Muitos estão debatendo como sairemos desse período de reclusão das pessoas, ocasionado pelo Covid-19. Como sairemos do ponto de vista de saúde, econômico e social. E é exatamente nesse terceiro ponto que eu gostaria de desenrolar esse texto. Como sairemos?
É incontestável que aconteceu uma aceleração digital nas vidas das pessoas nas últimas semanas, e isso nos faz pensar se será mesmo um caminho sem volta.
A digitalização dos negócios foi colocada em prioridade na pauta das empresas. Em uma tentativa de continuarem atendendo seus clientes, executivos de diversas organizações passaram a dedicar 100% do tempo a esse tipo de estratégia. Afinal de contas, como dar aulas de inglês de forma não presencial? Como servir um almoço ou jantar sem que o restaurante esteja aberto? Como vender ou atender os clientes de forma digital, já que praticamente todos estão confinados dentro de casa?
Há quem diga que esse processo de digitalização trará um impacto tão grande nos negócios que precisamos nos preparar para o que nós mesmos estamos fazendo. Será que cada vez mais vamos nos servir com o on-line e deixar que tudo venha até nós? Pode ser, caro amigo, mas meu pensamento vai para um outro lado.
O que mais tenho recebido nas redes sociais são brincadeiras se referindo a todo tipo inusitado da convivência caseira das pessoas. De como inventar coisas para parecer que não estamos em casa ou simplesmente para passar o tempo. As brincadeiras escondem profundos desejos.
Pois bem. Então, qual será o maior impacto ao final disso? A aceleração da digitalização ou o despertar das pessoas para um mundo mais humano, onde as relações com as pessoas serão ainda mais valorizadas?
Em uma ponta estão aqueles que apostam que nossas vidas serão ainda mais digitais, que vamos aprender a pensar de maneira digital antes de tudo e que vamos viver a era dos cliques e das relações on-line. Essa ponta acredita que a adaptação das pessoas à era digital é um caminho sem volta.
Na outra ponta – e ainda não vi ninguém nessa ponta além de mim – estão aqueles que pensam que vamos dar valor a coisas que nem sequer achávamos importante, simplesmente porque estávamos “voando no piloto automático”. E esse é o perigo de nossas vidas: fazer por fazer, ir por ir, falar por falar…
Não consigo afirmar onde vamos estar ao final dessa fase, mas posso dizer que muita gente já deve estar sentindo falta de coisas simples, de contato, de gente, até de alguma rotina.
Já fui obrigado a ficar recluso, confinado sem poder sair de casa, por um bom tempo. Sabe como eu lidei com isso depois que eu saí daquilo? Dando valor a coisas muito simples da vida, coisas que tecnologia nenhuma substitui ou substituirá. Gestos, afetos, cheiros, sensações, gente.
Que você tenha a inteligência de ter esse equilíbrio. Se vamos todos ser mais digitais e digitalizados, sejamos mais humanos por outro lado. Afinal de contas, as melhores escolhas geralmente não estão em extremos ou radicalismos.
Eu não sei como sairemos, mas sei que só sairemos se percebermos a necessidade de mudança de hábitos e conceitos dentro de nós mesmos.
Boa escolha meu amigo, minha amiga.