Pelo sétimo mês consecutivo, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou alta e alcançou os 75,9 pontos em janeiro, o maior patamar desde junho de 2015, quando o índice contabilizou 81,7 pontos. O crescimento foi de 0,4% em relação a dezembro e 10,9% no contraponto anual. O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
Dentre os sete itens avaliados pela pesquisa o que mais contribuiu para a alta no mês foi o item Nível de Consumo Atual que passou dos 45,8 pontos em dezembro para 47,7 pontos em janeiro, elevação de 4,4% no mês e 11,5% no contraponto anual. Com a nova alta, o subíndice acumula cinco meses de altas seguidas, mas a assessoria econômica da FecomercioSP destaca que se trata de uma redução da insatisfação uma vez que este é o item com pior avaliação. A grande maioria dos paulistanos (63%) ainda diz que está gastando menos do que em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para os próximos meses a intenção de expandir o consumo é baixa. O item Perspectiva de Consumo registrou retração de 2,1% contra dezembro e recuou para 67,3 pontos. São 54% dos paulistanos que dizem que devem gastar menos nos próximos meses, entretanto, na comparação com janeiro de 2016, o índice está 35,7% maior. Há um ano eram 64% que diziam que o nível de consumo da sua família e da população em geral seria menor nos meses seguintes. Assim, mesmo com o dado negativo mensal, houve grande avanço na redução do pessimismo no período de 12 meses.
Outro item que se destacou positivamente foi o Momento para Duráveis que avançou 2,6% no mês e 34,3% em um ano e atingiu 56 pontos em janeiro. São sete elevações consecutivas e o crescimento anual foi o maior registrado para este item desde o início da série histórica em 2007. A FecomercioSP lembra que o patamar ainda é muito baixo, mas melhorou nos últimos meses por conta das oportunidades de Black Friday e das promoções no período de Natal, que para poucos paulistanos foi encarado como uma oportunidade e um bom momento para aquisição de produtos como fogão, geladeira, som, TV, etc.
A renda das famílias paulistanas ainda está baixa, o que limita a expansão dos gastos. Segundo a Entidade, por mais que a inflação esteja cedendo, ainda está pressionada com o forte avanço do ano passado principalmente nos grupos mais importantes no orçamento das famílias como alimentação. Além disso, o desemprego permanece elevado. Assim, o item Renda Atual ficou nos 82,5 pontos em janeiro, leve recuo de 0,3% contra dezembro e também caiu na comparação com o mesmo período do ano passado, -0,4%.
O item Acesso ao Crédito avançou 1% ao passar de 68,4 pontos em dezembro para 69,1 pontos em janeiro. Porém, houve retração de 3% em relação a janeiro de 2016. Sobre as recentes reduções na taxa básica de juros, vale ressaltar que seus efeitos demoram um certo tempo para chegar ao consumidor que, segundo consenso de analistas, é de seis meses. Por conta disso, a Federação acredita que haverá uma melhora importante no mercado de crédito no segundo semestre do ano.
Já os dois itens relacionados ao emprego, Emprego Atual e Perspectiva Profissional, foram os mais bem avaliados. O primeiro registrou leve aumento de 0,3% e atinge 99,4 pontos, cada vez mais próximo do ponto de indiferença, 100 pontos. Na comparação anual, o crescimento do índice foi de 6,8%. Já o segundo item recuou 0,5% e contabilizou 109,6 pontos, porém, está 11,6% acima do patamar visto no mesmo mês do ano passado, ou seja, quando os paulistanos ainda estavam pessimistas em relação à possível melhora profissional no futuro próximo (98,2 pontos).
Na comparação por faixa de renda, o índice é maior nas famílias com renda superior a dez salários mínimos. Em janeiro, o patamar registrado foi de 78,6 pontos, alta de 1,2% em relação a dezembro e 19,5% na comparação anual. Para o grupo com renda abaixo deste patamar, o índice neste primeiro mês de 2017 foi de 75 pontos, estável em relação ao mês anterior, mas com avanço de 8% na comparação anual.
Segundo a FecomercioSP, o resultado de janeiro mostra que os paulistanos começam o ano com menos insatisfação com suas condições econômicas do que iniciaram o ano passado. A conjuntura ainda é grave, mas há sinais de pequenas melhoras em alguns indicadores econômicos, porém com efeitos mais visíveis a partir do segundo semestre do ano.
De qualquer forma, o indicador segue sua trajetória positiva, mas ainda bem abaixo dos 100 pontos. Na medida em que a queda da inflação e a redução dos juros tenham efeitos positivos sobre o emprego e a renda, a FecomercioSP acredita que o avanço do ICF será maior, pois são as duas variáveis mais importantes e que definem a intenção de consumo das famílias.
Metodologia
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: emprego atual; perspectiva profissional; renda atual; acesso ao crédito; nível de consumo atual; perspectiva de consumo e momento para duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, transformando-se, com base no ponto de vista dos consumidores e não no uso de modelos econométricos, em uma ferramenta poderosa para o varejo, fabricantes, consultorias e instituições financeiras.
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