunidade. “As pessoas conhecem quem está na loja, na fábrica, enfim, o Movimento Compre do Pequeno foca na figura do proprietário do negócio e o franchising tem isso como caraterística”, afirma.

Já no segmento Comunicação, Informática e Eletrônicos, a pesquisa indica que o Nordeste, com 36% do faturamento, está mais próximo do Sudeste, com 47%, enquanto o Sul tem 12%, o Centro-Oeste 5% e o Norte 1%. Segundo o diretor da ABF, as franquias desse segmento chegaram ao Nordeste com tudo. “Estamos falando de fato em assunção de novos hábitos”, avalia.

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