A melhora gradativa do cenário econômico e a definição do quadro político refletiram positivamente no setor de franquias brasileiro, tanto que as redes devem registrar em 2018 um crescimento nominal de 7% da receita na comparação com o ano anterior. A estimativa é que o setor tenha gerado 8% mais empregos diretos no mesmo período (incluindo contratos intermitentes e temporários), totalizando cerca de 1,3 milhão de trabalhadores empregados no franchising. A expansão do número de unidades é de 5% e de novas marcas 1%, após um ano de queda. É o que indica o balanço preliminar parcial do desempenho do setor divulgado hoje pela ABF – Associação Brasileira de Franchising.
Para André Friedheim, presidente da ABF, “houve uma recuperação perceptível das vendas no varejo e especificamente no franchising neste último trimestre, somada a um sentimento de maior otimismo refletido na elevação da bolsa e em outros indicadores. Apesar de termos enfrentado um ano ainda desafiador, marcado pela greve dos caminhoneiros e altos e baixos na economia, o franchising colocou à prova seus fundamentos básicos, como o trabalho em rede, os ganhos de escala e as redes, de forma geral, procuraram manter o foco em inovação, aportando tecnologia às suas operações e investindo em novos formatos”.
Os dados preliminares apurados pela entidade mostram que houve uma aceleração do ritmo de crescimento das franquias no quarto trimestre do ano passado. A conclusão das eleições – com a expectativa de mais reformas e melhoria geral no ambiente de negócios –, o aumento do volume de vendas com a Black Friday, o reaquecimento das vendas no varejo como um todo no final do ano e a melhora dos índices de confiança empresarial e dos consumidores contribuíram com esse bom desempenho. De acordo com Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF, “os dados projetados estão dentro da expectativa da entidade e vale destacar que houve resultados positivos principalmente nos segmentos ligados a serviços administrativos, lazer e hotelaria”. O segmento de Alimentação, um dos mais tradicionais, mostrou resiliência e contribuiu com este desempenho do setor.
A prévia apontou um ritmo maior da expansão do total de unidades em operação no Brasil. Em 2018, essa taxa foi de 5%, enquanto que em 2017 e 2016, esse valor foi menor, 2% e 3,1%, respectivamente. “De fato, observamos uma disposição maior das redes e candidatos a franqueado a investir. Na ABF Franchising Expo, por exemplo, tivemos um público visitante variado e feedbacks positivos dos expositores. Esse movimento já concorreu para o faturamento do setor neste ano”, ressalta o presidente da ABF. A geração de empregos também foi destaque, atingindo cerca de 8%, enquanto nos dois últimos anos este número foi de 1% e 0,2%. A associação da recuperação econômica à aplicação de novos modelos de contratação previstos na Reforma Trabalhista explicam esse movimento mais intenso.
De forma semelhante, embora em ritmo menor, o total de redes em operação no Brasil cresceu 1%. “Pode parecer pouco, mas é um saldo positivo após quase um ano de queda e isso ocorreu antes do que havíamos projetado. Em geral, tratam-se de novas marcas nacionais e empresas tradicionais que aderem ao sistema de franchising”, explica André Friedheim.
Projeções para 2019
Observada a tendência de retomada do crescimento econômico, a ABF projeta para este ano uma alta do faturamento do setor de franquias entre 8% e 10%. Quanto à geração de emprego e renda no setor, a estimativa é que haja um incremento de 5%. A expansão das unidades deve ser de 5% a 6% e o número de redes pode ampliar 1%.
“As expectativas dos franqueadores para 2019 são positivas. O clima de otimismo observado no País com o início do novo governo e as possíveis medidas para estimular o crescimento econômico, incluindo a implantação das reformas da previdência e fiscal, favorecerão a retomada dos investimentos e o crescimento do franchising”, afirma André Friedheim. “Nossa expectativa é que o franchising volte a crescer na casa dos dois dígitos e que o setor possa ser a principal referência de um consumidor mais empoderado”, completa o presidente da ABF.
Internacionalização
O movimento de internacionalização das marcas brasileiras continua. O estudo já consolidado de 2018 (diferente dos dados gerais prévios, estes de internacionalização são os finais) indica que há 145 redes nacionais com operações em 114 países. Em 2017, era 142 redes, em 100 países. O segmento de Moda é o mais representativo, com 35 marcas; Saúde, Beleza e Bem-Estar vem a seguir, com 25 e Alimentação em terceiro lugar, com 22.
Os Estados Unidos permanecem sendo o principal destino das marcas brasileiras no exterior, com 59 redes operando localmente. Portugal se mantém como o segundo país mais procurado, com 34 marcas, e o Paraguai em terceiro, com 32 redes.
Já no movimento contrário, a ABF registrou a existência de 190 redes estrangeiras operando no Brasil, originárias de 24 países. Os Estados Unidos mantêm a liderança, com 79 das marcas, Portugal permanece na segunda posição, com 22 e a Espanha vem a seguir, com 13.
“Frente a um cenário local tão complexo, a internacionalização – ainda que tenha seus percalços – continua a ser uma estratégia de longo prazo de muitas redes brasileiras. Já temos um grupo significativo de marcas brasileiras no exterior, algumas delas com alto nível de maturidade, como mostrou um estudo conjunto da ABF com a ESPM. A entidade continua a incentivar este movimento, atuando inclusive em parceria com a Apex-Brasil, por entender que é importante para o fortalecimento, ganho de escala e conhecimento das franquias brasileiras”, conclui André Friedheim.