Primeiro foi o aumento da tarifa de energia, do combustível e da mão de obra. Depois, em 2015 especialmente, veio o aumento do dólar e, com ele, as matérias-primas da indústria de Balas & Gomas foram fortemente afetadas: preços de insumos químicos, agrícolas, embalagens, todos influenciados pela moeda estrangeira, sofreram elevação. O resultado disso é que o setor está gastando até 20% mais do que em 2014 para produzir confeitos.
“O ano de 2015 foi um dos mais desafiadores para o setor, que ficou espremido entre os aumentos de matérias-primas e um cenário econômico de retração. Como resultado, não foi possível repassar os aumentos para o produto final e as empresas perderam margem de lucro e capacidade de realizar investimentos”, observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB), Getúlio Ursulino Netto.
No mercado externo a situação é menos critica. “Mas a exportação não pode ser vista como salvadora da pátria. O aumento de custo de nossos produtos, decorrente da elevação dos preços das matérias-primas, bem como a valorização do dólar a nível mundial, acabou absorvendo quase toda a vantagem que tivemos com a valorização cambial aqui no Brasil”, ressalva Romualdo Silva, vice-presidente de Exportação da ABICAB.
“Todas as matérias-primas de balas subiram, mas as que causaram maior impacto foram o açúcar e a glucose”, aponta José Eduardo Zillo, da auditoria interna da Dori. Os dois insumos tiveram uma oferta reduzida e, portanto, preços mais altos. “Devido à safra mais alcooleira, que remunerou melhor do que o açúcar, e o excesso de chuvas, que contribuiu para interrupções nas moagens da cana, houve aumento do volume de exportação em função do câmbio valorizado. Já a glucose foi afetada por produtores da cultura do milho que migraram para a soja (com maior remuneração) e seu preço disparou no mercado interno”, acrescenta Zillo.
De acordo com Fabricio Chemin, gerente de compras da Docile, a escalada de preços das matérias-primas começou há cinco anos, gradualmente, acompanhando a inflação. “Mas em 2015 a subida de preço foi muito acentuada em virtude do câmbio valorizado. O problema é que nem no mercado externo isso nos beneficiou porque muitos clientes estão pedindo descontos em dólar para fechar negócios.” Para Chemim, a previsão é que haja mais aumentos dos insumos em 2016 e apenas em 2017 o cenário comece a estabilizar.
O gerente geral da Balas Santa Rita, Paulymar Rezende, também projeta para meados de 2017 uma estabilização do preço das matérias-primas. “Até a indústria se adaptar à nova realidade e se recompor dos efeitos desse aumento demora, principalmente porque o mercado consumidor não tem condições de absorver repasses nesse momento.”
Para o diretor-presidente da Embaré, Hamilton Antunes, o aumento tem afetado o mercado externo. “Diversos clientes julgam que, com a desvalorização do real frente ao dólar, haveria espaço para a redução nas tabelas praticadas no exterior, mas o problema é que desconhecem o peso da inflação nos insumos que compõem o custo dos produtos industrializados no Brasil”. Além das matérias-primas, as embalagens têm sofrido reajustes consideráveis, em virtude da alta no preço da resina, que é influenciado pela moeda norte-americana.
Uma análise da ABICAB, com base nos dados da Euromonitor, mostra que o volume de vendas de confeitos de açúcar e gomas de mascar no Brasil, em 2015, atingiu 353,6 mil toneladas. O mercado brasileiro só perdeu para China (1.507 mil toneladas), Estados Unidos (1.084,6 mil toneladas), Alemanha (419,1 mil toneladas) e Rússia (373,8 mil toneladas).
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