Todo empreendedor possui histórias de sucesso para contar: como foi a concepção de sua ideia vencedora, a trajetória repleta de desafios que foram superados, as pessoas influentes que o ajudaram ao longo de sua jornada. Mas nem todos se sentem à vontade para revelar os fracassos com os quais precisaram lidar antes de colecionar as vitórias.
Segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE, 80% das micro e pequenas empresas fecham as portas nos cincos primeiros anos; no mercado de franquias, este percentual é de 15%. Já no primeiro ano, a perspectiva de fechamento é de 30% para novos empreendimentos – número dez vezes maior que o dos fechamentos de franquias.
Uma das razões para o melhor desempenho do franchising, de modo geral, é que ele oferece um sistema estruturado, fundado em experiência adquirida em anos de trabalho. Teoricamente, as franquias nascem quando o empreendedor deseja expandir seu negócio de sucesso, uma vez que já existe solidez estrutural e financeira. Mas infelizmente nem sempre é assim.
A primeira vez que empreendi foi traumática. Adquiri uma franquia para comercializar churros, mas não fui bem sucedido. Primeiro, porque não havia procura para consumo do produto; era algo difícil de vender, um alimento pesado que as pessoas definitivamente não aderiam, sobretudo com as inúmeras opções oferecidas dentro do shopping. Mas eu não sabia disso, porque não havia estudado o mercado antes, tampouco havia buscado informações sobre a franqueadora – não havia suporte por parte dela. Pouco tempo depois, amarguei seu fechamento.
Minha segunda jornada no empreendedorismo foi totalmente diferente. Fui passar férias na Tailândia e passei por um ambulante que produzia um sorteve diferente, bonito, que chamava a atenção. Resolvi ir a fundo e pesquisar como aquele produto era feito, quais eram seus segredos, como era a aceitação do público. Decidi entender como era o consumo do sorvete no Brasil e descobri que é muito alto: de acordo a Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis), o brasileiro consome de seis a oito litros de sorvete por ano. O país é um dos primeiros colocados no ranking de consumo dessa iguaria. Isto porque essa sobremesa agrada todo e qualquer tipo de público, desde crianças até idosos, incluindo todas as classes sociais. Percebi que esta ideia poderia dar certo e entrei de cabeça em pesquisas sobre como replicar aquilo.
Comprei a máquina e decidi começar pequeno, até porque muitos alimentos chegam aqui como moda, como a paleta mexicana, e precisávamos mostrar que não se tratava disso. Nosso produto é artesanal, menos aerado que o normal e muito fresco, ou seja, é realmente uma iguaria. Ao ser colocado na boca, o sabor se intensifica, não há inserção de gordura hidrogenada nem conservantes. Ou seja, é muito mais saudável.
Foi necessário tropicalizar os sabores comercializados no Brasil, já que na Tailândia eles apreciam sabores de frutas e o brasileiro prefere os mais doces. Inserimos no cardápio os sabores de nutella, doce de leite, foundue, ninho trufado, floresta negra, entre outros. Incluímos opções diet, mas mantendo a cremosidade, que é o padrão brasileiro. Adaptamos a casca recheada, que é uma tendência no mercado de sorvetes.
Depois do sucesso da primeira loja, estruturamos um modelo de expansão dentro do modelo de franquias, principalmente por conta do momento. Muitas pessoas buscam uma oportunidade para empreender, sair do emprego e abrir seu próprio negócio. Com um planejamento muito competente, conseguimos abrir 20 unidades ano ano, garantindo total suporte aos franqueados. Mas sempre recomendo a todos eles: é fundamental pesquisar o histórico da empresa, conhecer pessoalmente as unidades, verificar a bagagem da franquia. O olhar precisa ser sempre de longo prazo e atento aos pontos críticos, como solidez e a documentação da franqueadora.
Hoje, meu conselho é nunca mergulhar de cabeça em um negócio sem ter informações suficientes sobre ele. Nem compre uma franquia sem gostar ou se identificar com o produto. Isso é metade do caminho para quem quer empreender e chegar ao sucesso.