Proprietários, diretores e gerentes dos principais salões de beleza do Brasil se reuniram no 1º Fórum de Líderes de Salões de Beleza, que aconteceu nos 26 e 27 de junho, em São Paulo, sob a organização da Beauty Fair – Feira Internacional de Beleza Profissional – e em parceria da Divisão de Produtos Profissionais da L’Oréal.
O evento, desenvolvido para preparar os executivos com o novo cenário do mercado de beleza, trouxe estudos e cases relacionados aos desafios e tendências do varejo, comportamento do consumidor, conjuntura econômica brasileira, desafios da crise e o projeto de lei que formaliza a figura do salão-parceiro e profissional-parceiro nos salões de beleza.
Desafios e tendências do varejo
Flávio Rocha, CEO do Grupo Riachuelo, destacou que o varejo é o setor da economia que mais cresce no Brasil. “Estamos na década da oferta de serviços, a década de ouro do varejo. Formalizar os serviços nos salões de beleza vale a pena”, pontuou o CEO, que falou também sobre a história da Riachuelo, a origem das fast-fashions e a Revolução do Varejo.
Júlio Takano, CEO da Kawahara Takano detalhou sua experiência de mais de 20 anos de atuação no mercado de projetos arquitetônicos para varejo. “É fundamental proporcionar uma experiência inesquecível para os clientes. Desenvolver o conceito de lojas presenteáveis, como foco em categorias. Oferecer soluções e valorizar os produtos no ponto de venda, maximizando o relacionamento com o consumidor com consultorias de beleza, por exemplo, como o aplicado pelo renomado cabeleireiro Hélio Nakanishi”. Deve-se pensar em branding e no varejo em sua totalidade com planejamento estratégico; plano diretor integrado; pesquisa quantitativa e qualitativa; investir em formação profissional, integração (produto, marketing e operações), gerando experiência e experimentação, com responsabilidade social.
Salões no mundo digital
“80% das pessoas pesquisam antes de comprar e a internet é um dos canais mais fortes hoje para as empresas se mostrarem”, afirmou Tatiana Sayuri, evangelista de desenvolvimento em novos negócios do Google Adwords. “As pessoas estão o tempo todo conectadas e, em casos de extrema necessidade, seja um serviço ou produto, digitam palavras chaves para terem um retorno imediato de quem pode atendê-las, por isso é importante estar presente neste meio”, explicou.
Cristina Borges, diretora de novos negócios, comunicação e inteligência da Divisão de Produtos Profissionais da L’Oréal, destacou a importância dos salões de beleza serem atuantes no mundo digital, criando visibilidade ao salão neste universo, definindo sua personalidade, montando estratégias personalizadas de comunicação.
Comportamento do consumidor Brasil e seus reflexos no varejo
“Este segmento de beleza é marcado por grandes oportunidades. O cliente quando vai ao salão quer experiência, tempo para cuidar de si. Os salões tem que estar atentos aos movimentos de cultura que podem influenciar no atendimento, fazendo com que as pessoas se sintam bem. Compartilhar conhecimento e com isso se tornarem referência é fundamental”, afirmou Daniela Dantas, diretora da WGSN Mindset na América Latina durante sua apresentação.
De acordo com Daniela, temos hoje antigas demandas e novas tendências. Para isso, é preciso pensar em quatro grandes pilares de estratégia para um plano de negócios eficiente como: customização (o serviço tem que ter o perfil do cliente), conveniência (tempo é o novo luxo), exclusividade (consumidor tem que ser especial) e surpresa (cliente tem que se sentir engajado e especial).
Salon Emotion – personalizando o atendimento
Adriano Santos, Diretor de Formação Comercial da Divisão de Produtos Profissionais da L’Oréal, apresentou o Salon Emotion, um novo modelo de negócio que tem como principal característica a personalização. “Não basta vender apenas produtos, tem que oferecer valor ao consumidor. O profissional deve colocar-se no lugar do consumidor para que viva essa experiência”, pontuou. Para Adriano, os salões necessitam atrair o cliente e gerar interação desde a apresentação de sua vitrine, recepção, diagnóstico e consulta, zona técnica e experiência pós-atendimento presencial para fidelização.
A Conjuntura Econômica do Brasil e suas Perspectivas
“A situação está realmente difícil, mas temos que pensar que não ficaremos para sempre nesta crise. Enquanto os outros setores cresciam, o de beleza e produtos fármacos também crescia muito. Agora, que os outros setores entraram em queda, o setor de vocês continuou a crescer, em menor escala, mas não teve queda. Esse ano foi o primeiro que vocês sentiram a crise afetar vocês, mas a indústria teve uma ótima sacada que foi descobrir o que o consumidor precisa. O mercado finalmente entendeu que o Brasil é um País de diversidade de tipos de cabelo, pele e gostos; descobriu que os homens são um mercado muito promissor de produtos de beleza; que existem pessoas que gostam de produtos naturais, etc. Essa visão de delicadeza faz com que o mercado resista mesmo em tempos de crise”, destacou a jornalista econômica Miriam Leitão.
Como enfrentar a crise e o que vem depois dela
Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail e consultor com mais de 30 anos de experiência em varejo e consumo, falou sobre o momento em relação à crise econômica. “O cenário de crise abriu espaço para o pessimismo que destrói a confiança e derruba o consumo. Os fatores de sucesso estão relacionados as estratégias a longo prazo, olhar para o futuro e tratar seu produto como se fosse uma joia. Ofereça experiência, integração entre o mundo digital e físico e tenha claro o seu propósito”.
Entre pontos levantados para enfrentar a crise a curto prazo, destacou: segmentar análise (setor, mercado, lojas e empresas); intransigência com eficiência; renegociação de contratos; maior rigor na análise de investimento e gestão por indicadores; aproximação com fornecedores; liquidez (proteção e geração de caixa); investimento em pessoas (trabalho em equipe); maior frequência e intensidade promocional; não perder de vista oportunidades e equilibra estas oportunidades.
Atual cenário: mercado de beleza
Wagner Picolli, da Nielsen, apresentou alguns dados sobre o mercado consumidor, em que destacou que os smartphones são os principais meios para interação; economia é a principal preocupação e 93% da população brasileira acredita que o País se encontra em recessão econômica. Dentro deste cenário, fazem escolhas para manter o bem estar adquirido, como: redução do consumo fora do lar, busca economia; diversifica canais para custo benefício; reduz idas aos pontos de vendas para compras mensais; tamanho das embalagens e volume. “Apesar destes dados, o consumidor não abre mão de questões relacionadas à saúde e beleza. Estas categorias de beleza, impulsionam o crescimento da cadeia.
A coordenadora nacional da Carteira Beleza e Bem Estar do Sebrae, Andrezza Torres, reforçou que cerca de 600 mil profissionais brasileiros de beleza estão registrados no sistema de Microempreendedor Individual (MEI). Em sua apresentação, Andrezza falou sobre possibilidades administrativas, inclusive forma de os gestores impulsionarem os lucros. Entre os destaques mencionados para a categoria está o Super Simples, aprovado no Senado (junho/2016) PLC 125/2015: Tributação para negócios de beleza – “Os valores repassados aos profissionais de que trata a Lei 12.592, de 18 de janeiro de 2012, contratados por meio de parceria, nos termos da legislação civil, não integrarão a receita bruta da empresa contratante para fins de tributação, cabendo ao contratante a retenção e o recolhimento dos tributos devidos pelo contratado. “O grande problema estava em pagar o imposto que cabia ao profissional e não à estrutura do salão”, pontuou ao reforçar que entrará em vigor em janeiro de 2018.
Andrezza também apresentou uma cartilha do Sebrae, com 90 páginas incluindo documentos e explicações técnicas, com práticas de empreendedorismo para salões de beleza no Brasil.
Projeto de Lei: Salão Parceiro
O tema foi apresentado por José Augusto Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Salões de Beleza (ABSB) e do Sindbeleza Campinas. Após explicar o processo para conseguir a aprovação do Congresso para que o projeto entre em vigor, contando com a participação de muitos gestores de salões, o especialista ainda apontou os benefícios que o PL trará para os donos de salão e para os parceiros.
“Com o PL aprovado, o cabeleireiro tem um contrato de parceria com o salão. Os sindicatos passam a ser responsáveis pela homologação das parcerias, pois estarão aptos para avaliar e legitimar a relação de parceria. Ninguém perde na hora dos impostos. O salão arca com os custos de praxe para manter o negócio aberto e o profissional parceiro arca com as suas despesas. As notas serão emitidas separadamente e o profissional parceiro não responderá mais, em hipótese alguma, aos problemas do salão, que será uma exclusividade do proprietário”, esclareceu José Augusto antes de homenagear o Deputado Federal Ricardo Izar, autor do projeto de lei, que também prestigiou o Fórum de Líderes de Salões de Beleza.
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