Pelo segundo mês consecutivo, a confiança do consumidor voltou a crescer e atingiu 42,3 pontos em agosto, ante os 41,4 pontos em julho. Os dados do Indicador de Confiança do Consumidor (ICC) do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que o consumidor brasileiro segue cauteloso: 40% avaliam, no momento atual, sua vida financeira como ruim e apenas 12% como boa – já para a avaliação da economia, o percentual dos que acreditam estar ruim sobe para 79% e o de otimistas apenas 3%.
“Em geral, os consumidores tendem a ser mais otimistas ao tratar da própria vida financeira do que ao tratar da economia do país. Porém, nem sempre o otimismo possui justificativas sólidas”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. “A consolidação da melhora da percepção do momento atual e da confiança dependerá, essencialmente, da continuidade da retomada econômica no segundo semestre. Diversos indicadores econômicos já apontam alguma melhora, como é o caso da inflação, dos juros e mesmo da atividade econômica. Isso ainda não se reflete, todavia, no dia-a-dia do consumidor”, avalia.
Os dados do Subindicador de Condições Atuais, que registrou 30,1 pontos em agosto ante 30,2 pontos em julho, mostra que entre aqueles que avaliam o clima econômico como ruim, os principais sintomas são o desemprego elevado (49%), o aumento dos preços (25%) e as altas taxas de juros (8%).
Já quando se trata de responder sobre a própria vida financeira, o orçamento apertado e a dificuldade de pagar as contas são as principais razões para considerar a vida financeira ruim, apontadas por 36% desses consumidores. Os entrevistados mencionam também o desemprego (32%), a queda da renda familiar (17%), a perda de controle financeiro (5%) e imprevistos (4%).
Apenas 21% dos consumidores estão otimistas com o futuro da economia
A sondagem também procurou saber o que os brasileiros esperam do futuro da economia do Brasil e da sua própria vida financeira – o Subindicador de Expectativas, que registrou 54,5 pontos em agosto ante 52,7 pontos em julho. Acima dos 50 pontos, o resultado indica que a maior parte dos consumidores têm uma percepção positiva sobre o futuro de sua vida financeira e da economia.
Considerando as expectativas dos consumidores para a economia, apenas 21% disseram estar otimistas com os próximos seis meses, ao passo que 34% disseram estar pessimistas. De acordo com o indicador, 28% dos pessimistas com a economia não têm boas expectativas por acreditar que a corrupção atrapalha o desempenho do país. Outra razão citada é o alto nível de desemprego que ainda se nota (20%). Também se menciona a discordância com a atual política econômica (17%); o fato de as instituições e leis não favorecerem o desenvolvimento do país (13%) e a alta dos preços (10%).
No caso das expectativas para a vida financeira, 60% manifestaram boas expectativas para a vida financeira e 10% manifestam expectativas ruins ou muito ruins. Apesar disso, a maior parte dos consumidores otimistas não sabe ao certo justificar as razões do otimismo (37%). Há, no entanto, 27% que respaldam sua posição na perspectiva de conseguir um novo emprego ou promoção; 11% que acreditam que a economia irá melhorar, 8% que dizem estar investindo na profissão e 8% afirmam ter feito uma boa gestão das finanças.
75% notaram aumento na tarifa dos combustíveis entre julho e agosto
Para quase metade dos consumidores (52%), o que mais tem pesado na vida financeira familiar é o custo de vida. Também pesa sobre o orçamento das famílias o desemprego, citado por 17%, e o endividamento, mencionado por 13%. Além desses, 11% citam a queda dos rendimentos mensais e somente 4% dizem que nada está pesando sobre a vida financeira familiar.
Se o custo de vida incomoda, é nos supermercados que os consumidores mais percebem o aumento dos preços: 75% notaram que os preços aumentaram nesses locais em agosto, em comparação ao mês anterior. Para 75%, também aumentaram as tarifas de combustíveis (em julho o percentual era de 41%). Ainda houve a percepção de aumento dos preços de roupas e calçados (50%), bares e restaurantes (47%) e telefone fixo/celular (46%).