Assim como milhões de brasileiros vivendo no exterior, Júlio César Ignácio também buscou uma melhora de vida fora do Brasil. Tendo sido demitido da empresa para a qual trabalhava, ele viveu por cinco anos com a esposa, Poliana Ignácio, em Barcelona, Espanha, onde trabalhou em obras e, posteriormente, como cuidador de idosos. Com uma rotina de trabalho que beirava as 12 horas diárias, e tirando básico para sobreviver, foi a chegada da crise ao Velho Continente, em meados de 2008, que começou a mudar o rumo da vida do casal. Em 2010, com as dificuldades financeiras aumentando devido à recessão na Europa, eles decidiram retornar ao Brasil. Hoje, nove anos após a volta, ele e a esposa são exemplos de resiliência na Prepara Cursos, rede de ensino profissionalizante mais premiada do Brasil, marca com a qual obtêm um faturamento médio de R$ 70 mil na unidade de Jales, interior de São Paulo. O sucesso vem após eles reverterem a baixa lucratividade da franquia, antes na casa dos R$ 5 mil.
Quando retornaram à cidade natal, São José do Rio Preto, Poliana e Júlio ainda não sabiam com o que iriam trabalhar. Foi após se inscreverem num dos principais programas da rede, o Programa Mais Empregos – voltado a auxiliar pessoas em busca de colocação profissional l-, que a sorte começou a mudar. “Minha esposa recebeu a carta da Prepara Cursos e fez uma visita à unidade de Rio Preto. Lá, acabou contratada como secretária. Começaria aí a nossa conexão com a Prepara”, conta. A rede é uma das marcas MoveEdu, maior plataforma edtech – education technology – do país.
Enquanto a esposa já trabalhava na franquia, Júlio passou um ano e meio em uma empresa de atacado, operando na parte de vendas. “Não estava muito motivado, não via reconhecimento no meu trabalho, por mais que entregasse bons resultados. Já tinha muita vontade de empreender e queria tentar algo mais desafiador“, comenta.
Sorte que começa a mudar
Com Poliana trabalhando para a rede, a aproximação com o mundo empreendedor se tornou mais viável. Assim, após a esposa comentar com o dono da unidade em que trabalhava sobre o marido que queria empreender, ele receberia o convite que o faria dar o primeiro passo naquela que se tornaria a sua especialidade: fazer negócios pouco lucrativos crescerem. E foi durante a visita a uma unidade da marca em Rio Preto que ele teve certeza de que o empreendedorismo era de fato uma paixão sua. “Visitei a franquia e sai de lá pensando: é esse o investimento que precisamos fazer. É com isso que eu quero trabalhar o resto da minha vida”, diz.
À época, em 2012, ele juntou as economias de quando morava fora do país e pediu um empréstimo ao sogro. Com o montante adquirido, comprou a única unidade da rede de Ilha Solteira, no interior de São Paulo, e passou a gerenciar o negócio que, naquele ano, lucrava de R$ 3 mil a R$ 4 mil e contava com 30 alunos. “Dois meses após assumirmos o negócio, conseguimos reerguê-lo: estava com quase 200 alunos e faturando cerca de R$ 20 mil”, conta. Além do crescimento expressivo, a unidade chegou a faturar R$ 33 mil e permitiu a Júlio quitar a dívida com o pai da esposa.
Experiência em reverter negócios pouco lucrativos
Longe de Poliana, que trabalhava em São José do Rio Preto, ele começou a pensar em alternativas dentro do empreendedorismo que facilitassem as quase três horas de viagens semanais que a esposa fazia para encontrá-lo. “Em 2014, fui visitar uma unidade que também acumulava números negativos: a de Jales. Lá, encontrei um cenário semelhante ao de Ilha Solteira, com a franquia tendo pouca lucratividade e em crise pelo baixo número de alunos. Eu já era um apaixonado pelo mundo empresarial e estava confiante de que poderia reerguer este negócio. Deu certo”, comemora.
Dessa vez não precisou recorrer ao sogro: desde a época na unidade de Ilha Solteira, Júlio economiza em tudo que era possível. Prova disso é que preferia dormir dentro da própria unidade a comprar uma casa ou pagar aluguel: “Levava colchão, travesseiro, roupa e ficava hospedado lá, fosse dentro da recepção ou em uma das salas. De manhã, acordava bem cedo e preparava o local para as aulas do dia”.
Com o dinheiro advindo da primeira unidade e da economia feita, ele assumiu a franquia de Jales no mesmo ano da visita, em 2014. Em 2016, repassou a unidade de Ilha Solteira e, com a esposa, focou em tornar a nova franquia lucrativa. Hoje, após cinco anos de operação, a unidade que oscilava com menos de 30 alunos e lucro inferior a R$ 5 mil, tem média de 420 alunos ativos, faturando R$ 70 mil ao mês.
Atualmente, a franquia da Prepara Cursos está entre as que melhor operam pela rede no interior de São Paulo. A recuperação foi tão expressiva que o casal já planeja expandir seus negócios. “Ano que vem vamos inaugurar uma unidade em Fernandópolis, no noroeste de São Paulo, que compramos nova em folha e pronta para dar início às operações na cidade”, conta. “Hoje, ao olhar para trás, tenho uma certeza: a experiência que adquiri lidando com pessoas, tanto fora quanto dentro do país, aliada aos momentos de dificuldades pelos quais passei, me tornaram uma pessoa resiliente e que não abaixa a cabeça fácil. Acho que por isso tenho tanto prazer em pegar cases que são desafiadores: porque acredito no meu potencial para revertê-los”, diz.