Se pararmos para pensar, em todos os bons momentos a comida esteve presente, tornando aquele instante ainda mais especial. Quem nunca se lembrou com saudade de comer aquele bolo feito pela avó? Ou nunca associou um pavê à festa de Natal? Isso acontece porque, quando bebê, fomos alimentados pelo seio da mãe e aprendemos a construir o amor deste jeito: ligando a comida ao afeto.
Mas não é apenas a comida preparada em casa que pode trazer conforto. Em tempos de isolamento, a relação com a comida também evoluiu e as pessoas passaram a contar com o serviço de delivery para preencher vazios. “Pessoas pouco familiarizadas com as panelas precisaram recorrer aos pedidos dos seus lugares favoritos, o que também traz uma sensação de paz e carinho em tempos tão difíceis”, afirma Amauri Sales, fundador da da Home Sushi Home, franquia de delivery especializada em comida japonesa.
Esta nova realidade transformou a forma de entregar a comida, trazendo propostas mais arrojadas e inventivas de delivery e, principalmente, apostando em melhorias do relacionamento com os clientes. “Entrar na casa deles hoje tem um sentido mais pessoal e afetivo. Foi preciso melhorar a comunicação para mostrar que merecemos estar ali e que nossa comida vai propiciar mais do que uma simples refeição, mas sim uma experiência”, revela ele.
Segundo a pesquisa realizada pela Liga da Pesquisa e Estúdio DDM, batizada de “Você tem fome de quê?”, ao longo da pandemia os downloads de aplicativos de delivery cresceram significativamente nas grandes cidades, mostrando que foram usados como fontes de conveniência. Só em São Paulo, os downloads cresceram 700% entre abril e fevereiro de 2020. “Isso mostra que o brasileiro está se rendendo à comodidade e certamente este comportamento renderá lembranças afetivas no futuro”, reflete o executivo.
A pesquisa indicou ainda impactos da crise sanitária para os restaurantes, indicando três novos caminhos para o setor. O primeiro deles são as dark kitchens (empresas de serviços de alimentação que atendem exclusivamente por entrega), grab and go (sistema de de refeições prontas e embaladas para que o cliente possa simplesmente pegar, pagar e sair) e novas configurações de salão, com maior uso de descartáveis, anteparos de acrílico para separação e o fim, talvez provisório, do sistema de buffet.
“Enxergamos com otimismo este novo momento. As empresas estão colocando cada vez mais energia nas entregas para trazer experiências enriquecedoras e capazes de costurar boas memórias para os consumidores, apesar das dificuldades. No futuro, lembraremos que a comida foi um dos alentos mesmo nos períodos mais difíceis da crise”, conclui ele.