Manter-se vivo no mercado em meio a tanta competitividade não é apenas uma questão de capital financeiro, mas também de estratégia. Conhecer o cliente e seu público-alvo, saber suas preferências e seus padrões é fundamental para prosperar nos negócios. Cada empresa possui sua própria maneira de analisar seu consumidor, mas a mais conhecida de todas elas, sem dúvida, é o big data.
O big data é a interpretação e análise da grande quantidade de dados estruturados e não estruturados que existem sobre uma determinada empresa. Dados estruturados são os que podem ser organizados em linhas e colunas e, geralmente, são encontrados em banco de dados relacionais; dados não estruturados são arquivos, fotos, vídeos, etc., que não podem ser modelados para uma versão em tabela, por exemplo (como os dados estruturados). Na prática, o big data é a coleta e o armazenamento de grandes quantidades de informação para análise.
A partir do processamento de dados e com as informações necessárias em mãos, o mercado de franquias tem se aliado à tecnologia para desenvolver estratégias capazes de reverter em bons negócios. “A análise de dados enriquece a experiência de uso do franqueado, ajudando-o a tomar decisões de forma mais inteligente o que, consequentemente, trará lucro”, explica Marcelo Salomão, diretor executivo da Gigatron Franchising, rede desenvolvedora de softwares para empresas que atuam no varejo. “Por termos milhares de clientes ativos espalhados por todos os estados do Brasil, temos acesso a milhões de dados. Neste ano, começamos a trabalhar com essas informações utilizando recursos de inteligência artificial para minerar esses dados e trazer ao cliente informações estratégicas que podem ser úteis no seu dia a dia”, acrescenta.
Inúmeras possibilidades
Nos anos 2000, o recurso foi categorizado em três Vs: volume, velocidade e variedade. Como o próprio nome já diz, o volume é o montante desses dados que podem incluir transações financeiras, mídias sociais, informações transmitidas de máquina para máquina, entre outros. Esses dados são transmitidos numa velocidade sem precedentes, como é de praxe na era da informação, portanto, sua análise deve ser feita em tempo hábil – a tecnologia se encarrega disso, desenvolvendo técnicas capazes de “ler” as informações praticamente em tempo real. Já a variedade diz respeito à maneira como esses dados aparecem: de estruturados a não estruturados.
Ao longo do tempo, duas novas categorias foram incorporadas ao big data: veracidade e valor. Ter disponível uma imensa quantidade de dados de nada vale se você não souber se essas informações são, de fato, verdadeiras, e qual sua importância para o contexto de sua empresa. Por isso, antes de analisar todos os dados que surgem, é necessário determinar quais são relevantes antes de analisá-los (do contrário, todo o tempo e esforço empregado para estudar o big data será à toa).
Dados da consultoria EMC indicam que o volume mundial de dados deva atingir 40.000 exabytes ou 40 milhões de gigabytes em 2020. A quantidade é tamanha que, atualmente, o volume de dados gerados por dia no mundo é mais do que a humanidade produziu desde sua existência até o ano de 2003.
Henrique Mol, presidente da holding Encontre Sua Franquia, detentora das marcas Acquazero, Encontre Sua Viagem, Fórmula Pizzaria, Quisto – Corretora de Seguros e SUAV, também utiliza o recurso e reconhece os benefícios dessa tecnologia: “Com o big data absorvemos informações sobre as operações com base nos clientes, desempenhos financeiros, geomarketing, entre outros. E quanto maior o número de informações, melhor conseguimos analisar a performance das operações, propor ações, melhorias, mudanças, sempre com objetivo de conseguirmos, em nossos pontos de venda, melhores resultados”, explica o executivo.
Tipos de dados
Basicamente, são três os tipos de dados gerados com o levantamento do big data: social data, enterprise data e personal data ou data of things.
O primeiro tipo é obtido por meio das próprias pessoas, por exemplo, o que elas pesquisam no Google, quais páginas seguem nas redes sociais. Aqui é possível definir um padrão de consumo e descobrir se esse perfil é adequado ou não para sua marca.
No segundo tipo, enterprise data, temos os dados que são gerados pelas empresas a todo momento (dados financeiros, recursos humanos, operações). Esses dados são muito importantes para medir a produtividade das equipes e descobrir pontos fracos.
Por último, personal data ou data of things são informações geradas por celulares, geladeiras, TV’s, carros e outros dispositivos conectados à internet que “conversam” entre si – conhecida como internet das coisas ou IoT (internet of things), esse recurso ainda é novidade no Brasil, mas será a grande tendência para os próximos anos.
Benefícios
A grande questão do big data não está na quantidade de informações que sua empresa possui, mas sim no que sua empresa pretende fazer com essas informações, ou seja, como aplicá-las. A partir da análise dos dados obtidos é possível ter um conhecimento minucioso do mercado, reduzir custos, tomar decisões precisas e inteligentes, economizar tempo, entre outras vantagens.
No franchising, conhecer o mercado é fundamental. Com o big data, é possível determinar qual região consume mais e que tipo de serviço preferem, por exemplo. Além disso, com o recurso as franquias podem ter um estoque sob medida: ao saber qual a preferência do cliente por seus produtos é possível comprar apenas o que será oferecido com base nos padrões analisados, o que, consequentemente, gera economia e evita o desperdício.
Marcelo Salomão acredita que o recurso é uma oportunidade para o mercado de franquias, em alta no Brasil, “pois permite mapear padrões de consumo e, com isso, aprimorar e produzir novos serviços, além de corrigir erros e evitá-los”. Para Henrique Mol, “As informações que encontramos a partir do big data são cruciais para melhorar, cada vez mais, nosso atendimento. O recurso é um processo que envolve as empresas como um todo, desde o investidor até o cliente final”, finaliza o executivo.