O brasileiro adora pão de queijo. E já existem pesquisas que comprovam essa afirmação: um estudo realizado pela gigante de alimentos BRF mostrou que o período do dia preferido pela população para o consumo da iguaria é o café da manhã, seguido da hora do almoço, do jantar e do lanche da tarde. O mesmo estudo apontou que os consumidores gostam de rechear seus pães de queijo, tanto com opções salgadas, como o requeijão, quanto com doces, como o doce de leite.
Outra pesquisa, realizada pela ECD, consultoria especializada em food service, apontou que o estado de São Paulo é o campeão de consumo de pão de queijo no Brasil: são mais de 10 mil toneladas por mês. Em segundo lugar, aparece o Rio de Janeiro, com 5.920 toneladas, seguido do Rio Grande do Sul, com 4.854 toneladas e Minas Gerais, com 4.364 toneladas anuais.
E você sabia que, no Rio, tem ‘pão de queijaria’?
E não é que, no Rio de Janeiro, nasceu uma rede de ‘pão de queijaria’? A empresária Andreia Freitas abriu, em maio de 2021, a primeira Bomdiqueijo – um quiosque especializado em pães de queijo super recheados – na estação de metrô Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. “A Bomdiqueijo nasceu para oferecer o melhor pão de queijo recheado do Brasil. E estamos nos saindo muito bem nesse propósito: de lá para cá, formamos uma rede de sete lojas”, orgulha-se a empreendedora.
O diferencial da Bomdiqueijo é que a loja traz pães de queijo super recheados, tanto salgados quanto doces, que podem ser consumidos a qualquer momento, como um lanche ou refeição. Completam o cardápio salgados e bebidas, numa operação bastante simples dentro do food service. “Conseguimos manter o movimento das lojas durante todo o dia, porque nossos pães de queijo recheados não são apenas deliciosos, eles alimentam”, garante.
E esse é um negócio de gente grande: a Bomdiqueijo faturou R$ 5 milhões em 2024. A meta da empresa é a de aumentar esse número em 15% em 2025, abrindo mais três lojas até o final do ano. Mas os planos para 2026 são ambiciosos: a rede quer, ao menos, triplicar de tamanho. “E, em dois anos, pretendemos ter 15 lojas em São Paulo e Grande São Paulo; mais dez no estado do Rio e mais dez em Belo Horizonte e Grande BH”, prevê Andreia.
A história de Andreia Freitas
A história de Andréia Freitas é intensa e espelha a realidade de muitas mulheres brasileiras: a do empreendedorismo por necessidade. Em 2016, Andreia estava empregada como Relações Públicas em uma empresa no Rio de Janeiro (RJ). Mas a sobrecarga de trabalho, aliada aos cuidados com o pai doente e a uma separação conjugal, a levou a um quadro de burnout. “Eu gostava do meu trabalho, mas havia muito estresse ao meu redor. Então, me demiti para assumir a cantina de meu pai, no cemitério São João Batista. Era um negócio de família, uma concessão municipal de mais de 20 anos que sustentou nossa família, mas que estava praticamente abandonada pelas condições de doença do meu pai”, lembra.
Com um plano de negócios bem-estruturado, Andreia transformou a cantina numa cafeteria. E, nela, começou a ofertar pães de queijo recheados. “As pessoas elogiavam muito os pães de queijo, mas não me dei conta, naquele momento, de que ali estava o meu maior empreendimento”, lembra.
Uma mudança na administração do cemitério fez com que Andreia precisasse entrar na Justiça para continuar operando ali, já que a empresa administradora cancelou seu contrato unilateralmente. “Eu consegui continuar trabalhando, mas novamente sob estresse e muita pressão para que eu desistisse do ponto. E, então, veio a pandemia e mudou toda a rotina dos cemitérios brasileiros, o que fez com que a cafeteria perdesse seu faturamento”, conta.
Assim, na pandemia, Andreia se viu divorciada, sem trabalho CLT, sem renda proveniente da cafeteria, com o pai doente e dois filhos para sustentar. “Até a compra do apartamento que eu tinha feito, com meu FGTS, não foi aprovada e eu precisei morar de aluguel. Eu fiquei desesperada!”.
Com a cafeteria do cemitério dando prejuízo, Andreia decidiu vender pasteis dentro do seu condomínio. “Emprestei R$ 400 do pedreiro que fez minha obra na cafeteria e comprei os ingredientes. Fiz um folheto, distribuí nos nove blocos de apartamentos de onde morava e, todas as noites, faturava entre R$ 200 e R$ 300 com as vendas de pasteis. Mas, para sustentar minha família, precisei, ainda, do auxílio emergencial do Governo Federal, que consegui para meus dois filhos. Foi o momento financeiro mais difícil da minha vida, mas eu não desisti”.
Indo para o cemitério de metrô, Andreia percebia os quiosques das estações que vendiam alimentos ainda com certa clientela. Então, começou a pensar em como seria ter um negócio numa das estações. E foi um cliente da cafeteria que a alertou para o potencial do seu melhor produto, o pão de queijo recheado. “Esse homem me falou que ia ao cemitério para comer o meu pão de queijo recheado, mas que aquele local não era o ideal para esse consumo, afinal, ele não poderia ir até ali apenas para isso. Eu pedia a Deus, todos os dias, um encaminhamento, e Ele me deu: eu abriria uma loja especializada em pães de queijo recheados, uma pão de queijaria”.
Mas Andreia não tinha o valor do investimento. “A única coisa que me sobrara era um carro, que eu encostei, na pandemia, porque não tinha dinheiro para abastecer. Vendi o veículo por cerca de R$ 50 mil. Mas ainda precisava de mais uns R$ 100 mil para abrir um quiosque no metrô. Lembra do meu FGTS, com o qual dei entrada no apartamento? Eu havia entrado na Justiça, anos atrás, para reaver o dinheiro da entrada e, finalmente, ele me foi devolvido, uns R$ 45 mil. Juntei tudo, fiz um projeto e o metrô o aprovou”.
Sem ter o valor completo para abrir o quiosque, Andreia começou a procurar quem lhe vendesse os equipamentos de segunda mão para a montagem de seu primeiro quiosque. “Encontrei tudo o que precisava porque muita gente, infelizmente, faliu na pandemia. E, assim, montei o primeiro quiosque, na estação de metrô Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. Eu trabalhava sozinha, sem ajuda ou funcionários, porque não tinha como pagar ninguém. Fiz isso por um ano”, recorda.
Ela sabia que aquele quiosque não sustentaria sua família, já que o movimento, na pandemia, ainda não era suficiente. “Então, surgiu a oportunidade de abrir mais um quiosque, no Terminal Gentileza. Atrasei o pagamento do aluguel, de fornecedores, juntei o dinheiro e abri o segundo. Daí pra frente, comecei a prosperar – mas sem mudar o meu estilo de vida, porque apenas paramos de passar necessidade, a despensa de casa não era mais vazia”.
Andreia Freitas acreditava tanto no potencial da Bomdiqueijo que seu único grande investimento, desde o começo, foi feito no projeto arquitetônico e na identidade visual da marca. “Eu tinha certeza de que, um dia, eu tornaria a marca uma franquia. Por isso, ela já nasceu com sua própria identidade, o que fez com que as pessoas, desde o começo, perguntassem sobre como investir nela”.
E assim aconteceu: dois anos depois da primeira loja inaugurada, veio a terceira própria e, concomitantemente, a primeira franquia, no shopping Metropolitano. “A empresa começou a se estruturar, contratei pessoas para o suporte, aos poucos, e novas franquias vieram. Com os ajustes necessários, fomos abrindo mais franquias e, atualmente, somos oito unidades, todas no Rio de Janeiro. Agora, estamos prontos para nos expandir, começando pelo interior do Rio, São Paulo e Minas Gerais”, prevê a franqueadora.
Andreia acompanha de perto as operações, sempre preocupada com a performance de cada uma delas. “Eu passei por tudo o que os franqueados passam, que os atendentes passam, com a diferença que eu mesma apurei a operação, eliminei as etapas que deram errado. E, agora, consigo prever as crises e aproveitar os bons momentos. O diferencial de uma franquia operada pela franqueadora, no dia a dia, é que sentimos as mesmas dores do franqueado, o que nos faz unidos em prol de um objetivo comum. E o nosso é o crescimento sustentável, com uma relação harmônica e baseada na transparência”, finaliza a empresária.






