Em meio à pandemia do Covid-19 todos os negócios, dos mais diferentes segmentos, tiveram que se reinventar para se manterem em pé durante esse período turbulento. As que não se adaptaram a esse novo cenário, infelizmente, acabaram fechando as portas. Entre um dos segmentos que mais tiveram impactos logo de início foi o de educação. Com os alunos afastados das salas de aulas muitas redes tiveram que criar, de forma rápida, estratégias que possibilitassem manter esses alunos ativos.
Pesquisa inédita sobre redes de serviços educacionais divulgada recentemente pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) revela que no primeiro trimestre deste ano esse segmento apresentou um faturamento na ordem de R$ 2,69 bilhões, com mais de 15 mil unidades em operação. O estudo feito por amostragem envolveu 42 marcas de serviços educacionais associadas, que correspondem a 44,2% das marcas associadas a ABF somente nesse segmento.
Para alcançar esse resultado satisfatório em meio à crise provocada pela pandemia, as redes tiveram que suar a camisa e criar ações estratégicas. O levantamento da ABF indicou que a maioria das redes optou pelo Desenvolvimento de Novas Tecnologias/ Inovação, como a entrega de serviços on-line, que corresponde a 93,9% dos entrevistados na pesquisa; adoção de promoções (90,9%), e o trabalho de e-commerce/ vendas on-line que foi a estratégica praticada por 75% dessas franquias.
“Esse novo estudo da ABF mostra que as redes de Educação, de fato, fizeram a lição de casa, investiram ainda mais na inovação, na digitalização e no e-commerce, um movimento que já ocorria antes e que se intensificou com a pandemia. Além disso, elas se adaptaram rapidamente a essa nova realidade, ganharam eficiência, estão enfrentando os desafios e atendendo as novas demandas do consumidor, oferecendo seus serviços pelos diferentes meios, seja virtual, presencial, remotamente ou híbrido”, declara Sylvia Barros, coordenadora da Comissão de Educação da ABF.
Experiência que deu certo
No mercado de franchising desde 2012, a franquia Via Certa Educação Profissional – rede especializada em ensino profissionalizante – nas primeiras semanas em que o país teve que fechar suas portas e manter o distanciamento social ocasionado por um vírus, ainda desconhecido, criou novas formas de levar ensino aos alunos.
“Assim que a pandemia começou fizemos diversas adaptações na rede para continuar atendendo nossos alunos com eficiência. Transformamos nossos cursos presenciais em on-line e rapidamente vimos o engajamento de todos para se profissionalizar. Alunos antigos se empenhando e muito novos ingressando. Tivemos aumento em 50% na demanda em todas as unidades”, conta André Marchi Oliveira, diretor de operações da Via Certa.
É claro que as aulas não presenciais já existem há décadas, porém a pandemia acelerou esse processo de informatização do ensino, inclusive os de ensino profissionalizante que aderiram ao mobile, e desmistificou o fato de que é possível estudar remotamente mantendo a mesma qualidade no ensino que tinham nas aulas presenciais.
Oliveira relembra que foram cinco meses de muito estudo em busca de encontrar a melhor saída para os seus franqueados e alunos até chegar ao Sistema Flex, onde o aluno pode optar em fazer as aulas da plataforma 100% em casa ou onde estiver, bem como também na própria unidade Via Certa, ou até mesmo, uma parte on-line e outra parte na escola, tudo a livre escolha desse aluno.
O resultado foi tão positivo que o número de matriculados cresceu em poucos meses. Até porque, a corrida em busca da profissionalização estava acirrada, com mais pessoas fora do mercado de trabalho, a contratação de novos trabalhadores continua rígida e em busca da melhor qualificação de mão de obra.
“Mesmo nos primeiros meses trabalhando de forma 100% on-line e depois adotando o Sistema Flex a franquia não perdeu o suporte diário aos alunos através da equipe pedagógica com controle de presenças, avaliações, atividades práticas, enfim… tudo que o curso exige para uma boa formação do estudante”, afirma o diretor comercial.
Ainda segundo o estudo da ABF, a adoção de metodologia de ensino híbrida (presencial e remota) mostrou que 66,7% das franquias pesquisadas adotaram essa metodologia nesse período pandêmico. A plataforma mais amplamente utilizada foi o Zoom (66,7%), dado a seus recursos úteis para aulas, como formação de grupos e a realização de anotações na tela.
Criando um novo meio de atendimento
Todo suporte de atendimento ao aluno sofreu alterações em todas as unidades da Via Certa, desde a matrícula ao suporte do professor.
Oliveira conta que a matrícula do aluno hoje é feita através do canal de televendas da rede. A assinatura do contrato é feito de forma digital via e-mail ou whatsapp. Logo na primeira aula do aluno é feito uma videochamada por whatsapp para que o professor faça toda a explicação da plataforma para esse novo estudante. O material didático também teve mudanças, passou de apostilas físicas para apostilas digitais, desta forma o aluno consegue visualizar na tela da plataforma todo o material didático.
A rede adotou também novas formas de pagamento, para gerar comodidade ao cliente sem necessidade dele ir até a escola, como link de pagamentos e o PIX.
Estratégia digital
Oliveira revela ainda que durante esse período a rede mudou sua forma de trabalhar com o marketing passando para 100% digital.
“Antes da pandemia fazíamos muita panfletagem, outdoor, etc. Quando começou a pandemia, nós dobramos a verba de divulgações em redes sociais, e todas as nossas campanhas hoje são voltadas para 100% digital”, diz o diretor.
Microfranquia educacional
Para continuar atraindo investidores para o negócio e expandir a marca para novas áreas mesmo durante a pandemia, a franquia Via Certa adaptou seu modelo de negócio.
A rede lançou no início deste ano o modelo de microfranquia voltado para cidades pequenas. Esse novo formato funciona exclusivamente on-line, sem a necessidade de espaço físico. Para isso, o aluno participa das aulas diretamente da própria casa, de forma remota.
Esse modelo solicita investimento inicial de R$15 mil (sendo R$10 mil de taxa de franquia). Cidades até 15 mil habitantes o franqueado terá exclusividade de atuação, a partir disso é possível conduzir o negócio, porém sem a exclusividade. O franqueado recebe 30% do faturamento, com estimativa do retorno do investimento entre 6 e 12 meses.
Oliveira explica que nesse modelo mais enxuto o curso é ministrado pela própria equipe de professores da franqueadora. A única responsabilidade do franqueado é fazer a divulgação dos cursos; fechar matrículas e ter a retenção dos alunos.
Desde que o novo modelo entrou em operação já foram comercializadas 14 unidades. Além do modelo de microfranquia, a marca já oferece oportunidade de investir em três formatos de loja física, que variam conforme o número da população, a partir de R$134 mil. Ao todo a Via Certa conta com 47 unidades espalhadas pelos 7 estados brasileiros.
“Mesmo ainda enfrentando uma dura pandemia tivemos salto positivo nos últimos meses. Desde que a pandemia começou, há pouco mais de um ano, comercializamos ao todo 14 negócios. O setor educacional foi um dos primeiros a sentir o reflexo da queda da economia, porém conseguimos reverter a tempo esse quadro, já que é um dos segmentos que mais cresceram durante esse período e que continuará em alta nos próximos anos, que é o de cursos profissionalizantes”, conclui André Marchi Oliveira, diretor de operações da Via Certa.