Franchising em 2025: como foi a performance do setor?

Especialista aborda o tema e traz o que mais marcou o universo das franquias neste ano, com dados atualizados

O franchising segue em expansão ano a ano como um dos setores que mais cresceram dentro da economia brasileira. E, em 2025, não foi diferente. Segundo dados divulgados em outubro pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o mercado faturou R$ 287 bilhões em comparação ao mesmo período no ano passado, um aumento de 14,4% dos valores anteriores.

Os últimos dados divulgados pela entidade referem-se ao segundo trimestre do ano, quando o segmento registrou mais de 200 mil operações durante o período, o que possibilitou a geração de 1,7 milhões de empregos diretos e 6 milhões indiretos. E, ainda com o foco no recorte temporal, o setor faturou quase R$ 70 bilhões, um crescimento de 14,2% com relação ao segundo trimestre de 2024.

Erlon Labatut, especialista em varejo e consultor de franquias, avalia os números e ressalta o mercado de franquias como oportunidade para quem quer empreender. “Os dados desse trimestre ressaltam a força das franquias, muito pelo impacto econômico e, ainda, social. Essa evolução não é só um indicador pensado no financeiro, mas sim um reflexo de como esse modelo segue abrindo portas para empreendedores”, afirma.

Ele completa ao dizer que o formato permite que “mais investidores invistam em negócios com menos risco”. Com o olhar para os segmentos, a ABF também detalhou quais foram os que melhor performaram entre abril, maio e junho. O setor de alimentação foi o que mais se destacou, com uma variação de 44% se comparado ao mesmo período no ano anterior.

Junto a ele, os campos de entretenimento e limpeza/conservação também tiveram bons resultados, uma vez que variaram 15,7% e 15,4%, respectivamente. Labatut evidencia os diversos perfis de investidores que se interessam pelas franquias e pelo poder que possuem de explorarem as áreas de maior desejo. Para ele, “os resultados mostram que há oportunidades tanto para quem busca operações mais tradicionais quanto para quem mira nichos específicos”.

Além disso, de acordo com dados da Communit, os multifranqueados (que estão à frente de mais de uma unidade de uma marca) vêm fortalecendo suas atuações. Segundo o estudo, há mais de 61,5 mil franqueados com multiunidades. Para Labatut, o dado mostra que o leque de opções para quem deseja investir em uma franquia se torna ainda maior com a chance de franquear em mais de uma unidade.

“Esse avanço mostra uma mudança clara na maturidade do franchising. Quando um investidor decide operar várias unidades, ele demonstra confiança no modelo e contribui para uma profissionalização ainda maior da rede. Esse movimento amplia a escala, melhora processos e cria novas oportunidades para quem está entrando no mercado, já que a expansão organizada tende a fortalecer toda a cadeia de franquias”, aborda.

Apesar do desempenho sólido, o especialista destaca que não foi só de pontos altos que o franchising brasileiro viveu em 2025. Ele relembra casos polêmicos e que receberam destaque da mídia, como o episódio com a Cacau Show, e que geraram uma imagem negativa desse universo. Erlon ainda relembra a necessidade da troca constante entre franquia, franqueado e consumidor como pilares para bons desempenhos.

“Casos que envolvam grandes empresas sempre terão uma forte repercussão, o que não é diferente para as franquias. Situações como essas mostram que, mesmo em um modelo estruturado como o franchising, possuir transparência e oferecer suporte frequente são fundamentais. É um alerta para que as marcas fortaleçam as relações e, consequentemente, preservem a credibilidade do mercado como um todo”, explica.

Planejamento para 2026

O especialista também analisou quais devem ser os caminhos que as franquias devem tomar no próximo ano. Ele sinaliza a contínua evolução do setor, com ainda mais contribuições para a economia do país. Porém, também atenta para franquias que nascem a partir do apelo, mas momentâneo, do consumidor. Na visão dele, o risco acontece quando “ciclos recentes do franchising brasileiro começam a se repetir”, com franquias que crescem rapidamente e desaparecem com a mesma intensidade.

“A expansão que vemos ano a ano se dá por conta da base sólida que foi construída. Para 2026, essa estrutura será fundamental para contribuir com o crescimento, aliada a redes que têm a proposta de evoluir de maneira saudável. Quando a evolução ocorre de forma desalinhada e sem governança, as marcas tendem a se perder e não acham o caminho de volta, o que impede o próprio progresso e, como consequência, a prosperidade do setor”, conclui.