Hoje em dia, é inegável a importância que o mercado de trabalho dá para quem já teve uma experiência internacional. Possuir um segundo idioma não é mais um diferencial, é uma necessidade, mas passar um período em outro país pode ser a chave para abrir a porta para um bom emprego. De acordo com uma pesquisa realizada pela universidade da Califórnia, 97% das pessoas que já estudaram no exterior conseguiram um emprego em até 12 meses após a graduação, por outro lado, apenas 49% dos entrevistados que não tiveram essa vivência fora conseguiram entrar no mercado de trabalho no mesmo período.
Mas quais os diferenciais que as empresas tanto buscam em quem já teve uma experiência internacional? E por que são tão importantes para elas? A Diretora Executiva da entidade sem fins lucrativos, ABIPE – Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil, Paula Semer Prado, explica como o intercâmbio prepara o jovem para encarar as necessidades do mercado de trabalho em um mundo cada vez mais globalizado.
“Na ABIPE, acreditamos que a vivência entre pessoas de culturas, raças, credos, valores e costumes diferentes traz ganhos tanto no âmbito pessoal, como no profissional. Saber conviver com a diversidade cultural é pré-requisito para fazer parte do mundo atual. E o intercâmbio prepara o jovem exatamente para isso”, comenta Paula.
Como apresentar as principais características desenvolvidas no intercâmbio?
Não é raro ouvir em entrevistas de empregos candidatos mencionarem características como proatividade, adaptação, criatividade, autoconhecimento, gerenciamento de tempo, sair da zona de conforto, entre muitas outras, por saberem que essas são qualidades que interessam e agregam nas empresas que buscam crescimento. Porém, a grande dificuldade fica em como provar que se possui todos esses atributos em apenas uma conversa. Para a Diretora Executiva da ABIPE, ter o intercâmbio no currículo é uma forma de mostrar para o recrutador que se tem cada um desses traços profissionais.
“É na entrevista o momento ideal para apresentar as experiências que adquiriu no intercâmbio. Usar exemplos da viagem é o melhor caminho para pontuar cada uma das características corporativas desejadas pela empresa. O candidato pode dizer que aprendeu a ser resiliente ao passar por determinada situação durante a vivência fora, exemplo que pode se tornar determinante na contratação”, explica a Diretora Executiva.
O perfil de cidadão do mundo e o mercado de trabalho
As empresas sabem que as pessoas que já tiveram uma experiência foram do país possuem um perfil mais competitivo e próximo do indicado para ingressar no mercado de trabalho. “Não é só o indivíduo que ganha uma bagagem internacional. Com essa vivência, ele agrega qualidade para toda a companhia. Por isso, não é raro empresas incentivarem seus funcionários a passarem um período no exterior fazendo algum curso de idiomas ou profissionalizante”, diz Paula.
Para o engenheiro elétrico, Flávio Fabrício Ventura, o intercâmbio que fez na Alemanha foi fundamental para o sucesso profissional. Comenta que mesmo antes de concluir o curso recebeu uma carta de aceite de doutorado no próprio país, e foi aprovado no processo seletivo de três grandes multinacionais sediadas no Brasil. “A vida profissional é igual a um jogo de vídeo game: você precisa conquistar estrelinhas para passar de fase. Hoje, sem dúvida, as principais “moedas/estrelas” consideradas, ou até exigidas, nas grandes empresas são as experiências internacionais” explica Ventura.
Outro exemplo de sucesso foi o do engenheiro elétrico, Evandro de Santana Garcia, que realizou quatro estágios pela IAESTE, na Alemanha, Índia, Gana e Servia, e agora está em um mestrado na Alemanha. “Eu usava todas as férias para que tinha para fazer um estágio no exterior. Juntava os trocados e priorizava os estudos. Hoje completo um ciclo ao fazer um mestrado na Alemanha com bolsa 100% custeada”, comenta Evandro.
“Na ABIPE, temos o foco na qualificação e formação dos jovens, proporcionando aos estudantes de graduação e pós-graduação a chance de realizar estágios dentro de suas áreas de formação. Sabemos que assim eles vão adquirir na prática as experiências que o mercado de trabalho valoriza. Além de estagiar em outro país, o intercambista vai conviver com colegas que falam outro idioma e que têm uma visão profissional diferente, vai hospedar-se na casa de uma família que tem outros hábitos, outros valores, e muito mais”, completa Paula Prado.
Além disso, a ABIPE também viabiliza a centenas de estudantes estrangeiros a possibilidade de fazer um intercâmbio no Brasil. Experiência em que eles poderão conhecer de perto a cultura brasileira, tendo a oportunidade de realizar um estágio remunerado ou oferecer horas de trabalho voluntário em universidades, organizações ou empresas de pequeno, médio e grande portes.