A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) se manteve praticamente estável no mês de abril. O indicador atingiu 79,4 pontos, contra os 79,0 observados em março. Apesar de permanecer abaixo do nível de satisfação (100 pontos), o índice, apurado pela Fecomércio MG, com base em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta um crescimento da confiança dos belo-horizontinos no cenário econômico do país e uma pretensão às compras no futuro, especialmente com o endividamento e a inadimplência sob controle.
Conforme o estudo, quatro dos sete indicadores que compõem o ICF apresentaram ligeira retração na passagem de março para abril (perspectiva profissional, renda atual, acesso ao crédito e nível de consumo). No entanto, a analista de pesquisa da Federação, Elisa Castro, destaca que as altas registradas na perspectiva de consumo, que passou de 65,3 para 69,7, no emprego atual (100,8 para 101,3) e no momento para duráveis (57,7 para 60,1 pontos) se refletiram no resultado geral do ICF. “Os números indicam que existe cautela do consumidor, que está privilegiando as compras pontuais com pagamento à vista. Ele continua inseguro para assumir compromissos financeiros no médio e longo prazo. Mas existe um cenário positivo para o futuro”, argumenta.
Outro levantamento da Fecomércio MG, também compilado da CNC, reforça a avaliação da analista. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de devedores em Belo Horizonte apresentou o décimo recuo consecutivo. O indicador, que retrata o comprometimento da renda com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito e de lojas e cheques pré-datados, chegou a 16,1% em abril. Em março, estava em 18,4%. No mesmo mês do ano passado, o percentual era de 39,4%. “As famílias estão restringindo o consumo para não comprometer a renda. A inflação está controlada, e há uma injeção de recursos no mercado, com a liberação do saque das contas inativas do FGTS. Porém, ainda não houve uma retomada do poder de compra, com aumento da renda e dos índices de emprego”, completa Elisa.
As dívidas continuam concentradas no cartão de crédito. Em abril, 92,1% dos entrevistados se comprometeram com essa modalidade, seguida por cheque especial (8,9%), financiamento de casa (5,8%) e financiamento de carro (5,1%). Dos endividados, 39,7% não conseguiram honrar seus compromissos e estão com os pagamentos atrasados, em média, há 56 dias. A inadimplência, que avalia o percentual da população que não terá condições de quitar as dívidas contraídas, registrou uma ligeira queda: de 2,7%, em março, para 2,1%.