Mercado de cervejarias artesanais cresceu 23% em 2018

Terceiro maior produtor de cerveja artesanal do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, o Brasil movimenta uma indústria que fatura bilhões por ano. Com mais de 800 cervejarias artesanais espalhadas em diversas regiões do país, cada vez mais os consumidores estão descobrindo e experimentando novos sabores e aromas da bebida que é preferência nacional.

Há dez anos, o país registrava cerca de 70 cervejarias e o consumidor só encontrava marcas populares de cervejas nos mercados. Atualmente, esta realidade é totalmente diferente e é possível encontrar facilmente diversos rótulos de cervejas artesanais, produzidos por micro, pequenas e grandes empresas. “A previsão para 2019 é que a indústria de cerveja artesanal continue crescendo, em torno de 25% por ano no número de fábricas, e uma das tendências é a cerveja se interiorizar, ir para áreas onde é mais difícil encontrar uma cerveja artesanal”, explica Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva).

De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), até setembro de 2018, constavam nos registros um crescimento de 23% no número de cervejarias artesanais no país, confirmando o crescimento deste setor. Comparado a 2017, o ranking não teve mudanças e o estado do Rio Grande do Sul continuou nas primeiras posições, totalizando 179 cervejarias artesanais. Na mesma linha, em seguida vem os estados de São Paulo, com 144, Minas Gerais com 112, Santa Catarina com 102, Paraná com 88, Rio de Janeiro com 56, entre outros. A região Sul possui, no total, 369 cervejarias, seguido do Sudeste com 328, Nordeste com 61, Centro-Oeste com 51 e Norte com 26.

Ainda de acordo com Lapolli, o maior desafio das cervejarias artesanais para os próximos anos é ganhar fatia de mercado. “Há cinco anos, tínhamos menos de 1% de mercado e hoje já chegamos a 3%. E a previsão para os próximos cinco anos é chegar até 6%, sendo um bom número comparado ao mercado brasileiro”, afirma.

Criada em 2004, a maior rede de cervejas artesanais do país, a Mestre-Cervejeiro.com, também foi responsável por impulsionar o mercado cervejeiro nos últimos anos. Com mais de 60 lojas espalhadas em diversas regiões do país, a rede trabalha com rótulos de cervejarias artesanais, e comercializa também cervejas próprias em suas unidades. Atualmente são mais de 3.500 rótulos disponíveis, entre nacionais e importados.

De acordo com o Daniel Wolff, fundador e CEO da Mestre-Cervejeiro.com, no ano passado a rede teve um aumento nas vendas de cervejas artesanais próprias e também de franquias. Em 2018, foram abertas 10 novas lojas e o faturamento foi mais de 21 milhões. “O mercado de cerveja artesanal vem crescendo no mundo. Por muito tempo, o mercado das cervejas foi dominado pelas grandes marcas, que a cada ano tiraram cada vez mais o sabor de seus produtos. Agora, o cliente quer novas experiências gastronômicas, sentir novos sabores, novos estilos e fazer novas harmonizações”, explica.

Além da comercialização das cervejas artesanais, a marca também produz suas próprias cervejas e comemora. No ano passado, foram vendidos mais de 20 mil litros, nas diversas lojas espalhadas pelo país, 25% a mais comparado a 2017. “A expectativa para 2019 é aumentar em 12% o volume das vendas da rede, pretendemos abrir mais 24 novas unidades e lançar mais 4 rótulos próprios”, afirma o sommelier.

Cervejarias artesanais e a geração de empregos  

Apesar de pouco share de mercado, as cervejarias artesanais geraram muitos empregos no ano passado. De acordo com dados publicados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, registrados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), até outubro, foram criados 1.757 novos postos, sendo 951 por pequenas e 806 por grandes empresas. O estado que mais gerou empregos foi Minas Gerais, com mais de 300 novos postos de trabalho. “Vale a pena destacar que pequenas cervejarias, com até 4 funcionários, geraram mais de 800 postos, ou seja, as menores cervejarias praticamente geraram 50% do número de vagas no último ano”, garante Carlo Lipolli, presidente da Abracerva.