As ferramentas analíticas comprovam: em 2019 e 2020, a expressão mais digitada (por interessados em franquias) no buscador do Google foi – e tem sido – “franquias baratas“.
Aliás, na ânsia de escarafunchar as opções e encontrar aquela pechincha única, aquele negócio de ocasião, talvez poucos tenham se atentado ao que escreveram, ou seja, sequer tenham prestado atenção ao significados do adjetivo “barato”, detalhe este que pode dizer muito sobre o perfil do candidato à franquia, assim como também sobre o tipo de negócio em análise e, em ambos os casos, sobre a probabilidade de diferenciação entre o fiasco e o êxito.
Vejamos: etimologicamente, com raiz latina identificada no vernáculo italiano “baratto”, bem como no francês “barter”, encontramos o significado “permuta”, vocábulo este que define bem um dos conceitos de “barato”; não obstante, o que poderá definir a viabilidade do negócio, por este prisma, será a qualidade da troca.
Nesse sentido, ao transferir a semântica para a busca por franquias, o risco existirá quando a relação de permuta (barata) for de má qualidade, sem produtividade efetiva ou geração de riqueza (no conceito econômico), consequentemente sem uma troca qualitativa justa. Pode se tratar, portanto, de uma hipotética franquia inviável, logo indesejável, pois – apesar do baixo investimento inicial (barato), provavelmente não trará resultado para justificar toda a responsabilidade empresarial que o negócio demandará, dedicação e gestão por parte do franqueado, e talvez não produza dividendos suficientes, caraterísticos das razões básicas de existência de uma franquia empresarial de sucesso. Adicionalmente, existe a possibilidade de a franqueadora não oferecer apoio e suporte técnico necessários à saúde do negócio, podendo – em certos casos – levar o franqueado a “trocar seis por meia-dúzia”. A propósito, em casos assim, literalmente, “o barato sai caro”, como versa o dito popular.
Mas voltemos à etimologia de “barato”, para a qual existe outra raiz ainda mais próxima à língua portuguesa; uma outra origem que deriva do espanhol arcaico, com base no verbo “baratar”. Nesse caso, em específico, além da conotação de “permuta”, o vocábulo representa “fazer bons negócios”. Assim sendo, a semântica de “barato” estaria mais voltada à melhor relação custo-benefício, e não apenas a investir pouco (e lucrar pouco). Ao contrário, seria o caso de investir menos e lucrar mais.
Desta feita, teríamos aqui o verdadeiro sentido que devemos dar ao ato de se investir em uma franquia, considerando-se todos os ganhos, sinergia, otimizações, suporte técnico e apoio; em suma: transferência completa de know-how para o benefício das partes, franqueador e franqueado, com resultado equilibrado e positivo para ambos. Dessarte, em vez de “franquia barata”, deveríamos pensar em “franquia de baixo investimento inicial e ótimo potencial de retorno”.
Contudo, tal equação inteligente não é simples. Em verdade, somente franqueadores de ponta, sérios, éticos, com marca forte, produtos e serviços competitivos e diferenciados, tecnologia, genuína estrutura de suporte, compromissados com qualidade e com uma relação ganha-ganha, são capazes de sintetizar seu negócio em modelos (puros ou mistos) de franquias altamente eficientes, eficazes, que se tornem econômica e financeiramente viáveis, implicando menor barreira inicial a quem investe (baixo investimento) e resultado escalável (que não fique necessariamente preso ou limitado à proporção ao porte da franquia ou montante investido), pois se sustentam em premissas de eficiência e eficácia operacionais e comerciais.
Por fim, como sabiamente diz Jorge Paulo Lemann: “sonhar grande ou sonhar pequeno dá o mesmo trabalho” e, como sagazmente arremata Luiz Nogueira da Gama Neto, fundador da rede CNA de franquias: “a diferença é o resultado”. Isto posto, para que você “invista pequeno” e “lucre grande”, é imprescindível estar bem acompanhado, afinal de contas, franqueador sério e marca forte são o maior barato!