Em meio ao agravamento da pandemia de covid-19 e das consequentes incertezas econômicas, o otimismo dos empresários paulistas sofreu uma queda contundente. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) caiu 9% em abril, atingindo 89,6 pontos – menor patamar desde setembro do ano passado –, enquanto o Índice de Expansão do Comércio (IEC), que mede a propensão do empresariado a investir, registrou queda de 7,6%, saindo de 91,6 pontos, em março, para 84,6 agora, também o menor nível em sete meses.
As quedas são ainda mais expressivas na comparação com abril de 2020, quando o País tinha acabado de entrar na pandemia: no caso do ICEC, o patamar atual é 24,5% menor do que naquele mês, quando estava nos 118,7 pontos, enquanto o IEC encolheu 21% (marcava 107 pontos à época).
Para a Federação, os números refletem um momento crítico em que as empresas estão refazendo os planos para o longo do ano.
Os três indicadores que compõem o ICEC sofreram forte queda em abril: o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), que pergunta ao empresariado sobre a situação momentânea em relação à economia, saiu dos 67,9 pontos para os 60,9 agora – retração de 10,3%. Na comparação com abril de 2020, o número é de -39,6%.
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), por sua vez, caiu 10,6%, pulando dos 140,2 pontos em março para 125,4 agora – o menor desempenho desde setembro passado. A pesquisa ainda mostra que os empresários estão cautelosos quanto aos investimentos: depois de cair 4% em fevereiro, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), que questiona os entrevistados sobre o quanto eles estão dispostos a investir nos negócios, retraiu 5,4% agora, fechando abril com 82,5 pontos. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a diminuição é da ordem dos 18,2%.
Para a FecomercioSP, trata-se de outro sinal inequívoco de que as empresas estão evitando investir no cenário atual. De fato, períodos incertos exigem que estímulos à solidez dos negócios, seja por meio da administração mais próxima do fluxo de caixa ou de um debruçamento sobre o desempenho econômico.
Investimentos e empregos paralisam
A queda expressiva do Índice de Expansão do Comércio (IEC) foi puxada pelas retrações das duas variáveis que o compõem: a de Expectativas para Contratação de Funcionários (ECF), diretamente relacionada com a empregabilidade das empresas, caiu 8% – de 115,5 para 106,2 pontos agora. O Nível de Investimento (NIE) dos negócios, por sua vez, retrocedeu 7%: de 67,7 pontos, em março, para 63, em abril.
Na comparação com abril de 2020, esta variável registra uma queda significativa de 32,3% agora.
No entendimento da Federação, os resultados negativos apresentam um contexto de deterioração das expectativas dos empresários e dos consumidores, em que qualquer investimento esbarra na imprevisibilidade da situação do País.
O Índice de Estoques (IE) também teve a primeira queda em 2021: -2,1%, passando de 102,9 pontos, em março, para 100,7, em abril. Estes dados mostram que há mais inadequação dos estoques, segundo os próprios empresários.
Notas metodológicas
ICEC
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.