O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de Belo Horizonte alcançou, em maio, o maior patamar desde junho de 2014. O indicador passou dos 96,1 pontos, em abril, para 98, ficando a apenas dois dígitos do nível de satisfação (100 pontos). No mesmo período do ano passado, ele não havia ultrapassado 66,1. Ancorado na boa avaliação dos empresários em relação ao próprio negócio, o resultado indica que novas alternativas adotadas para o gerenciamento das lojas e atração dos clientes começam a surtir efeito.
A pesquisa, divulgada pela Fecomércio MG, tem como base os dados coletados mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), compilados e analisados para a capital mineira. O objetivo é medir a percepção que os empresários do comércio têm do momento atual e do futuro de seus negócios, apontando a propensão a investir em curto e médio prazo. O Icec é subdividido em outros três indicadores: o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec), o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (Ieec) e o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (Iiec).
O trabalho de campo foi feito nos últimos dez dias do mês de abril, não refletindo, portanto, os recentes episódios da política brasileira. De qualquer forma, segundo o economista da Federação, Guilherme Almeida, a principal explicação para a alta do Icec na passagem de abril para maio não são as perspectivas quanto ao futuro, mas, sim, a evolução dos negócios no presente.
O Icaec fundamenta esse argumento, ao apresentar expansão pelo 11º mês consecutivo, passando de 69,3 pontos para 71,8. O índice se mantém na faixa abaixo do otimismo, mas continua a linha ascendente, iniciada em junho do ano passado. “O principal fator para a melhora desse indicador é a avaliação do próprio empresário. Ele tem conseguido se adaptar, manter um nível de estoques adequado ao cenário atual e encontrar soluções como ações promocionais para atrair o cliente e garantir as vendas”, destaca Almeida. Entre os entrevistados, 45,3% afirmam que houve melhora nas condições atuais da empresa.
O Iiec, que reflete a intenção de investimentos, subiu pela segunda vez consecutiva: fechou maio em 85,9 pontos, bem acima dos 80,7 apurados pela pesquisa anterior. O acréscimo no indicador de contratação de funcionários, um dos últimos a registrar recuperação, contribuiu significativamente para o resultado, com 95,9 pontos. A pesquisa também aponta que quase a metade das lojas (46,5%) pretende ampliar o quadro de funcionários nos próximos meses.
Único índice no campo da satisfação, o Ieec caiu de 138,2 pontos, em abril, para os 136,3, em maio. Para o economista da Fecomércio MG, essa retração reflete, principalmente, as incertezas em relação à aprovação das reformas em análise no Congresso Nacional. “O cenário econômico ficou ainda mais indefinido em função dos últimos acontecimentos políticos. É preciso aguardar os desdobramentos dessa situação para avaliar os seus possíveis impactos”, conclui.