Franqueadores jovens inovam nas redes e apostam no estudo contínuo para expandirem seus negócios. O que eles querem para o futuro?

Felipe Kalaes, da Dr. Shape; Ana Shen e Jeferson Jin, da Le Briju; e Rauel Araruna, da IP School – Inglês Particular, inovam na gestão dos negócios, ampliando a visibilidade de suas marcas e a expansão das redes. Para isso, eles estudam o tempo todo – cad

No mundo dos negócios, inovação é uma palavra que está sempre em evidência. E, quando se fala em jovens líderes, o esperado é que eles sigam essa tendência e estejam sempre ligados às novidades do mercado.

Num segmento tão tradicional como o Franchising, alguns jovens franqueadores destacam-se por suas histórias de empreendedorismo, bem como por fazerem uma gestão mais moderna, descentralizada e profissional, mesmo em empresas conduzidas, muitas vezes, por familiares.

Felipe Kalaes, de 36 anos, franqueador da Dr. Shape; Rauel Araruna, de 35 anos, franqueador da IP School – Inglês Particular; e Ana Shen e Jeferson Jin, de 34 e 33 anos, são franqueadores da Le Briju. Em comum, eles têm ampla experiência, grande profissionalismo e planos concretos de expansão para os negócios que comandam – além de jamais pararem de estudar. Eles contam um pouco de suas histórias e falam sobre a gestão que realizam em suas redes:

Rauel Araruna, IP School O franqueador da IP School – Inglês Particular se lembra de ‘empreender’ desde muito cedo. Aos oito anos de idade, ele queria ganhar seu próprio dinheiro, então, ao invés de trocar as figurinhas repetidas com os amigos, formava um novo pacotinho e as vendia. A partir dali, não parou mais de trabalhar. Entregou jornais no bairro, se formou em Química e em Farmácia e Bioquímica, trabalhou em multinacionais, até que concretizou o sonho de mudar a vida das pessoas por meio da língua inglesa.

“Eu sou apaixonado por tecnologia e, desde que criamos a IP School, buscamos a inovação, seja para a nossa metodologia – com a programação neurolinguística – seja na forma de vender ou pensando em novos cursos. Acredito que ser jovem me ajuda nesse aspecto e também a falar a linguagem do dia a dia, me aproximando dos nossos franqueados e do cliente final”, afirma Araruna.

Na franqueadora, ele é o responsável pelo marketing e pela gestão de pessoas. E, para dar conta do trabalho e saber os caminhos que vai seguir, Rauel não deixa de ler os jornais diariamente, além de sempre se atualizar com cursos – ele é formado em coaching e programação neurolinguística – e já ter lido quase 90 livros sobre desenvolvimento pessoal e empreendedorismo.

Para o futuro da IP School, Araruna tem planos grandiosos: a intenção é expandir para 100 franquias até 2023 e chegar a 400 escolas daqui a cinco anos.

Com o propósito de mudar a vida das pessoas, as metas são ainda mais ambiciosas. O objetivo é que, em 20 anos, os falantes de inglês no Brasil passem de 5% para 10% e, depois disso, a ideia é internacionalizar a marca.

Para isso, a IP School – Inglês Particular conta com outros dois sócios: os jovens Márcio Cafezeiro e Fábio Ferreira, que têm atribuições diferentes das de Rauel Araruna. “Cada um de nós desenvolve um trabalho que, somado, permite sermos uma empresa inovadora”, comenta.

A IP School, diferentemente das escolas de inglês tradicionais, oferece apenas aulas particulares, individuais ou para grupos de até quatro pessoas (desde que todas já se conheçam previamente). Não existem livros didáticos obrigatórios nas escolas porque as aulas são criadas conforme as necessidades dos alunos, de forma completamente personalizada. “E isso faz com que eles não apenas sintam mais prazer em estudar, como também aprendam com mais rapidez e consistência. Temos muito orgulho do que estamos conquistando, afinal, nossa meta é mudar a vida das pessoas – para melhor!”, finaliza.

 Ana Shen e Jeferson Jin, Le Briju Com oito lojas próprias na capital paulista, a Le Briju – especialista em bijuterias e outros acessórios femininos – tem em seu comando o casal Ana Shen, de 33 anos, e Jeferson Jin, de 31 anos.

Nascidos na China, eles vieram para o Brasil na adolescência e se conheceram na escola. Ambos são de famílias varejistas da região da rua 25 de Março, na capital paulista, e desde que chegaram ao país começaram a trabalhar nas lojas de seus pais.

As famílias de Jeferson e Ana esforçaram-se para que os filhos cursassem boas escolas e universidades. Ana formou-se em Administração de Empresas, com ênfase em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM, 2010), enquanto Jeferson é formado em Economia pelo Insper (2012).

Além de trabalhar na empresa da família, Ana atuava como tradutora em feiras de negócios, o que a levou a despertar um certo ‘olhar clínico’ para boas oportunidades mercadológicas. “Eu acompanhava muitos empresários brasileiros e chineses e aprendi com eles. Foi uma experiência além da tradução, porque aliei conhecimentos da universidade com a observação desses negociadores”, recorda. Ela também trabalhou na gestão de importação de uma empresa de wigs e laces (perucas) chinesa, por um ano.

Jeferson, por sua vez, desejava atuar no mercado financeiro, especialmente em fundos de investimento. “Eu observava que a importadora tinha um ritmo intenso. Trabalham-se com dois fusos, para atender as demandas brasileira e chinesa, e eram necessárias dez viagens à China por ano, com três dias para ir e voltar, num alto desgaste físico. Então, pensei em atuar em outra área”, diz.

Em 2014, já formado havia dois anos, ele decidiu estudar o varejo. Optou por um curso rápido, que a ABF – Associação Brasileira de Franchising oferecia para quem não entendia muito da área. “Minha ideia não era ter uma rede de franquias. Mas, se eu decidisse fazer uma pós-graduação em varejo, levaria pelo menos 18 meses. Um curso de menor duração poderia me dar uma ideia de como começar a idealizar uma marca”.

Assim, em 2016, a primeira loja Le Briju foi inaugurada no shopping Pátio Paulista. Depois dela, vieram mais sete, nos shoppings Anália Franco, Pátio Higienópolis, West Plaza, Villa Lobos e Center Norte – além de uma em Barueri (SP), no ShoppingTamboré, e outra em São Roque (SP), no Fashion Outlet Catarina, totalizando oito lojas.

A Le Briju é diferente de todas as lojas tradicionais de bijuterias, porque trabalha com curadoria de moda e, para isso, tem um layout que permite às clientes procurar por peças que as agradem em uma loja dividida por cores, com gavetas e expositores que podem ser tocados – inclusive, elas são motivadas a provar as peças. “Não existem lojas similares e, assim, agradamos clientes de todas as idades”, orgulha-se Ana.

A estrutura da empresa foi crescendo com a abertura das lojas próprias. “A Ana assumiu o lado criativo da marca, combinando a aptidão inata para Moda às habilidades para os negócios nos setores de compras e importação. Eu me foquei na gestão e expansão do negócio”, explica Jeferson.

O conhecimento do varejo físico fez com que a marca aderisse, em 2018, também ao e-commerce, comercializando seus produtos para todo o Brasil e conquistando novos públicos, além de experiência em logística.

Apenas depois de pilotar oito lojas próprias, por cinco anos, é que Ana e Jeferson Jin decidiram expandir a marca por franquias. Agora, a primeira loja franqueada será inaugurada no shopping São Caetano, no ABC Paulista. “Não poderíamos comercializar franquias sem uma excelente estrutura para oferecer aos franqueados. Agora, estamos preparados”, comenta Jeferson.

Completamente adaptados, os jovens franqueadores da Le Briju acreditam que a marca, por todos os seus diferenciais, tem chance de sucesso em todo o Brasil, em shoppings de público A e B, prioritariamente, com adaptações para C. “Todo o nosso negócio envolve estudo, ponderação, bom senso e pé no chão. Somos uma empresa que estruturou-se, pilotou o mercado, tem amplo conhecimento do que faz e, por trás de si, uma importadora sólida, com condições de sustentar toda a operação. Não há margem para amadorismo e, desta forma, sabemos que nosso franqueado terá todo o respaldo para que seu negócio obtenha o retorno do investimento. Queremos ter multifranqueados em nossa rede, porque se trata de um bom negócio. Não somos amadores e viemos para ocupar um lugar sem concorrentes neste mercado”, finaliza Jeferson Jin.

Felipe Kalaes, Dr. Shape Felipe Kalaes vem de uma família já conhecida no franchising. O pai dele, Sidney Kalaes, é presidente do grupo Kalaes Holding de Franquias, que tem marcas grandiosas no catálogo, bem como sócias famosas, como Ana Hickmann e Sabrina Sato. É de se imaginar, então, que o filho tenha iniciado sua carreira já como diretor, na empresa do pai. Não foi bem assim: Felipe precisou de muito esforço e dedicação para que pudesse se tornar franqueador da Dr. Shape, hoje a maior rede de suplementos alimentares e artigos esportivos do Brasil.

Felipe começou a trabalhar aos 14 anos, quando o pai deu a ele e ao irmão – Daniel Kalaes, que na época tinha 18 anos – uma franquia de escola profissionalizante. “Nós começamos com uma salinha com seis computadores e uma outra sala onde aconteciam as aulas de inglês. E vivi a experiência do franqueado, entendi o que era gerenciar uma equipe, captar clientes e os fidelizar. Mas, também limpava as salas ou dava aulas quando faltava algum funcionário. Fiquei dez anos assim, sem férias e sem finais de semana. Quando mudei de ramo, a escola tinha 300 m2 e mais de mil alunos, com grande sucesso. Todo esse processo me trouxe muita bagagem”, acredita o franqueador.

Felipe é formado em Administração de Empresas, mas muito do que sabe aprendeu na prática. Hoje, busca se manter atualizado por meio de cursos, leituras e viagens para buscar outras referências. “Têm muitas ideias de inovação que eu busco em outros mercados para trazer para o nosso negócio. É o caso do clube de assinatura, que acabamos de lançar. Isso não existe em outras lojas de suplementos. Gosto de manter a Dr. Shape em constante mudança, sempre buscando por novidades. E ser jovem, mas com bastante experiência, é fundamental para entender o que precisamos”, considera.

Os planos de Felipe no comando da Dr. Shape são para que, cada vez mais, as lojas contem com linhas exclusivas de suplementos, mas sem que se tornem monomarcas. Hoje, já existem produtos que são encontrados apenas nas franquias Dr. Shape, como as linhas de suplementos Dr. Shape e Iconic Nutrition, e a ideia é aumentar as exclusividades, sem deixar de lado as marcas praticadas pelo mercado.

Outra inovação na qual o franqueador aposta é na expansão do projeto Viva na Medida – uma clínica de estética corporal e de emagrecimento que funcionará dentro das lojas Dr. Shape, para aumentar a oferta de serviços aos clientes e, consequentemente, a rentabilidade dos franqueados. As primeiras unidades já estão sendo pilotadas por franqueados parceiros, que aceitaram testar o modelo. “E estão sendo um sucesso, que pretendemos ampliar para outras lojas da rede, bem como para novas franquias”, comenta o franqueador.

É uma meta da Dr. Shape, ainda, oferecer suporte cada vez mais próximo ao franqueado – e essa é a área que Felipe comanda, a de operações. Ele está diretamente envolvido com a gestão do negócio, marketing, produtos, treinamentos e demais operações. Já a expansão do negócio fica sob a direção de Roberto Kalaes, seu tio e sócio. Também faz parte da sociedade o idealizador da marca Dr. Shape, Paulo Fernandes, responsável pela Central de Negociação da rede. “Estar cercado por grandes executivos, alguns deles da minha família, me dá a certeza de que estamos no caminho certo. Temos tudo o que precisamos para levar a marca Dr. Shape a todo o Brasil, de forma consistente e que permita ao nosso franqueado ter o retorno do investimento aliado à realização profissional. E, pensando bem, nossa meta maior é a de proporcionar ganhos mútuos a todos os nossos parceiros”, finaliza.